Água é um
bem público de suma importância para a humanidade, que além de manter todo o
ecossistema terrestre em equilíbrio, é importante para a manutenção de
atividades antrópicas, como a agricultura, a pecuária, o lazer, a produção de
bens de consumo e a, primordial, que é a de abastecimento público. Sendo
essencial para a sobrevivência humana, a sua ausência causa muitos transtornos
ambientais, sociais e econômicos.
Parece
simples e de fácil entendimento esta afirmação, mas não o é! Entender e
garantir a segurança hídrica ou mesmo desenvolver resiliência à falta ou
excesso de água exige planejamento, conhecimento técnico, conscientização e
investimentos, não sendo, portanto, uma tarefa fácil de ser executada por
gestores em diferentes níveis de decisão, seja pela dificuldade técnica em
entender os problemas, seja pela priorização de investimentos, uma vez que
recursos financeiros nem sempre estão totalmente disponíveis. Mesmo com os
fenômenos climáticos adversos presente na imprensa, é fundamental informar a
sociedade de forma clara e objetiva sobre o tema.
Assim, sol
e chuva se sucedem e o intenso período de estiagem vivido pela maioria dos
municípios brasileiros nos últimos anos fez com que o poder público adotasse
práticas que pudessem remediar o caos que se instalou em algumas cidades. Com a
divulgação alarmista de escassez hídrica pela mídia, os olhares do poder
público voltaram-se, imediatamente, para a resolução do problema, como forma de
mitigar a situação e assim, perfuração de poços profundos, controle de perdas,
aumento da capacidade de reserva, são alguns exemplos de ações adotadas.
Essas
atitudes, tomadas pela Gestão Pública, só reforçam a falta de planejamento,
mesmo considerando que as práticas adotadas são válidas e foram de grande
importância para mitigar e combater a escassez de água, porém a tomada de
decisão à médio e longo prazo devem ser aplicadas paralelamente as que foram
desenvolvidas de forma imediatista.
Um exemplo
dessas ações de “tampar o sol com a peneira”, desenvolvidas pelo poder público
é o custo anual com operação de dragagem para a retirada de sedimentos dos rios
e córregos que cortam as cidades. Estes são consequência da falta de
conservação do solo a montante do manancial e causam assoreamento de nascentes
e afluentes, carreando sedimentos ao longo de toda a microbacia e/ou bacia
hidrográfica, prejudicando o abastecimento público, em qualidade e quantidade,
também em outros usos múltiplos, como a dessedentação de animais e irrigação.
Estratégias
de conservação do solo como a construção de curvas de nível, implantação de
bacias de contenção em estradas rurais e, principalmente, preservação de
nascentes e afluentes, respeitando e recompondo as Áreas de Preservação
Permanente e restringindo o pisoteio, precisam ser intensificadas. Estas
práticas não somente minimizam as vazões máximas, como garantem a infiltração
de água no solo e a recarga de lençol freático que levará à uma maior oferta de
água na estação seca.
Essas ações
já podem ser verificadas no Projeto Produtor de Água em Extrema – MG, no
Projeto Vida ao Marinheirinho em Votuporanga – SP e ainda que em fase ainda
embrionário, no Projeto Vida ao Córrego Olhos d’Água em Olímpia – SP e se
constituem em ótimos exemplos, mas para ganharem grandes proporções e serem
replicadas, precisam de incentivos financeiros e engajamento de todas as
frentes, tanto civil, como empresarial e pública para que consigam perseverar e
atingir o objetivo maior que é a preservação ambiental dos nossos mananciais,
garantindo a fonte de vida, que é água, para todos!
Além
da adoção de práticas conservacionistas na zona rural, se faz necessário a
mudança no cenário urbano, como o incentivo a arborização urbana e planejamento
de galerias pluviais. As espécies arbóreas aumentam a área de interceptação da
água das chuvas e permeável, além de reter água em suas folhas e caules
diminuindo as enchentes, além do carreamento de sedimentos para os rios, além
de, pela transpiração de suas folhas, melhorar o conforto térmico e visual do
ambiente.
Muitas
vezes desprezada, merecem atenção as nascentes urbanas, seu leito e as galerias
pluviais, que necessitam de estruturas de dissipação da energia da água que
corre em seu interior e assim, ambiente rural e urbano exigem medidas
complementares, nunca excludentes, incentivadas e planejadas a médio e longo
prazo para reduzirem em muito o impacto causado pela falta de chuvas sofrida
por inúmeros municípios brasileiros e transformar, em um futuro próximo, essa
realidade da seca em um cenário bem distante.
Não
há mágica para a segurança hídrica e o trabalho não deve se concentrar apenas
no período dos extremos – na maioria das vezes com soluções remediadoras – e
também, não há soluções baratas e nem de curto prazo, pois são ações que exigem
muito investimento e conscientização, então, planejamento, e antecipação de
processos são absolutamente necessários. (ecodebate)
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