Órgãos são pouco
transparentes na divulgação de dados do Cantareira, diz ONG.
Em relação à divulgação de dados do Cantareira, dos 14 sites avaliados, metade teve resultados insatisfatórios.
Em relação à divulgação de dados do Cantareira, dos 14 sites avaliados, metade teve resultados insatisfatórios.
Relatório
feito pela Organização Não
Governamental (ONG) Artigo 19 mostra que os órgãos ligados à gestão do
Sistema Cantareira apresentam baixa transparência quando o assunto é
fornecimento de dados à população. A pesquisa avaliou a disponibilidade de
informações nos sites desses órgãos, além da qualidade de respostas fornecidas
a perguntas feitas diretamente por e-mail ou telefone.
Dos
14 site avaliados, metade teve resultados insatisfatórios. A Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), principal responsável
pela gestão do Cantareira, obteve baixa transparência por não revelar atas,
reuniões, deliberações e audiências. O estudo indica que a página na web
apresenta informações sobre o nível dos reservatórios, tarifas e sobretaxa, mas
as declarações emitidas pelo órgão não foram facilmente encontradas.
O site do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), além de
também não divulgar suas deliberações, não mostra estudos relativos ao tema da
crise hídrica. O Daee recebeu classificação de baixa transparência. Quando os
dados foram solicitados por telefone e e-mail, o departamento redirecionou para
a Sabesp, que também não enviou resposta.
Embora
não tenha responsabilidade em regular os serviços de saneamento e abastecimento
de água, a prefeitura de São Paulo foi incluída no estudo, ficando com
classificação de baixa transparência. No site da administração municipal, não
foram encontradas informações ou notícias sobre o tema. “Apenas ao utilizar as
caixas de busca é possível acessar notas, notícias e posicionamentos em relação
à situação”, informa o relatório.
Transparência zero
Transparência zero
A Secretaria de Saneamento e
Recursos Hídricos, o Centro de Vigilância Sanitária e o governo estadual obtiveram
os piores desempenhos, com a transparência zero. Na avaliação dos
pesquisadores, o site da secretaria apenas tem links que redirecionam para as páginas da Sabesp e do Daee.
Já a Vigilância Sanitária mostra em seu site um Programa de Controle da
Qualidade da Água de Abastecimento Público (Proágua), mas não indica onde é
possível conferir as informações, como resultados de monitoramentos.
Resultados satisfatórios
Entre
os órgãos que ficaram dentro da média da transparência estão a Agência
Nacional de Águas (ANA), o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e o Sistema Integrado de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Apresentaram alta transparência a Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB), o Comitê de Bacia Hidrográfica Piracicaba, Capivari e Jundiaí e
os Ministérios Públicos Federal
e Estadual.
No
total, a análise da transparência passiva, ou seja, quando respostas são dadas
após o envio de pedidos de informação, apontou que 37% dos pedidos não foram
respondidos. Quanto às respostas recebidas, 73% foram consideradas
satisfatórias.
Conclusões
A
pesquisa Sistema Cantareira e a Crise da Água em São Paulo: Falta de
Transparência, um Problema que Persiste foi feita em 2015, em sua segunda
edição. Em relação à primeira, de 2014, houve uma pequena melhora na
transparência, segundo os pesquisadores, mas a conclusão do estudo é que a
situação ainda é crítica, “com o predomínio da lógica do sigilo”.
Mariana
Tamari, uma das responsáveis pelo relatório, disse que o prognóstico é
preocupante. Para ela, o governo estadual omite dados com objetivo de minimizar
a gravidade da crise hídrica.
Governo estadual
Em
nota, a Sabesp e seus órgãos correlatos, como o Daee, informaram que contam com
diversos canais de comunicação e de divulgação de informação a respeito da
gestão dos recursos hídricos. O Daee acrescentou que publica em seu site, na íntegra, todas as deliberações e resoluções sobre
a situação do Sistema Cantareira, além de disponibilizar documentos e estudos
relativos ao tema.
Segundo
a Sabesp, em seu site, podem ser encontrados boletins diários com os
índices de todos os mananciais gerenciados pela companhia. “Além disso, durante
a crise hídrica a Sabesp contou com constante campanha publicitária para
informar aos consumidores sobre a importância do uso racional da água, assim
como os programas de bônus e ônus amplamente divulgados, que contaram com o
importante apoio da população e foram essenciais para diminuir os efeitos da
estiagem enfrentada pelo estado de São Paulo”, acrescentou.
O
governo estadual argumenta que os órgãos contam com o Sistema de Informações ao
Cidadão. “O do estado de São Paulo [é] considerado o melhor pela pesquisa
Escala Brasil Transparente, realizada pela [então] Controladoria-Geral da União
(CGU), que mede o grau de transparência pública em estados e municípios
brasileiros quanto ao cumprimento às normas da Lei de Acesso à Informação.”
A
prefeitura de São Paulo disse que os reforços de ações referentes aos serviços
de saneamento e abastecimento de água cabem ao governo estadual. O Centro de Vigilância
Sanitária não enviou resposta até a publicação da matéria. (ecodebate)
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