Cientistas alertam que
floresta Amazônica reduziu a capacidade de absorção de carbono, chegando à
quase zero.
Há cerca de 20 anos, a floresta
amazônica era considerada um sumidouro de carbono, retendo todos os anos meia
tonelada de carbono por hectare.
As apresentações dos palestrantes
do Workshop Amazônia estão disponíveis no link: http://www.fapesp.br/eventos/amazon-workshop/pt.
Fundamental para a
estabilidade do clima do planeta, a floresta amazônica, que até alguns anos
absorvia carbono em quantidades muito significativas, do ponto de vista de
balanço de carbono total, reduziu essa capacidade e hoje está chegando à zero.
Os cientistas consideram a situação preocupante. Em um cenário futuro de
mudanças climáticas, em que eventos extremos de secas e grandes inundações são
mais frequentes, é possível que a floresta comece a perder carbono para a
atmosfera piorando o já grave aquecimento global.
O alerta foi feito no Workshop
“As dimensões científicas, sociais e econômicas do desenvolvimento da
Amazônia”, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA/MCTIC). O evento foi organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP), INPA e Instituto Wilson Center.
As pesquisas na região
mostram que a Amazônia é um ecossistema altamente crítico no clima global,
controlando o ciclo hidrológico, a chuva sobre a própria Amazônia e sul do
Brasil, e que armazena uma quantidade enorme de carbono. A ciência estima que a
Bacia Amazônica abrigue 16 mil espécies de plantas arbóreas. Já se sabe também
que a estação seca na Amazônia está se ampliando em seis dias por década, o que
pode parecer pouco, mas é uma alteração significativa.
Segundo o coordenador do
workshop e professor da Universidade de São Paulo, Paulo Artaxo, a floresta
amazônica até cerca de 10 a 20 anos fazia um serviço ambiental muito importante
de reter todos os anos meia tonelada de carbono por hectare. Este serviço
ambiental agora está indo para zero.
“Nosso medo é que, a partir de agora, a floresta, além de perder carbono para a atmosfera, e como ela corresponde a dez anos da queima de combustíveis fósseis, perca mais 2%, 3% ou 4% do carbono, pois isso vai aumentar muito o efeito estufa”, disse Artaxo, que também é presidente do Comitê Científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA/INPA/MCTIC).
“Nosso medo é que, a partir de agora, a floresta, além de perder carbono para a atmosfera, e como ela corresponde a dez anos da queima de combustíveis fósseis, perca mais 2%, 3% ou 4% do carbono, pois isso vai aumentar muito o efeito estufa”, disse Artaxo, que também é presidente do Comitê Científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA/INPA/MCTIC).
Segundo o cientista, hoje a
floresta é neutra do ponto de vista do carbono. Mas se forem diminuídas as
emissões haverá possibilidade de voltar a ter a floresta retendo mais carbono
do que emite. “É por isto que temos de lutar hoje”, afirmou.
As florestas tropicais são o
lugar do mundo em que mais se estoca carbono na Terra. O carbono é o quarto
elemento mais abundante na atmosfera e é um dos gases de efeito estufa. De
acordo com o pesquisador da USP, Luiz Martinelli, se a floresta faz mais
fotossíntese do que ela perde carbono pela respiração, essa floresta tende
aumentar sua biomassa.
“É disso que estamos
precisando, porque, devido ao grande aporte de carbono e CO2 na atmosfera pela queima de combustíveis
fósseis, o clima da Terra está mudando. Então, é extremamente benéfico para o
clima que a Amazônia continue limpando esse excesso de carbono na atmosfera,
mesmo que lentamente”, explicou Martinelli.
As pesquisas apoiadas pela FAPESP
e realizadas em colaboração com o INPA serão apresentadas em um Workshop nos
mesmos moldes deste de Manaus em Washington, no dia 25 de setembro. A proposta
é apresentar para o Banco Mundial e o Fundo Amazônia quais as necessidades de
pesquisas que se tem na Amazônia atualmente.
Participaram da mesa de abertura do Workshop o Comandante do 9º Distrito Naval, o Vice-Almirante Carlos Alberto Matias; o pesquisador da USP Paulo Artaxo; o diretor administrativo da FAPESP, Fernando Almeida; o coordenador de Pesquisas do INPA, Paulo Maurício; o diretor-técnico e científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Décio Reis; o coronel Washington Rocha Triani, do Comando Militar da Amazônia (CMA); e o diretor do Brazil Institute Wilson Center, Paulo Sotero.
Participaram da mesa de abertura do Workshop o Comandante do 9º Distrito Naval, o Vice-Almirante Carlos Alberto Matias; o pesquisador da USP Paulo Artaxo; o diretor administrativo da FAPESP, Fernando Almeida; o coordenador de Pesquisas do INPA, Paulo Maurício; o diretor-técnico e científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Décio Reis; o coronel Washington Rocha Triani, do Comando Militar da Amazônia (CMA); e o diretor do Brazil Institute Wilson Center, Paulo Sotero.
