O Círculo Ártico está queimando.
Não, não é impressão sua. O
inverno de 2019 está sendo atipicamente quente – e no hemisfério Norte o verão
está quebrando recordes de temperatura. Segundo o programa de monitoramento
climático Copernicus Climate Change Service (abreviado como C3S), a
onda de calor que está varrendo o planeta já fez com que o último mês de junho
fosse o mais quente já registrado. Enquanto isso, o círculo Ártico está
sofrendo com a pior temporada de incêndios florestais já vista.
Vídeo chocante de urso polar
mostra que o aquecimento global está destruindo a vida selvagem
De acordo com a Organização
Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que
acompanha o clima e o tempo, desde o início de junho, mais de uma centena de
incêndios florestais aconteceram nesse pedaço do globo. Apenas no mês passado,
esses incêndios jogaram na atmosfera 50 megatoneladas de CO2 – o que
é igual às emissões anuais da Suécia. O órgão classificou os eventos como “sem
precedentes”.
Do Alasca à Sibéria, enormes
faixas de chamas e fumaça estão envolvendo o hemisfério Norte do planeta. Ainda
que incêndios florestais no ártico e na região boreal não sejam uma anomalia,
eles têm ficado muito piores. Em 2013, um grupo de cientistas publicou um
estudo demonstrando que as queimadas que vêm sendo observadas em florestas
boreais ultrapassaram os limites estabelecidos nos último 10 mil anos.
De acordo com o jornal
britânico “The Guardian”, na Groenlândia, o prolongado incêndio em Sisimiut,
detectado pela primeira vez no dia 10 julho, veio em um momento de calor e seca
incomuns, em que o derretimento da vasta camada de gelo no país começou um mês
antes do normal. No Alasca, houve relatos de pelo menos 400 incêndios
florestais.
Imagem de satélite mostra
incêndios no Alasca e no Canadá.
Prejuízo para a atmosfera
O Ártico também é, até o
momento, a região mais drasticamente afetada pela crise climática, registrando
um aquecimento duas vezes mais rápido do que o do resto da Terra. À CNN, a
cientista Claudia Volosciuk, da OMM, declarou que, na Sibéria, a temperatura
média de junho deste ano foi quase 5,5°C mais quente do que a média de longo
prazo entre 1981 e 2010.
Cientistas chocados com o
descongelamento do permafrost do Ártico 70 anos antes do previsto
Em entrevista ao USA Today, o
geógrafo ambiental da London School of Economics Thomas Smith afirmou que a
incêndios desta magnitude nunca foram registrados nos 16 anos de registro por
satélite. Além das florestas, alguns dos incêndios aparentam estar queimando a
turfa que cobre as regiões mais ao norte do planeta. Smith explica que essa
situação é preocupante porque, enquanto queimadas em florestas tipicamente
acabam em algumas horas, esse tipo de solo pode queimar por dias e até mesmo
meses. E, como queimam depósitos de carbono, estes eventos podem acelerar ainda
mais o processo de aquecimento, levando a mais incêndios.
Incêndio florestal no Alasca,
registrado em 29 de julho de 2019.
“Estes são alguns dos maiores
incêndios florestais do planeta, com alguns parecendo ter mais de 100 mil
hectares [de extensão]”, contou o pesquisador. “A quantidade de [dióxido de
carbono] emitido pelos incêndios do Círculo Ártico em junho de 2019 é maior do
que a soma do CO2 liberado por incêndios no Círculo Ártico de 2010 até 2018”.
Você tem que assistir este
vídeo assustador da NASA dos últimos 140 anos de elevação de temperaturas
Na Rússia, onze de suas 49
regiões têm registros de incêndios florestais, sendo que os maiores – que
teriam sido causados por raios – aconteceram nas regiões de Irkutsk,
Krasnoyarsk e Buryatia. Segundo o Earth Observatory, da Agência Espacial
Americana (Nasa), em 22 de julho, as chamas já tinham queimado 89.076 hectares,
38.930 hectares e 10.600 hectares nessas regiões, respectivamente. E mesmo
locais em que não há relatos de incêndios nas proximidades, como em
Novosibirsk, a maior cidade siberiana, os ventos carregaram fumaça suficiente
para causar uma queda na qualidade do ar.
Em seu perfil no Twitter, o
cientista atmosférico Santiago Gassó mostrou que os incêndios siberianos
criaram uma cortina de fumaça que se espalha por 4,5 milhões km2 na região central do norte asiático.
Incêndios florestais atingem
a taiga, vegetação predominante na Sibéria.
“Isso é chocante”, escreveu.
(hypescience)
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