O aumento do nível do mar
está forçando os moradores dos Outer Banks, nos EUA, a lidarem com os impactos
das mudanças climáticas.
A areia invade o agora
demolido Beacon Motor Lodge, em Nags Head, na Carolina do Norte. Os motéis à
beira-mar já marcaram a paisagem, mas não conseguiram competir com propriedades
pessoais alugadas por proprietários individuais.
Lentamente, os Outer Banks da
Carolina do Norte, nos EUA, estão sendo engolidos pelo mar.
O trecho de 300 quilômetros
de ilhas próximo à costa é conhecido por suas praias idílicas e turismo
próspero, mas os cientistas dizem que essas praias estão em risco. O aumento do
nível do mar está forçando os moradores a lidar com o fato do chão estar
desaparecendo sob os seus pés.
Um relatório de 2010 previu
que os níveis do mar ao redor da Carolina do Norte poderiam subir 1 metro até
2100, à medida que as mudanças climáticas derretem as geleiras e contribuem
para o aumento do nível do mar globalmente. Já o Departamento de Qualidade
Ambiental da Carolina do Norte diz que cerca de 2 metros de área costeira é
consumida pelo mar todos os anos.
A ascensão do mar está
fazendo com que as áreas, historicamente instáveis, sofram ainda mais erosão.
Os Outer Banks estão deslocando os bancos de areia que naturalmente se dirigem
para a costa. Cada vez que uma tempestade causa um deslizamento de terra, a
água do mar esculpe entradas e deposita a areia, espalhando-a em um lado da
ilha quando o outro lado vai desaparecendo – é como uma roda girando
lentamente.
Levou anos para esta casa
condenada ser demolida - além uma série de outras casas em estados similares em
Nags Head. O Condado de Dare é o único condado na Carolina do Norte a ter um
número igual de pessoas e casas. Quarenta e quatro por cento dessas casas são
casas de veraneio, segundo um censo de 2010 dos EUA.
A areia levada pelo vento cobre a rodovia 12 da Carolina
do Norte, causando o fechamento de estradas. Manutenção e reparos estão se
tornando um fardo para os contribuintes.
Uma grande onda faz com que os banhistas riam em Kitty
Hawk, na Carolina do Norte. Kitty Hawk e outras três cidades costeiras gastaram
US$ 41.7 milhões em projetos de revitalização de praias em 2017. O renascimento
da praia envolve a reposição da areia retirada da praia.
Moradores e visitantes
avaliam os danos do furacão Joaquin, que atingiu a região em 2015.
Ameaçadas por tempestades, erosão e aumento do nível do
mar, casas costeiras como esta, em Rodanthe, na Carolina do Norte, estão sendo
carregadas em trailers para locais mais afastados da costa.
Enquanto o mundo se prepara
para o aumento dos mares, essas ilhas e seus habitantes estão engajados em uma
batalha contra a natureza. Estruturas feitas pelo homem, como prédios e
estradas, impedem a migração natural da areia, mas ilustram os impactos da
erosão das costas.
Uma rede de dunas de areia abrange o Cape Hatteras
National Seashore em Frisco, Carolina do Norte. As dunas agem como uma barreira
natural entre as casas e o implacável Oceano Atlântico. Em 2010, funcionários
do governo estadual disseram que o oceano poderia subir 1 metro, eliminando
todos os Outer Banks. O anúncio estimulou um debate acalorado entre o setor
imobiliário e os ambientalistas.
Esse
lento movimento promete causar impactos na paisagem e nas pessoas que moram lá.
Buscando
um recomeço em 2015, Tully se mudou para os Outer Banks e passou dois anos
documentando a lenta movimentação das ilhas no mar. Suas fotos mostram a
mudança da paisagem física e as pessoas se adaptando a ela. Nas estradas
próximas da costa, as tempestades carregam tanta areia que chegam a esconder a
pista.
Quando o Cais de Pesca de Cape Hatteras foi inaugurado, em
1962, ele tinha 6 metros de largura e 150 metros de comprimento. Anos de
tempestades danificaram o local, obrigando que o mesmo fosse fechado para o
público em 2010, quando o furacão Earl atingiu a Carolina do Norte.
A
estrada 12, a principal via que corta os Outer Banks, é limpa e reparada
regularmente. Muitas casas foram reforçadas com estacas, e algumas foram
recolhidas e deslocadas para o interior das ilhas.
Para
alguns desses moradores, a maior preocupação é perder uma casa de veraneio, mas
outros moradores temem perder laços familiares profundos com a região. Em
algumas partes da ilha, a água do mar já inundou cemitérios, e ameaça eliminar
diversas gerações das ilhas.
A
população da Carolina do Norte vem debatendo a melhor maneira de abordar a
invasão da água do mar. Alguns têm pressionado para tornar o aumento do nível
do mar um fator importante no planejamento e desenvolvimento. Outros
pressionaram por uma legislação que rejeite essas alegações. Tully diz que
aqueles que vivem nos Outer Banks compartilham um senso de comunidade sabendo
que todos enfrentam essas águas juntos.
"Se
eles soubessem o que fazer, eles fariam", diz ele, mas por enquanto, a
comunidade segue dividida aguardando uma solução para conter a maré.
A areia soprada pelo vento na Cape Hatteras National
Seashore é responsável pelo contante fechamento e manutenção de estradas. A
rodovia é uma via norte-sul vital e conecta as comunidades das ilhas. À medida
que a terra se estreita, no entanto, os custos de manutenção e reconstrução da
estrada aumentam. Na cidade de Kitty Hawk, esta mesma seção da estrada entrou
em colapso duas vezes em 2015, levando a colocação de uma parede de sacos de
areia de 300 metros. Os valores gastos com manutenção e reparos já
ultrapassaram US$ 104 milhões. (nationalgeographicbrasil)
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