Cerrado é o bioma brasileiro com maior taxa de
desmatamento, diz estudo.
Cerrado – Região possui apenas 7,7% de seu
território integrado às áreas públicas de proteção integral, enquanto 45% da
superfície original é ocupada por pastagens e cultivos agrícolas.
Conhecido
como a “savana brasileira”, o Cerrado é o bioma que vem sendo mais impactado
pelo desmatamento no País. Cerca de 10 mil km² são devastados na região por
ano, o que corresponde a 1 milhão de campos de futebol – área equivalente a
quase duas cidades de Brasília. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia (Ipam), o Cerrado está sendo desmatado cinco vezes mais
rápido que a Amazônia, bioma com o dobro de extensão. Entre os fatores que
favorecem essa exploração está a vegetação de pequeno e médio portes do
Cerrado, que pode ser retirada com maior facilidade.
A
derrubada de vegetação nativa, a expansão rural e a baixa quantidade de áreas
protegidas faz com que o Cerrado seja uma das principais fontes de emissões de
Gases do Efeito Estufa (GEE) no Brasil: 7 bilhões de toneladas de gases nos
últimos 30 anos. Atualmente, 45% da área original é ocupada por pastagens e
cultivos agrícolas, enquanto apenas 7,7% do território possui áreas públicas
com proteção integral para conservar habitats naturais. Dados do IBAMA indicam
que 900 multas por desmatamento na região foram aplicadas em 2018.
Na
análise do gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de
Proteção à Natureza, André Ferretti, as estratégias de conservação no bioma
devem ser revistas para garantir menor impacto.
Região
possui apenas 7,7% de seu território integrado às áreas públicas de proteção
integral, enquanto 45% da superfície original é ocupada por pastagens e
cultivos agrícolas.
“A
exploração desordenada do Cerrado prejudica a regulação climática, a
preservação da biodiversidade e o equilíbrio hidrológico, já que a região é
berço das nascentes das principais bacias hidrográficas do País. É preciso
conservar áreas naturais existentes, ecossistemas frágeis e espécies ameaçadas;
fazer a restauração de regiões excessivamente degradadas e investir na criação
de unidades de conversação, que atualmente são escassas neste território.
Produção e conservação precisam ser aliadas para garantir que a biodiversidade
seja preservada e serviços ecossistêmicos, como polinização e o fornecimento de
água, sejam mantidos”, destaca o também coordenador do Observatório do Clima e
membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
O
impacto do Cerrado foi uma das pautas discutidas durante as reuniões da 24ª
Conferência das Partes (COP 24) das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,
realizada em dezembro de 2018, na Polônia. Participante do evento, Ferretti
explica que a redução das emissões dos GEE é uma urgência que deve ser
priorizada pelas esferas pública e privada. “É preciso amenizar as emissões
provenientes da agropecuária e capturar carbono da atmosfera para mitigar as
mudanças climáticas. No caso do Cerrado, governos, instituições privadas e a
sociedade civil devem agir em conjunto para satisfazer todos os interesses.
Desse modo, é importante desenvolver políticas públicas de conservação do
Cerrado, reforçar os programas de monitoramento de desmatamento e promover
incentivos para a agropecuária sustentável e de baixo carbono, visando um
manejo equilibrado”, ressalta.
Desmatamento
do Cerrado supera o da Amazônia.
De
acordo com o relatório produzido sobre o Cerrado pelo Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia, há ainda cerca de 25 mil km² de áreas públicas sem
categoria fundiária definida, que podem ser alvo de desmatamento irregular e
grilagem de terras. Essa invasão pode ocorrer rapidamente, considerando a
velocidade do desmatamento no Cerrado. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário