Aquecimento global deve levar a perdas mundiais de
produtividade equivalentes a 80 milhões de empregos.
Aumento no estresse térmico relacionado às mudanças
climáticas deve trazer perda de produtividade equivalente a 80 milhões de
empregos
De
acordo com o relatório, a expectativa é de que o setor mais afetado seja o da
agricultura, que atualmente emprega 940 milhões de pessoas em todo o mundo.
Estimativa
é de que aquecimento global resulte
em aumento no estresse térmico relacionado ao trabalho, prejudicando
produtividade e causando perdas econômicas e de emprego; países mais pobres
serão os mais afetados; no Brasil, perdas podem ser equivalentes a quase 850
mil empregos.
ONU News
Um
aumento no estresse térmico resultante do aquecimento global deverá levar a
perdas mundiais de produtividade equivalentes a 80 milhões de empregos em tempo
integral no ano de 2030. A informação consta num novo relatório da Organização Internacional
do Trabalho, OIT, publicado em 01/07/19.
Projeções
baseadas em um aumento de temperatura global de 1,5°C até o final deste século
sugerem que, em 2030, 2,2% do total de horas de trabalho em todo o mundo serão
perdidos devido às temperaturas mais altas. Isso corresponde a perdas
econômicas globais de US$ 2,4 trilhões.
O setor de construção também será
severamente impactado.
Estimativas
O
relatório alerta ainda que esta é uma estimativa conservadora, porque assume
que o aumento da temperatura média global não será superior a 1,5°C. Também
pressupõe que o trabalho na agricultura e na construção, dois dos setores mais
afetados pelo estresse térmico, são realizados à sombra.
O
novo estudo da OIT, “Trabalhando em um planeta mais quente: O impacto do estresse térmico na
produtividade do trabalho e trabalho decente”, baseia-se em dados
climáticos, fisiológicos e de emprego. Ele apresenta estimativas das perdas de
produtividade atuais e projetadas nos níveis nacional, regional e global.
Estresse Térmico
O
estresse térmico refere-se ao calor em excesso que o corpo pode tolerar sem
sofrer danos fisiológicos. Isso geralmente ocorre em temperaturas acima de
35°C, em alta umidade.
A
OIT aponta que o excesso de calor durante o trabalho é um risco para a
saúde ocupacional. Ele restringe as funções e capacidades físicas dos
trabalhadores, a capacidade de trabalho e, portanto, a produtividade, e em
casos extremos, pode levar à insolação, o que pode ser fatal.
Agricultura
De
acordo com o relatório, a expectativa é de que o setor mais afetado seja o da
agricultura, que atualmente emprega 940 milhões de pessoas em todo o mundo. A
projeção é de que a agricultura será responsável por 60% das horas de trabalho
globais perdidas devido ao estresse térmico no ano de 2030.
O
setor de construção também será severamente impactado, com uma estimativa de
19% das horas de trabalho globais perdidas na mesma data. Outros setores
especialmente em risco são bens e serviços ambientais, coleta de lixo,
emergência, reparos, transporte, turismo, esportes e algumas formas de trabalho
industrial.
Impacto
O
estudo destaca que o impacto será distribuído de forma desigual em todo o mundo.
Espera-se que as regiões que perderão mais horas de trabalho sejam o sul da
Ásia e a África Ocidental, onde aproximadamente 5% das horas de trabalho
deverão ser perdidas em 2030.
Isso
corresponde a cerca de 43 milhões e 9 milhões de empregos, respectivamente.
Além
disso, serão as pessoas das regiões mais pobres que sofrerão as perdas
econômicas mais significativas. Espera-se que os países de renda média-baixa e
baixa sofram mais, especialmente porque têm menos recursos para se adaptar
efetivamente ao aumento do calor.
De
acordo com a OIM, as perdas econômicas de estresse por calor reforçarão,
portanto, a desvantagem econômica já existente, em particular as taxas mais
altas de pobreza no trabalho, emprego informal e vulnerável, agricultura de
subsistência e falta de proteção social.
Assista
ao vídeo Impacto do calor em excesso nos empregos do mundo: https://www.youtube.com/watch?v=xAtFMKyrUKA
Lusófonos
No
Brasil, embora a parcela estimada de horas de trabalho perdidas no país tenha
sido de 0,44% em 1995, devido a população considerável, isso significa que a
perda de produtividade causada pelo estresse térmico se traduziu em um
equivalente a 314 mil empregos em tempo integral.
Já
a projeção para 2030, é de que as perdas de produtividade no Brasil sejam
equivalentes a 849.9 mil empregos em tempo integral.
O
relatório indica que como resultado da mudança climática, a perda de
produtividade em termos de jornada de trabalho deve aumentar em praticamente
todos os países da América do Sul.
Em
Moçambique a projeção para 2030 é de que as perdas correspondam a 272 mil
empregos em tempo integral, em Angola a 34 mil, em Guiné-Bissau a 39 mil, em
Timor-Leste a 2 mil e em Portugal a 0.2 mil.
Consequências
Para
a chefe de unidade no Departamento de Pesquisa da OIT, Catherine Saget, “o
impacto do estresse térmico na produtividade do trabalho é uma consequência
séria da mudança climática.”
Ela disse que se pode “esperar mais desigualdade entre países de baixa e alta
renda” e uma piora “nas condições de trabalho para os mais vulneráveis”.
A
OIT também alerta que o estresse por calor afetará milhões de mulheres que
compõem a maioria dos trabalhadores na agricultura de subsistência, assim como
os homens que dominam a indústria da construção. As consequências sociais podem
incluir o aumento da migração, à medida que os trabalhadores deixam as áreas
rurais em busca de melhores perspectivas.
O
relatório pede maiores esforços para projetar, financiar e implementar
políticas nacionais que possam enfrentar os riscos do estresse térmico e
proteger os trabalhadores. Estes incluem infraestruturas adequadas e melhores
sistemas de aviso prévio e melhor implementação das normas internacionais de
trabalho, como na área de segurança e saúde ocupacional, para ajudar a elaborar
políticas que possam lidar com estes riscos. (ecodebate)
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