sábado, 15 de dezembro de 2018

Extremos climáticos custaram US$ 3,5 trilhões

Em 20 anos, extremos climáticos custaram US$ 3,5 trilhões.
Relatório diz que aquecimento global causa cada vez mais inundações e secas e que, só nas últimas duas décadas, vítimas de intempéries ultrapassaram 526 mil. Brasil é um dos mais afetados por mudanças climáticas.
Furacão Maria devastou ilha de Dominica em setembro de 2017
Só no ano de 2017, fenômenos meteorológicos extremos causaram a morte mais de 11.500 pessoas e perdas materiais de 375 bilhões de dólares no mundo, revela um relatório da organização ambiental Germanwatch divulgado em 04/12/18. Os países que mais sofreram foram Porto Rico, Sri Lanka, Dominica, Nepal e Peru.
Com base em dados da resseguradora Munich Re e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o ambientalista David Eckstein e demais autores apresentaram o Índice de Risco Climático Global 2019na Conferência do Clima da ONU em Katowice, Polônia.
Segundo a Germanwatch, nos últimos 20 anos as condições climáticas extremas custaram mais de 526 mil vidas e um total de 3,5 trilhões de dólares em danos materiais. Ciclones tropicais de dimensões avassaladoras atingiram sobretudo as ilhas caribenhas de Porto Rico e Dominica, ambas seriamente devastadas pelo furacão Maria em setembro de 2017, com mais de 3 mil vítimas, segundo dados oficiais.
"O fato de as tempestades estarem ganhando intensidade, em velocidade dos ventos e precipitação pluvial, confere com os prognósticos da climatologia", comenta Eckstein.
Nos últimos anos, o estudo tem indicado duas tendências: por um lado a violência dos eventos meteorológicos extremos aumenta. Para Porto Rico, com 3,3 milhões de habitantes, e Dominica, com 74 mil, isso significa que a reconstrução exigirá vários anos.
Países como Haiti, Filipinas, Sri Lanka e Paquistão foram tão regularmente atingidos por extremos meteorológicos, que não tiveram praticamente tempo de se recuperar dos danos. No Sul Asiático vem aumentando principalmente a frequência das chuvas de monção, com inundações e deslizamentos de terra.
Os últimos anos provaram que também as ricas nações industriais vêm sendo cada vez mais atingidas pela mudança do clima. "Com a seca recorde e o calor extremo deste ano, deve-se contar que no próximo índice os países europeus entrem ainda mais em foco", prevê Eckstein.
Dos dez mais castigados pelo clima nos últimos 20 anos, oito são países em desenvolvimento e de baixas rendas. Como observa David Eckstein, eles contam com o menor número de recursos para se proteger das consequências da mudança climática ou compensar as perdas, necessitando, portanto, especialmente de ajuda.
Embora no ranking geral de vulnerabilidade figure longe do topo - 79ª posição em 2017 e na 90ª posição na média de 1998 para cá - o Brasil aparece em 18º na lista dos que mais perdem com as mudanças climáticas. Na média das últimas duas décadas, as perdas anuais passam de US$ 1,7 bilhão devido a eventos extremos como tempestades e inundações.
"Os principais Estados causadores precisam, por um lado, apoiar os mais pobres na adaptação à mudança climática. Por outro, devem também ajudá-los a enfrentar as perdas e danos", frisa Eckstein. "Essa reivindicação terá um papel importante em Katowice."
O Índice de Risco Climático só registra, porém, uma parte dos danos ocorridos em todo o mundo. Os efeitos indiretos das intempéries extremas, como incêndios florestais e secas, não são considerados. Do mesmo modo, os eventos de longo prazo, como a elevação do nível do mar ou a salinização dos solos, têm sido, até agora deixados de lado, ressalta Eckstein.
Um problema grande e, até o momento, irresolvido, é que numerosos países e cidadãos arcam sozinhos com seus danos. Quando, além disso, eles praticamente não contribuíram para a mudança climática, então trata-se de um "escândalo de justiça", diz o funcionário da Germanwatch.
Por isso, do ponto de vista da política climática, devem assumir principalmente responsabilidade as nações que causaram a mudança global. Eckstein menciona estimativas de que pelo menos um terço dos eventos meteorológicos extremos em todo o mundo estão relacionados com os efeitos-estufa gerados pela humanidade. "Tomando isso como base, parece justo que os países causadores igualmente assumam cerca de um terço dos custos."
Dez ações contra as mudanças climáticas
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer. (dw)

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