“O Inpa desenvolve pesquisas
em várias áreas, desde questões climáticas, agricultura sustentável até
tecnologias sociais, que no seu conjunto podem ser aproveitadas para se ter
desenvolvimento com base sustentável na região. A questão central é
conseguirmos ter ressonância com os políticos quando vão construir os caminhos
para a Amazônia”, destacou o coordenador de Pesquisas do Inpa, o pesquisador
Paulo Maurício Alencastro.
No evento ainda foram
debatidas iniciativas empresariais e de organizações não governamentais de
pesquisas e seus papeis no desenvolvimento sustentável na Amazônia, além do
importante apoio logístico das Forças Armadas à pesquisa na Amazônia,
especialmente com o programa do CMA, o Proamazônia.
Ponto de não retorno
De acordo com a pesquisadora
do INPA, Maria Teresa Fernandez Piedade, empresários, políticos e tomadores de
decisão precisam entender que a devastação da Amazônia está chegando a um ponto
de não retorno, e que isso será prejudicial para todos. Há fortes componentes
atuando no desmatamento em níveis muito altos, juntamente com mudanças
climáticas globais e ainda uma ação continuada de fogo.
Estudos mostram que a floresta já foi desmatada em 20% e se aumentar mais cinco pontos percentuais vai perder sua resiliência, alterando o ciclo hidrológico de maneira irreversível – ponto de não retorno, conforme artigo publicado na revista Science Advances assinado pelo professor da George Mason University, nos Estados Unidos, Thomas Lovejoy, que participou do Workshop via vídeo, e o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, o brasileiro Carlos Nobre.
Estudos mostram que a floresta já foi desmatada em 20% e se aumentar mais cinco pontos percentuais vai perder sua resiliência, alterando o ciclo hidrológico de maneira irreversível – ponto de não retorno, conforme artigo publicado na revista Science Advances assinado pelo professor da George Mason University, nos Estados Unidos, Thomas Lovejoy, que participou do Workshop via vídeo, e o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, o brasileiro Carlos Nobre.
“Esse conjunto de pressões, que
antigamente não se considerava como interagindo nos modelos, agora mostra que
com 25% de desmatamento da região algumas partes da Amazônia vão atingir um
ponto no qual a cobertura vegetal será transformada em um tipo de vegetação
mais aberta e pobre em espécies, no processo chamado de savanização. E esse
processo não vai ser revertido de forma banal”, alerta Piedade, que é
coordenadora do projeto Pesquisa Ecológica de Longa Duração – Ecologia,
Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Peld/Maua).
Na parte central da Amazônia,
onde se encontra Manaus, há previsões de modelos climáticos que mostram que a
temperatura pode aumentar 5°C até 2050.
Valor econômico dos serviços ambientais
O Brasil não recebe
compensação financeira pelos serviços ambientais que a Amazônia realiza. Só os
serviços ambientais produzidos na América do Sul são estimados em 14 trilhões
de dólares.
“Não há dúvidas de que, do
ponto de vista econômico, o vapor de água que Amazônia processa e se transforma
em chuva irrigando as culturas de soja no Mato Grosso, culturas de alimento no
Rio Grande do Sul, Goiás e em São Paulo, todo esse serviço ambiental vale
trilhões de dólares”, afirmou o pesquisador Paulo Artaxo.
Nas próximas décadas, as previsões são de alterações profundas no planeta que afetarão a economia do mundo, e o Brasil precisa se adaptar para esse novo cenário, segundo os cientistas, com a implementação de políticas públicas, melhorando a sustentabilidade, e implantando outras matrizes energéticas como solar e eólica, para as quais o Brasil tem grande potencial.
Nas próximas décadas, as previsões são de alterações profundas no planeta que afetarão a economia do mundo, e o Brasil precisa se adaptar para esse novo cenário, segundo os cientistas, com a implementação de políticas públicas, melhorando a sustentabilidade, e implantando outras matrizes energéticas como solar e eólica, para as quais o Brasil tem grande potencial.
A cerca de 20 anos, a
floresta amazônica era considerada um sumidouro de carbono, retendo todos os
anos meia tonelada de carbono por hectare.
Floresta Amazônica reduz
capacidade de absorção de carbono chegando à quase zero.
“Hoje a mais importante
dessas políticas é reduzir a taxa de desmatamento da Amazônia que está em cerca
de 8 mil km2 por ano, quando era há três anos de 4,5 mil km2 por ano. Essa taxa está aumentando e
precisamos urgentemente reduzir o desmatamento na Amazônia até chegar ao
desmatamento zero, e isso é possível”, destacou Artaxo. (ecodebate)
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