Não
ocorre tornar ideológicas as discussões, pois isto não contribui em nada para a
formulação de soluções satisfatórias, mas algumas realidades se evidenciam,
exigindo novas posturas e atitudes.
Se
cada indivíduo ou cada cidadão da Índia ou da China alcançar o mesmo padrão de
uso dos recursos naturais que um indivíduo ou cidadão norte-americano, então
seria necessário ampliar a exploração de recursos naturais em mais de 20 vezes.
E
obviamente o planeta não suportaria. Nada contra o “american way of life” que
viabiliza uma indiscutível qualidade de vida para seus habitantes. Mas se há
intenção séria de enfocar sustentabilidade, não há como tangenciar estas
constatações.
Em
momento algum ocorre confrontar o que se considera o apogeu do mundo
civilizado, mas existem contradições notórias entre a sustentabilidade e este
padrão de consumo.
A
autopoiese sistêmica dominante necessita ser alterada. Pois hoje só o
consumismo garante a manutenção dos círculos virtuosos da sociedade.
Ampliação
de consumo gera maiores tributos, logo maior capacidade de intervenção estatal,
maior lucratividade organizacional e manutenção das taxas de geração de
ocupação e renda.
Mas
o consumismo precisa ser substituído pela idéia de satisfazer as necessidades
dentro de necessidades reais e de ciclos, e não de apelos publicitários
fantasiosos. Ninguém que acabar com a publicidade, que movimenta a atual
máquina da sociedade.
Nada
é contra a livre-iniciativa. Que sem dúvida sempre foi, e parece que sempre
será o sistema que melhor recepciona a liberdade, a democracia e a imprensa
dita livre em certos parâmetros.
Já
houve notáveis hecatombes ambientais patrocinadas pela falta de imprensa livre
e liberdade em regimes socialistas.
Se
confeccionam cenários distorcidos, de articular mudanças ideológicas como se
fossem soluções para questões ambientais. Mas uma nova autopoiese sistêmica, no
sentido livre das concepções de Niklas Lhmann e Ulrich Beck para o arranjo
social, é urgente e indispensável, e precisa ser desenvolvida pela civilização
humana.
Não
é preciso esperar catástrofe ecológica ou hecatombe civilizatória para
determinar nova autopoiese sistêmica.
Como
mencionado, nada foi mais deletério em causar a maior catástrofe ambiental do
planeta do que a falta de liberdade e imprensa livre dos ditos regimes
socialistas. Que rezam pela mesma cartilha dos arranjos de livre iniciativa, ao
desenvolverem concepções de crescimento permanente, sem considerar a finitude
dos recursos naturais.
Todas
as formas e atitudes de abordagem planetária precisam considerar as limitações
dos recursos naturais. E sua insubstituibilidade por capital ou recursos
humanos como fator de produção.
Por isto, sem fazer elucubrações forçadas, não
se pode medir a existência humana pela produção de bens ou serviços, e sim por
índices que considerem dimensões de satisfação existencial. Parece cada vez
mais evidente que este é um caminho legítimo a ser construído pela civilização
humana.
Questões
como preservação da biodiversidade tem que atingir novos contextos. Como a
biodiversidade é importante para o funcionamento dos ecossistemas, este é o
paradigma.
Uma
vez que a atual perda de biodiversidade ameaça seriamente os serviços que um
bom funcionamento dos ecossistemas presta para a civilização humana, preservar
a biodiversidade também pode ajudar a preservar a humanidade.
Não
se pode reduzir as persistentes crises hídricas do sudeste brasileiro a meros
problema de tubulações ou barragens. E nem de gestão ou de consciência, embora
estas sejam atitudes fundamentais. A humanidade está envolvida numa crise
civilizatória.
Esta
mudança deve começar logo, juntando as lutas singulares, os esforços diários,
os processos de auto-organização e as reformas para retardar a crise, com uma
visão centrada numa mudança de civilização e uma nova sociedade em harmonia com
a natureza.
Não
é preciso esperar catástrofe ecológica ou hecatombe civilizatória para
determinar nova autopoiese sistêmica.
Como
isto vai ocorrer? Não se sabe, mas a gradativa mudança de valores e de significação
que os indivíduos atribuem a todas as ações cotidianas, vai aos poucos
invadindo todas as dimensões sociais, sendo determinante para a confecção do
novo arranjo.
Bancos
agora, antes de quererem maximizar ganhos ou empréstimos, procuram alertar sobre
o uso responsável dos recursos financeiros. Investidores consideram os índices
de sustentabilidade das empresas antes de decidirem suas inversões em bolsas de
valores.
Obviamente
que este não é um quadro suficiente, mas é alentador sobre os cenários de mudanças
de valores. Ocorre acreditar na civilização humana, e no que evidências deste
tipo significam. (ecodebate)
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