PIB
per capita é o indicativo mais forte.
Os veículos de notícia dos
países ricos têm maior probabilidade de enquadrar a mudança climática como uma
questão política interna, enquanto as dos países mais pobres relatam mais sobre
desastres naturais e relações internacionais.
Os veículos de notícias dos
países ricos noticiam a mudança climática de forma muito diferente das
organizações de notícias dos países mais pobres, de acordo com 1 novo relatório
— e isso não mudou muito com o passar do tempo, apesar de 1 olhar mais
detalhado sobre como essas organizações divulgam o assunto mostrar pequenos
sinais de progresso.
Em estudo publicado na
edição de setembro da Global Environmental Change, pesquisadores da Universidade do Kansas e da
Universidade de Ciência e Tecnologia de Hanoi analisaram como a mídia em 45
países e territórios enquadrou as mudanças climáticas e como essa cobertura
afetou fatores socioeconômicos e ambientais, como o PIB per capita, a
frequência de desastres naturais, os níveis de emissão de dióxido de carbono e
os níveis de liberdade de imprensa.
A amostra total incluiu
37.670 artigos jornalísticos, publicados de 2011 a 2015, de 84 publicações
(geralmente jornais) em 4 idiomas (inglês, francês, espanhol e português). Os
pesquisadores então classificaram o enquadramento de cada 1 dos artigos,
atribuindo a cada, 1 dos sete quadros: Impacto Econômico, Política Doméstica /
Impacto Regulatório, Evidência Científica, Progresso Social, Energia, Relações
Internacionais e Impacto Natural.
Saiba o que eles encontraram:
— Eu teria pensado / esperado
que a concepção da cobertura das mudanças climáticas mudasse com o tempo
(tornando-se mais urgente?), mas isso não aconteceu, pelo menos durante os 4
anos abordados neste estudo: o enquadramento foi amplamente consistente durante
o período. A urgência de cobertura da
mudança climática continua sendo 1 problema nos Estados Unidos,
e muitos jornais falham em cobrir o
mínimo da temática.
Há alguns pontos positivos:
o The Guardian, que tem uma presença expressiva nos EUA, anunciou este ano que está
descartando o termo “mudança climática” em
favor de “emergência climática, crise ou
colapso”. As publicações estão se unindo para
cobrir as mudanças climáticas. A cobertura do assunto aumentou 20% nos
EUA em 2018, de acordo com o Observatório de Mídia
e Mudança Climática (MeCCO) da Universidade do Colorado – e
alguns jornais dos EUA estão cobrindo mais o tema; do relatório da MeCCO para
junho de 2019:
A cobertura nos EUA aumentou
5% na mídia impressa e quase 47% na televisão em comparação com o mês anterior.
Quando esse aumento na cobertura dos veículos é desagregado, pode-se detectar 1
conjunto ligeiramente diferente de tendências. Estas mostram que, na verdade, a
maioria desses aumentos se deve ao aumento da cobertura no The New York Times, seguido por aumentos na versão impressa do The Washington Post, e na cobertura da CNN, Fox News eMSNBC na
televisão. Na verdade, esse aumento da cobertura da mudança climática na mídia
norte-americana nos últimos meses está ocorrendo apesar da cobertura mais
abundante nas principais organizações de notícias da rede americana de TV
– ABC News, CBS News, NBC
News e PBS Newshour – junto com mídias impressas de prestígio dos EUA – The Wall Street Journal e USA
Today.
— Quanto mais rica a nação,
“mais provavelmente sua mídia retratará a mudança climática como questões de
ciência e política interna… A imprensa dos países mais ricos é menos propensa a
discutir a mudança climática a partir do impacto natural e dos ângulos das
relações internacionais”. O PIB per capita foi o indicativo mais forte de como
a mídia de 1 país conduziria sua cobertura.
Os meios de comunicação dos
países mais ricos são mais propensos a enquadrar a mudança climática como uma
questão de política interna. Isso, talvez, seja porque a voz dos céticos quanto
a mudança do clima nos países mais ricos ganhou uma proeminência mais forte na
mídia. Nesses países, a mudança climática é uma questão altamente contestada
por inúmeros grupos, em seus esforços de politização da mudança climática, nos
quais tentam influenciar a agenda midiática e a formulação de políticas. Além
disso, as regras de relato equilibrado na mídia em alguns países democráticos
pode ter obrigado os jornalistas a incluir vários pontos de vista sobre a
mudança climática, afetando a percepção do público e dos tomadores de decisão
sobre a mudança climática. Essas práticas de relato também oferecem uma
possível explicação do motivo pelo qual os meios de comunicação nos países com
PIB mais alto têm maior probabilidade de enquadrar a mudança climática como uma
questão de política interna.
— A mídia em países que
frequentemente sofrem com desastres naturais “tendem a enquadrar as
mudanças climáticas através das lentes do impacto natural”; os países que tinham governos mais eficazes tinham
menor probabilidade de enquadrar as mudanças climáticas à luz dos desastres
naturais. Em junho de 2019, por exemplo, a MeCCO constatou que a cobertura da
mudança climática na Índia aumentou 67% em relação ao mês anterior, devido em
grande parte às ondas de calor recorde e à seca.
— O progresso social foi o
quadro menos utilizado, com menos de 4% do conteúdo “dedicado a cobrir novos
estilos de vida ou desenvolvimentos sociais relacionados à mudança climática“. (poder360)
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