Principal produtor mundial do
grão, Brasil tem sofrido com problemas de estiagem e se preocupado com o uso
racional da água na agricultura e na indústria.
O Brasil é o maior produtor
de café do mundo. Além disso, o país também lidera a exportação do grão.
Segundo relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o
Brasil exportou mais de dois milhões e trezentas mil sacas do produto só em
fevereiro deste ano. A indústria de café solúvel e a agência responsável por
promover exportações têm, inclusive, programas que visam fortalecer ainda mais
os embarques do produto.
Um desses projetos é o
“Brazilian Instant Coffee”. De acordo com o presidente da Associação Brasileira
da Indústria de Café Solúvel (Abics), Pedro Guimarães, o objetivo é “garantir a
fatia atual de mercado e ampliar ainda mais a presença do café solúvel
brasileiro nas exportações”. As informações são da Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA).
Para concretizar essa
evolução, é necessária a utilização de água no processo de irrigação do café. O
assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
Maciel Silva afirma que o setor está atento a problemas de estiagem e garante
que há preocupação com o uso racional dos recursos hídricos. Em palestra
durante o 8° Fórum Mundial da Água, o especialista deu exemplo de técnicas
utilizadas na produção do café que contribuem para a economia de água.
“Nós aprendemos muito com
erros e acertos e hoje, o uso racional da água passou a ser uma necessidade.
Muitas regiões produtoras de café do Brasil passaram por déficit hídrico e,
hoje, nós trabalhamos com uma gestão da irrigação muito forte. Nós demos alguns
exemplos, principalmente quanto ao uso da irrigação localizada por gotejamento,
que pode economizar muito no uso da água”, explicou.
O gerente-executivo de Meio
Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi
Bomtenpo, ressalta que o setor, de maneira geral, tem procurado caminhos para
acabar com o desperdício de água nos processos de produção. Também presente no
Fórum Mundial da Água, ele falou sobre outras formas que a indústria tem se
apropriado para tornar o uso da água mais eficiente, algo já feito na nas
linhas de montagem do setor automobilístico.
“A indústria como um todo
está no caminho. A gente ver essa questão da indústria automotiva usando 50% a
menos de água no seu processo produtivo. Cada vez mais investindo na
recirculação. Tem uns setores com mais de 90% nesse índice de recirculação de
água, investindo também na captação de chuva. Eu acho que cada vez mais vem
sendo considerada como uma parte da solução desse problema”,salientou.
Gestão de água
Atualmente a indústria
nacional está submetida a dois grandes instrumentos de pressão. De um lado, as
imposições do comércio internacional pela melhoria da competitividade. Do
outro, questões ambientais e recentes condicionantes legais de gestão de
recursos hídricos, particularmente as associadas à cobrança pelo uso da água.
Para se adaptar ao cenário, a
indústria tem aprimorado os processos e desenvolvido sistemas de gestão
ambiental para atender às especificações do mercado interno e externo. Em linha
com essa tendência, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) lançou, no fim do ano passado, uma cartilha com sistemas e
procedimentos de gestão da demanda de água e de minimização da geração de
resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais,
chamados de efluentes.
Dependendo da disponibilidade
hídrica, além de iniciativas para a redução do consumo de água, a produção
industrial fica condicionada à análise de algumas opções. Entre elas, manter a
situação tradicional, utilizando água de sistemas públicos de distribuição e
dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos; adquirir água de reuso ou
água de utilidade, produzida por companhias de saneamento, através de
tratamento complementar de seus efluentes secundários, além de reusar, na
medida do possível, os seus próprios resíduos, após tratamento adequado.
Segundo o SEBRAE, a última
opção costuma ser mais atrativa, com custos de implantação e de operação
inferiores aos associados à captação e ao tratamento de águas de mananciais ou
à compra de água oferecida por empresas de saneamento, tanto de sistemas
potáveis como de sistemas de água de reuso. (ecodebate)
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