A ameaça ao meio ambiente
causada pelo processo de produção, consumo e desperdício de alimentos não é
reconhecida por 91% dos consumidores.
A constatação é da
organização ambiental WWF, em levantamento com 11 mil pessoas de dez países,
entre eles o Brasil.
Brasnorte, MT, Brasil: Árvore
em meio a plantação de soja.
A pesquisa divulgada em
16/10/18, considerado Dia Mundial da Alimentação, mostra que, apesar do sistema
alimentar ser o maior consumidor de recursos naturais e também o maior emissor
de gás de efeito estufa, a maioria dos entrevistados, principalmente jovens,
não faz a conexão deste processo com a ameaça à natureza.
De acordo com o estudo, 40%
dos jovens entre 18 e 24 anos acham que a ameaça ao planeta é menos que
significante e apenas 9% deles acreditam que a forma de produção de alimentos é
a maior ameaça. Nessa faixa etária, 11% respondeu que não vê nenhuma ameaça.
A consciência sobre o assunto
é maior entre as pessoas com mais de 55 anos. Mais da metade dos entrevistados
nessa idade, acreditam que a produção e consumo de alimentos representam ameaça
significante à natureza.
Segundo a WWF, a cadeia de
produção de alimentos usa 34% do solo e 69% da água disponível nos rios. É
ainda a maior causa de desmatamento e perda de habitat. A organização aponta
ainda que um terço de todos os alimentos produzidos nunca é consumido e o
volume desperdiçado é responsável por um terço das emissões de gases de efeito
estufa provocadas pelo sistema alimentar.
Na última semana, relatório da Organização das
Nações Unidas (ONU) destacou o prazo curto para conter os problemas que o
sistema de alimentos acarreta para a questão das mudanças climáticas. De acordo
com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações
Unidas, se o mundo não evitar o aquecimento global acima de 1,5°, em relação ao
nível pré-industrial, haverá resultados catastróficos e devastadores até o fim
deste século para a humanidade.
Entre as consequências
destacadas pelos cientistas, estão algumas consideradas duradouras ou até
irreversíveis, como a perda de ecossistemas, da biodiversidade, de habitats
naturais e espécies, aumento do nível do mar, além de impacto na saúde humana,
na produção de alimentos (com redução dos campos de milho, arroz, trigo e
outros grãos) e no acesso à água.
Na pesquisa da WWF, 80% dos
entrevistados sentem que o problema pode ser resolvido. Para 66%, os governos
devem agir mais e outros 60% querem que as empresas aumentem seus esforços para
conter o problema.
A WWF diz que é possível fazer que o sistema
alimentar funcione para as pessoas e para a natureza se a comida for produzida
de forma mais sustentável, distribuída de forma mais justa e consumida de
maneira mais responsável. “Precisamos aumentar a conscientização das pessoas
sobre de onde a comida vem e mudar nossos comportamentos para garantir o
funcionamento adequado de todo o sistema”, diz João Campari, líder da Prática
de Alimentos do WWF.
A organização desenvolve o
sistema chamado Food 2.0 para garantir segurança alimentar e conservação. A
ação é promovida por 100 programas relacionadas a alimentos em todo o mundo e
envolve governos, produtores de alimentos, empresas, organizações não
governamentais que devem promover mudanças no setor focando em três eixos:
Produção Sustentável, Dietas Sustentáveis e Perda de Alimentos e Resíduos.
(ecodebate)
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