A
China e a Índia são os dois países mais populosos do mundo, mas vão alternar a
posição e experimentar mudanças significativas nas próximas décadas. Em 1950, a China tinha
uma população de 554,4 milhões de habitantes, cerca de 50% superior aos 376,3
milhões de habitantes da Índia. Em 1981 a China atingiu 1 bilhão de habitantes
e tinha uma população cerca de 40% superior aos 713 milhões da Índia. Em 1998, a Índia
atingiu 1 bilhão de habitantes e a China chegou a 1,27 bilhão (25% a mais). Em
2017, a China ultrapassou os 1,40 bilhão de pessoas e tinha uma população 5%
superior aos 1,34 bilhão da Índia, conforme mostra o gráfico abaixo com dados
da Divisão de População da ONU.
Portanto,
os dois países apresentaram grande crescimento populacional, mas com a China
crescendo em ritmo mais lento do que a Índia, sendo que a ultrapassagem vai
ocorrer em 2024, quando a China terá 1,436 bilhão de habitantes e a Índia terá
1,438 bilhão de pessoas. O pico populacional da China vai ocorrer em 2029, com
um volume de 1,44 bilhão de habitantes. O pico populacional da Índia deve
ocorrer em 2061, com um volume de 1,68 bilhão de habitantes. A estimativa da Divisão
de População da ONU para 2100 é de 1 bilhão de pessoas na China e de 1,52
bilhão de pessoas na Índia.
Embora
a queda da taxa de fecundidade tenha começado no início da década de 1970 nos
dois países, o ritmo da redução do número de filhos por mulher foi bem mais
rápido na China, que apresentou TFT abaixo do nível de reposição no quinquênio
1990-95, enquanto a Índia só deve atingir níveis de fecundidade abaixo do nível
de reposição no quinquênio 2030-35. A rápida queda da taxa de fecundidade na
China se reflete no formato da pirâmide populacional, que já tinha uma base
muito estreita em 2017 e vai apresentar uma redução ainda maior em 2050 e um
grande envelhecimento populacional.
Na
Índia, como mostram as pirâmides abaixo, a redução da base se deu de forma mais
lenta e, consequentemente, o processo de envelhecimento populacional o ocorre
de forma mais branda. Em ambos os países se nota um superávit de homens na
população até o grupo etário 60-65 anos. O excedente de homens na China e na
Índia é tão grande que faz o mundo possuir mais homens do que mulheres, embora
a maioria dos países do globo tenham um excedente feminino.
Uma
forma mais detalhada de avaliar as mudanças demográficas é observar o
comportamento dos três grandes grupos etários: crianças (0-14 anos), adultos em
idade de trabalhar (15-64 anos) e idosos (65 anos e mais). Nota-se que na China
a população em idade ativa (PIA) chegou no pico de 1 bilhão de pessoas em 2015
e já apresenta uma tendência de redução, devendo cair aproximadamente pela
metade até 2100. A redução da oferta de força de trabalho vai forçar a China a
investir em tecnologias poupadoras de trabalho, para manter a produção e a
renda per capita em crescimento, num cenário de elevado envelhecimento
populacional.
Já
no caso da Índia, o pico da PIA deve ocorrer em torno de 2050, quando haverá
1,1 bilhão de pessoas em idade ativa. Portanto, o desafio da Índia é aumentar a
geração de emprego para absorver o incremento demográfico das próximas décadas.
A população indiana de 0-14 anos já está diminuindo e o envelhecimento
populacional vai ocorrer de forma mais lenta do que na China. A Índia é um país
de renda baixa e terá um grande desafio de expandir quantitativamente e
qualitativamente o nível de emprego e a produtividade geral dos fatores de
produção.
Mas
o maior desafio dos dois países ocorre pelo lado ambiental. Segundo a Global
Footprint Network, a China tem o maior déficit ecológico do mundo e a Índia tem
o terceiro maior (os EUA apresentam o 2º maior déficit). Os dois gigantes
asiáticos já enfrentam problemas como a falta de água potável para o consumo
humano direto e para a produção de alimentos, a poluição generalizada das águas
e do solo, a poluição do ar, etc. Também são grandes emissores de gases de
efeito estufa que aceleram o aquecimento global e ameaçam desestabilizar o
clima planetário.
De
certa forma, os desafios da China e da Índia são desafios compartilhados com a
comunidade internacional e é impossível que o resto do mundo possa ignorar o que
acontece nestas duas nações, que deram grandes contribuições para o mundo, mas
também que contribuem enormemente para a possibilidade de um colapso ambiental
global. (ecodebate)
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