Em 20 anos, extremos
climáticos custaram US$ 3,5 trilhões.
Relatório diz que aquecimento
global causa cada vez mais inundações e secas e que, só nas últimas duas
décadas, vítimas de intempéries ultrapassaram 526 mil. Brasil é um dos mais
afetados por mudanças climáticas.
Furacão Maria devastou ilha
de Dominica em setembro de 2017
Só no ano de 2017, fenômenos
meteorológicos extremos causaram a morte mais de 11.500 pessoas e perdas
materiais de 375 bilhões de dólares no mundo, revela um relatório da
organização ambiental Germanwatch divulgado em 04/12/18. Os países que mais
sofreram foram Porto Rico, Sri Lanka, Dominica, Nepal e Peru.
Com base em dados da
resseguradora Munich Re e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o
ambientalista David Eckstein e demais autores apresentaram o Índice de Risco Climático
Global 2019na Conferência do Clima da ONU em Katowice,
Polônia.
Segundo a Germanwatch, nos
últimos 20 anos as condições climáticas extremas custaram mais de 526 mil
vidas e um total de 3,5 trilhões de dólares em danos materiais. Ciclones
tropicais de dimensões avassaladoras atingiram sobretudo as ilhas caribenhas de
Porto Rico e Dominica, ambas seriamente devastadas pelo furacão Maria em
setembro de 2017, com mais de 3 mil vítimas, segundo dados oficiais.
"O fato de as
tempestades estarem ganhando intensidade, em velocidade dos ventos e
precipitação pluvial, confere com os prognósticos da climatologia",
comenta Eckstein.
Nos últimos anos, o estudo tem
indicado duas tendências: por um lado a violência dos eventos meteorológicos
extremos aumenta. Para Porto Rico, com 3,3 milhões de habitantes, e
Dominica, com 74 mil, isso significa que a reconstrução exigirá vários
anos.
Países como Haiti, Filipinas,
Sri Lanka e Paquistão foram tão regularmente atingidos por extremos
meteorológicos, que não tiveram praticamente tempo de se recuperar dos danos.
No Sul Asiático vem aumentando principalmente a frequência das chuvas de
monção, com inundações e deslizamentos de terra.
Os últimos anos provaram que
também as ricas nações industriais vêm sendo cada vez mais atingidas pela
mudança do clima. "Com a seca recorde e o calor extremo deste ano, deve-se
contar que no próximo índice os países europeus entrem ainda mais em
foco", prevê Eckstein.
Dos dez mais castigados pelo
clima nos últimos 20 anos, oito são países em desenvolvimento e de baixas
rendas. Como observa David Eckstein, eles contam com o menor número de recursos
para se proteger das consequências da mudança climática ou compensar as perdas,
necessitando, portanto, especialmente de ajuda.
Embora no ranking geral de
vulnerabilidade figure longe do topo - 79ª posição em 2017 e na 90ª
posição na média de 1998 para cá - o Brasil aparece em 18º na
lista dos que mais perdem com as mudanças climáticas. Na média das últimas duas
décadas, as perdas anuais passam de US$ 1,7 bilhão devido a eventos extremos
como tempestades e inundações.
"Os principais Estados
causadores precisam, por um lado, apoiar os mais pobres na adaptação à mudança
climática. Por outro, devem também ajudá-los a enfrentar as perdas e
danos", frisa Eckstein. "Essa reivindicação terá um papel importante
em Katowice."
O Índice de Risco Climático
só registra, porém, uma parte dos danos ocorridos em todo o mundo. Os efeitos
indiretos das intempéries extremas, como incêndios florestais e secas, não são
considerados. Do mesmo modo, os eventos de longo prazo, como a elevação do
nível do mar ou a salinização dos solos, têm sido, até agora deixados de lado,
ressalta Eckstein.
Um problema grande e, até o
momento, irresolvido, é que numerosos países e cidadãos arcam sozinhos com seus
danos. Quando, além disso, eles praticamente não contribuíram para a mudança
climática, então trata-se de um "escândalo de justiça", diz o
funcionário da Germanwatch.
Por isso, do ponto de vista
da política climática, devem assumir principalmente responsabilidade as nações
que causaram a mudança global. Eckstein menciona estimativas de que pelo menos
um terço dos eventos meteorológicos extremos em todo o mundo estão relacionados
com os efeitos-estufa gerados pela humanidade. "Tomando isso como base,
parece justo que os países causadores igualmente assumam cerca de um terço dos
custos."
Dez ações contra as mudanças
climáticas
Usar menos carvão, petróleo e
gás
A maioria dos gases estufa
provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de
edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem
utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também
protege o clima.
Produzir
a própria energia limpa
Hoje,
energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás
natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível
produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados
oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está
estabelecida.
Apoiar
boas ideias
Cada
vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas
renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck,
município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome.
Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Não
apoiar empresas poluentes
Um
número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e
cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na
Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de
desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades.
Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Andar
de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas,
ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um
ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em
Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas
ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Melhor
não voar
Viajar
de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema:
para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir,
em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma
viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5
toneladas de CO2.
Comer
menos carne
Para
o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos
estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é
muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de
carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal.
Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Comprar
alimentos orgânicos
O
óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o
efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia
e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais
no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica
e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Sustentabilidade
na construção e no consumo
Na
produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele
é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha
consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o
consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas
para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande
quantidade dele.
Assumir
responsabilidades
Como
evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas
virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes
estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro.
Todos podem ajudar para que isso possa acontecer. (dw)
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