Relatório avalia o
que mudou na transparência na gestão da água em São Paulo
Estudo
analisou informações divulgadas pelos órgãos responsáveis pela gestão do
Sistema Cantareira durante 2016, e comparou com dados de 2014.
A
ARTIGO 19 lançou em 28/06/16 o relatório “Sistema Cantareira e a Crise da Água
em São Paulo: falta de transparência, um problema que persiste”, que analisa as
informações divulgadas pelos órgãos responsáveis pela gestão do Sistema
Cantareira entre 2014 e 2015. Trata-se da segunda versão do estudo – a primeira foi lançada em 2014, no auge da crise hídrica.
Em
2014 e 2015, centenas de milhares de pessoas em São Paulo conviveram com cortes
diários no abastecimento de água. O Sistema Cantareira, responsável por atender
cerca de 50% da população da região metropolitana, quase colapsou. À época, os
órgãos responsáveis pela gestão da crise foram bastante criticados, entre
outras coisas, pela falta de transparência com que gerenciavam as informações.
O
relatório deste ano mostra que, apesar de ter havido alguma melhora em relação
a 2014, a situação ainda é crítica, com o predomínio da lógica do sigilo.
Dos
14 sites de órgãos avaliados no quesito “transparência ativa” (divulgação de
informações de forma espontânea em sites de órgãos públicos), sete foram
classificados abaixo da média de transparência. Entre eles estão os sites da
Sabesp, da Secretaria de Recursos Hídricos, do DAEE e da ARSESP (esses dois
últimos, órgãos reguladores).
Na
análise da “transparência passiva” (respostas dadas após o envio de pedidos de
informação), foram feitos 24 pedidos de informação a 11 órgãos públicos entre
janeiro e fevereiro de 2016. De todos os pedidos enviados, 37% não foram
respondidos. Quanto às respostas recebidas, 73% foram consideradas satisfatórias.
Para
Mariana Tamari, oficial de Acesso à Informação da ARTIGO 19 e uma das
responsáveis pelo relatório, o prognóstico é preocupante. “Verificamos que o
Governo do Estado divulgou informações com o objetivo de minimizar a gravidade
da crise hídrica. Isso, somado à falta de transparência constatada e a
manutenção do modelo de gestão da água, abre espaço para que uma nova crise
hídrica venha a ocorrer em São Paulo no futuro”, afirma.
Tamari
aponta ainda que os pontos em que houve melhora são reflexo direto da pressão
da sociedade e da atuação dos Ministérios Públicos (MP) Estadual e Federal. “O
MP teve uma atuação fundamental para pressionar o Governo do Estado a ser mais
transparente na gestão da crise. Foi o MP que garantiu que a informação correta
sobre o volume d’água no Sistema Cantareira fosse divulgada, após acionar o
Judiciário, e também quem realizou audiências públicas para produzir provas de
que ocorria racionamento, quando o governo dizia o contrário”.
Para a ARTIGO 19, a transparência na administração pública deve ser regra sempre, mas ganha ainda mais importância em momentos de crise social. No caso da crise hídrica, a transparência é fundamental para garantir o acesso à água, um direito humano o qual o Estado tem o dever de proteger. (ecodebate)
Para a ARTIGO 19, a transparência na administração pública deve ser regra sempre, mas ganha ainda mais importância em momentos de crise social. No caso da crise hídrica, a transparência é fundamental para garantir o acesso à água, um direito humano o qual o Estado tem o dever de proteger. (ecodebate)
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