terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobradinho deve atingir volume morto em 2017

Redução da vazão do reservatório pode determinar o momento em que o volume útil será esgotado.
Autoridades admitem que o reservatório de Sobradinho deve atingir o volume morto durante o período seco, e a discussão agora não é se, mas quando isso vai acontecer. A situação é inédita na história da hidrelétrica, e avaliação feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico aponta para a urgência na redução da vazão da usina dos atuais 700 m³/s para 600 m³/s já a partir de maio, para não apenas retardar esse momento como também limitar o uso da água que está abaixo do chamado volume útil do reservatório a 4% do total disponível até o inicio das chuvas em novembro.
“O melhor cenário hoje considerado é a partir de maio nós estarmos com 600 m³/s. Nessa condição, nós atingiríamos o volume morto no final de outubro. Agora, caso tenhamos alguma demora no processamento dessa decisão e ela só aconteça de forma a permitir a redução para 600 m³/s em junho, aí nós já atingiríamos o volume morto no inicio de outubro”, afirmou o diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, após audiência pública sobre a crise hídrica na Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.
A redução só pode ser feita com autorização da Agência Nacional de Águas e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. A autorização da ANA sairá na semana que vem, de acordo com o superintendente de Operações e Eventos Críticos da agência, Joaquim Guedes Gondim Filho. Ele alertou, porém, que ainda é necessária a decisão do órgão ambiental.
Com chuvas abaixo da média, os reservatórios das hidrelétricas do rio São Francisco chegam ao fim do período úmido com níveis nada confortáveis de armazenamento. Três Marias (MG) com 32%, Itaparica com 19,6% e Sobradinho, o maior deles, com 16%. A previsão do ONS é de que se for mantida a defluência de 700 m³/s o volume útil da hidrelétrica estará esgotado no fim de setembro, e em novembro, no início do período chuvoso, já terão sido utilizados 9,7% do volume morto.
O limite máximo calculado pela Chesf para uso da água nessas circunstâncias é de 12,5%. “A partir daí você começa a ameaçar as estruturas físicas do talude do reservatório”, explicou Barata. Para não atingir o volume morto este ano, a vazão do reservatório teria que ficar abaixo de 600m³/s, mas o ONS ainda não trabalha com essa possibilidade. No ano passado Sobradinho já havia atingido o menor nível de armazenamento de sua historia, com 1% do volume útil no fim do período seco.
O diretor de Operação da Chesf, João Henrique Franklin Neto, alertou durante a audiência no Senado que as autoridades estão diante de uma situação que não é de natureza energética, e, sim, uma questão de necessidade hídrica da região Nordeste. Ele afirmou que o atendimento energético da região está garantido com o uso de outras fontes de geração, embora isso também seja preocupante. “Entendemos, como operador de reservatório, que é necessária a redução da vazão”, disse.
Franklin Neto afirmou que 16% de armazenamento significam pouco mais de três metros de água. A partir de determinado nível, a usina não vai mais conseguir gerar energia. Mas a água do volume morto, que a estatal calcula em 6 bilhões m³, pode ser aproveitado para outros usos.
Gondim Filho, da ANA, lembrou que a crise hídrica que atinge a bacia do São Francisco é a maior de que se tem notícia desde o inicio da medição das vazões no inicio do século passado. O superintendente lembrou a crise atinge agora níveis que o sistema de abastecimento de água das cidades e a irrigação nunca alcançaram, e é necessário adequar infraestruturas para garantir o abastecimento. “Temos inúmeros reservatórios no Ceará que estão usando o volume morto.” (canalenergia)

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