segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

O pico dos nascimentos no mundo

Dezembro é considerado o mês da natalidade tanto na estória de Jesus de Nazaré, como na estória de Hórus, no Egito (1.400 anos antes de Cristo). Na maior parte da história humana a alta natalidade era muito valorizada para se contrapor às taxas de mortalidade infantil.
O número de nascimentos no mundo veio crescendo ao longo da história, estava em torno de 100 milhões de bebês por ano em 1950 e chegou a 140 milhões por ano no quinquênio 2010-15. O pico dos nascimentos (máximo de bebês nascidos por ano) deve atingir 143 milhões por ano, no quinquênio 2045-50 e deve declinar ligeiramente para abaixo de 140 milhões no final do século XXI, segundo a Divisão de População da ONU (Revisão 2017).
Se o número de nascimentos permanecer aproximadamente em torno de 140 milhões por ano, o tamanho da população vai depender do nível da esperança de vida ao nascer (Eo). Para uma Eo de 75 anos a população chegaria a 10,5 bilhões de habitantes (140 milhões vezes 75). Se a Eo for 80 anos a população mundial chegaria a 11,2 bilhões de habitantes no final do século. Se a Eo alcançar 90 anos então a população mundial poderia chegar a 12,6 bilhões de pessoas em 2100 (140 milhões vezes 90).

Embora deva haver certa estabilidade no número global de nascimentos ao longo do século XXI, o quadro varia segundo os diferentes grupos de países. O número de nascimentos nos países desenvolvidos (os mais ricos e com maior IDH) está em 13,7 milhões por ano, no quinquênio 2015-2020 e deve cair para pouco abaixo de 13 milhões no quinquênio 2095-2100. O número de nascimentos nos países em desenvolvidos (os países de renda média) está em 95 milhões por ano, no quinquênio 2015-2020 e deve cair fortemente até ficar próximo de 70 milhões no quinquênio 2095-2100. Já o número de nascimentos nos países muito menos desenvolvidos (os países de baixa renda) está em 32,1 milhões por ano, no quinquênio 2015-2020 e deve subir para quase 50 milhões no final do século.
Portanto, os dados da Divisão de População da ONU mostram que o nascimento de bebês do mundo não é homogêneo. Nos países de renda média e alta, o número de nascimentos já está em declínio. Mas este declínio é compensado pelo aumento dos nascimentos nos países mais pobres e com menores níveis de cidadania.

O relatório Situação da População Mundial 2017, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), alerta para o aumento das desigualdades e falhas na proteção dos direitos reprodutivos das mulheres, em especial as mais pobres. O relatório diz: “A menos que as desigualdades recebam atenção urgente e que as mulheres, em especial as mais pobres, sejam empoderadas para tomar decisões sobre suas próprias vidas, os países podem ter que enfrentar ameaças à paz e ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

A falta de garantia dos direitos sexuais e reprodutivos pode se estender a todos os objetivos globais, ressalta o relatório intitulado “Mundos Distantes: Saúde e direitos reprodutivos em uma era de desigualdade”. A demanda não atendida por serviços de saúde, incluindo o planejamento reprodutivo, pode enfraquecer as economias e sabotar o progresso já alcançado em direção ao cumprimento do primeiro ODS, de eliminação da pobreza.
Na maioria dos países pobres e muito menos desenvolvimentos, as mulheres em situação de exclusão social têm menos opção de planejamento reprodutivo, menos acesso a atendimento pré-natal e são mais propensas a terem partos sem a assistência de um profissional de saúde. Isto aumenta a gravidez indesejada e prejudica a saúde das mulheres e dos bebês. A falta de acesso a serviços como creches também limitam as mulheres na busca por empregos. Para as mulheres que estão no mercado de trabalho, a ausência de licença maternidade remunerada e a discriminação que muitas enfrentam no trabalho quando engravidam acabam sendo uma “penalidade pela maternidade”. O alto número de gravidez indesejada e não planejada na adolescência é um problema particularmente grave para as meninas pobres que tendem a reproduzir o ciclo de pobreza e de falta de alternativa de mobilidade social ascendente.

A cidadania é o melhor contraceptivo. Sem dúvida, a redução do número de nascimentos nos países muito menos desenvolvidos (os mais pobres) ajudaria a criar um bônus demográfico que seria bom para o avanço das condições de vida da população e para a proteção do meio ambiente. O importante não é a quantidade de nascimentos, mas sim a qualidade de vida que se quer dar aos bebês e jovens de todo o mundo. (ecodebate)

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