sábado, 1 de julho de 2017

Países debatem em 2017 estratégias para mudança clima

Países debatem em Brasília estratégias de longo prazo para desafios climáticos.
Os governantes brasileiros precisam vencer uma barreira cultural para dar conta do desafio da mudança do clima – começar a planejar hoje onde o país deseja estar na metade do século. Este é o cerne do “Encontro Internacional sobre Estratégias de Desenvolvimento de Longo Prazo e Mudanças Climáticas” que acontece amanhã em Brasília, promovido pela Embaixada da Alemanha e pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O Acordo do Clima de Paris convida países signatários a elaboraram planos de redução de emissão de gases-estufa para 2050. Alemanha, França, Estados Unidos, México Canadá e o Benim foram os primeiros a elaborarem suas estratégias. “O desafio climático que enfrentamos exige total transformação da forma como produzimos energia, comida e do nosso sistema de transporte”, diz Karsten Sach, diretor de Política Climática do Ministério do Meio Ambiente alemão. A Alemanha divulgou o “Klimaschutzplan 2050” em novembro, na conferência da ONU de Marrakesh. O país quer reduzir entre 80% e 95% as emissões em 2050.
O plano é setorial e prevê revisões a cada cinco anos para ajustes de rumo e investimentos, diz Sach. “Não temos bola de cristal. Mas sabemos que é do nosso interesse econômico e social ter visão clara de onde queremos estar em 2050. E discutir com a sociedade, ter decisões políticas e leis que nos permitam alcançar nossas metas”, diz.
A meta do setor de transportes, por exemplo, é reduzir emissões entre 40% e 42% em 2050 em relação a 1990. A redução na indústria será de 49% a 51%. O setor de energia terá que fazer cortes radicais – entre 61% e 62% – e deixar de usar carvão, um ponto delicado do plano alemão. “Já sabemos hoje que as usinas a carvão terão que sair da rede antes que termine sua vida útil. O futuro da mobilidade é principalmente elétrico e é ali que teremos que investir”, afirma. A discussão, agora, é o que fazer com os empregados do setor de carvão.
Experiências como a alemã são a base da “Caminhos para 2050”, plataforma também lançada em Marrakesh por Laurence Tubiana, pessoa-chave do governo francês para fechar o Acordo de Paris em 2015 e hoje CEO da European Climate Foundation, fundação que lida com o tema.
Na ocasião, 22 países, 15 cidades, 17 regiões e estados e 192 empresas se uniram ao esforço de ter planos de longo prazo. “Esta plataforma é o lugar onde empresas e governos irão trocar práticas e tentar aumentar a ambição”, disse ela. O Brasil faz parte da iniciativa. “É desafiador fazer planos de longo prazo, mas é útil para as nossas sociedades. Pode significar grandes oportunidades de crescimento.”
“A ideia deste seminário é inspirar o Brasil a se planejar a longo prazo”, diz Ana Toni, diretora executiva do iCS. “Temos que fazer opções de investimento, tecnológicas, de infraestrutura”, continua. “Vale a pena investir em biodiesel ou seria melhor investir em eletrificação na rede de transporte? Nosso futuro depende de decisões que temos que começar a fazer agora”, diz.
Com ela concorda Branca Americano, coordenadora da câmara de estratégias de longo prazo do Fórum Brasileiro de Mudança Climática, onde este debate já iniciou. “Para que o Brasil se descarbonize na metade do século, temos que tomar decisões estratégicas de curto prazo”, argumenta. (energia.sp)

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