A velocidade do declínio da fecundidade nos
diferentes países do mundo.
A
transição demográfica (queda das taxas de mortalidade e natalidade) é um
fenômeno único na história e acontece de forma sincrônica ao desenvolvimento
econômico. O avanço da urbanização, da educação e o aumento do padrão de vida
reduzem primeiro, as taxas de mortalidade e, um tempo depois, as taxas de
natalidade.
Existe
um consenso, uma vontade geral e um esforço conjunto da população mundial em
reduzir as taxas de mortalidade. O mesmo não acontece em relação às taxas de
fecundidade. Durante milênios a sociedade se organizou para que o número de
nascimentos superasse o número de óbitos. A sociedade criou, explicita ou
implicitamente, “escoras culturais pronatalistas” para garantir o crescimento
vegetativo da população.
Desta
forma, a transição da fecundidade é um dos fenômenos de comportamento de massa
mais fundamentais da história humana. Por isso, é especialmente surpreendente o
quão rapidamente essa transição ocorreu, especialmente ficando em nível abaixo
do nível de reposição.
O
gráfico acima mostra a velocidade do declínio das taxas de fecundidade,
partindo de mais de seis filhos por mulher para menos de 3 filhos. Nota-se que
os países que iniciaram a transição precocemente, também foram aqueles que
demoraram mais tempo para reduzir pela metade as taxas de fecundidade. O Reino
Unido iniciou a queda em 1815 e chegou abaixo de 3 filhos por mulher em 1910.
Gastou 95 anos. A Polônia iniciou a transição da fecundidade em 1870 e reduziu
pela metade em 1960. Gastou 90 anos. Os Estados Unidos (USA) fizeram a
transição em 82 anos, de 1844 a 1926. A Grécia fez a transição em 70 anos, de
1850 a 1920.
A
taxa de fecundidade está em constante declínio.
Já
os países de transição mais recente (após 1960) foram mais rápidos no processo.
A Malásia promoveu a queda de mais de 6 filhos para menos de 3 filhos por
mulher em 37 anos, de 1962 a 1999. O Brasil fez a transição em 26 anos (de 1963
a 1989). A China fez em apenas 11 anos, de 1967 a 1978, antes, portanto, da
implantação da draconiana política de filho único (que começou em 1979). Mas o
país que fez a transição da fecundidade mais rápida do mundo foi o Irã que,
entre 1986 a 1996, gastou apenas 10 anos para reduzir de mais de seis filhos
por mulher para menos de 3 filhos.
No
mundo, a taxa de fecundidade total (TFT) estava em torno de 5 filhos por mulher
entre 1950 e 1965 e caiu para 2,5 filhos por mulher no quinquênio 2010-15.
Houve uma diminuição de 2,5 filhos na TFT em meio século. Porém, o ritmo da
transição global da fecundidade se reduziu a partir do quinquênio 2010-15. A
resistência à continuidade da transição da fecundidade ainda é suficientemente
grande para inviabilizar uma taxa abaixo do nível de reposição, o que seria
necessário para garantir o decrescimento demográfico de longo prazo.
(ecodebate)
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