Emergência
Climática: Para atingir a meta do Acordo de Paris, o corte de emissões globais
precisa ser de 7,6% ao ano, afirma relatório da ONU.
Com
os atuais compromissos, o mundo caminha para um aumento de temperatura de
3,2°C.
As
tecnologias e o conhecimento necessários para reduzir as emissões já existem,
mas as transformações precisam começar já.
Os
países do G20 respondem por 78% de todas as emissões, mas 15 membros do G20 não
se comprometeram com um cronograma para emissões líquidas zero.
Às
vésperas do ano em que as nações deverão fortalecer seus compromissos
climáticos de Paris, um novo relatório lançado pelo Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA) faz um alerta. A menos que as emissões globais de
gases de efeito estufa (GEEs) caiam 7,6% ao ano entre 2020 e 2030, o mundo
perderá a oportunidade de entrar na trajetória rumo à meta do Acordo de Paris
de limitar o aumento da temperatura em até 1,5°C.
O Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2019 (Emissions Gap Report, em inglês) do PNUMA afirma que, mesmo que
todos os compromissos atuais sob o Acordo de Paris sejam implementados, as
temperaturas deverão subir 3,2°C, trazendo impactos climáticos ainda maiores e
mais destrutivos. Para alcançar a meta de 1,5°C, a ambição coletiva precisa
aumentar em mais de cinco vezes em relação aos níveis atuais para proporcionar
os cortes necessários na próxima década.
O
ano de 2020 é um ano crítico para a ação climática. A conferência das Nações
Unidas sobre mudança do clima, em Glasgow, objetiva determinar o curso futuro
dos esforços para evitar a crise. Nela, os países precisam intensificar
significativamente seus compromissos climáticos.
“Por
dez anos, o Relatório sobre a Lacuna de Emissões tem soado o alarme, e por dez
anos o mundo só aumentou suas emissões”, disse o Secretário-Geral da ONU,
António Guterres. “Nunca foi tão importante dar ouvidos à ciência. A não
observação desses avisos e tomar medidas drásticas para reverter as emissões
implica que continuaremos a testemunhar ondas de calor mortais e tempestades e
poluição catastróficas”.
O
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que se a
temperatura ultrapassar 1,5°C a frequência e a intensidade dos impactos
climáticos, como as ondas de calor e tempestades testemunhadas em todo o mundo nos
últimos anos, aumentarão.
“Nosso
fracasso coletivo em agir cedo e com firmeza com relação às mudanças climáticas
significa que agora precisamos realizar grandes cortes nas emissões, de mais de
7% ao ano, se forem distribuídos uniformemente na próxima década”, afirmou
Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA. “Isso mostra que os países
simplesmente não podem esperar até o final de 2020, quando precisaremos de
novos compromissos climáticos, para intensificar suas ações. Eles e todas as
cidades, regiões, empresas e indivíduos devem agir agora”.
“Precisamos de vitórias rápidas para reduzir as emissões o máximo
possível em 2020, e Contribuições Nacionalmente Determinadas (CNDs) mais fortes
para iniciar as principais transformações em economias e sociedades. Precisamos
compensar os anos em que procrastinamos”, acrescentou. “Se não fizermos isso, a
meta de 1,5°C estará fora de alcance antes de 2030”.
Os
países do G20 respondem coletivamente por 75% de todas as emissões, mas apenas
cinco membros do G20 se comprometeram com uma meta de emissões zero em longo
prazo.
No
curto prazo, os países desenvolvidos terão que reduzir suas emissões mais
rapidamente que os países em desenvolvimento, por razões de justiça e equidade.
No entanto, todos os países precisarão contribuir mais para os efeitos
coletivos. Os países em desenvolvimento podem aprender com os esforços
bem-sucedidos nos países desenvolvidos e podem até ultrapassá-los e adotar
tecnologias mais limpas em um ritmo mais rápido.
O
relatório diz que todas as nações precisam aumentar substancialmente a ambição
em suas CNDs, como são conhecidos os compromissos de Paris, em 2020 e
acompanhar políticas e estratégias para implementá-las. Estão disponíveis
soluções para viabilizar o cumprimento das metas de Paris, mas elas não estão
sendo implantadas com rapidez suficiente ou em escala suficientemente grande.
A
cada ano, o relatório do PNUMA avalia a diferença entre as emissões previstas
para 2030 e os níveis consistentes com as metas de 1,5°C e de 2°C do Acordo de
Paris. O relatório constata que as emissões de GEE aumentaram 1,5% ao ano na
última década. As emissões em 2018, incluindo as mudanças no uso da terra, como
o desmatamento, atingiram uma nova alta de 55,3 gigatoneladas de CO2 equivalente.
Para
limitar o aumento das temperaturas, as emissões anuais em 2030 precisam ser 15
gigatoneladas de CO2 equivalente mais baixas do que as CNDs
atuais para a meta de 2°C e 32 gigatoneladas mais baixas para a meta de 1,5°C.
Em termos anuais, isso significa reduções de 7,6% ao ano entre 2020 a 2030 para
cumprir a meta de 1,5°C e 2,7% ao ano para a meta de 2°C.
Para
cumprir esses cortes, os níveis de ambição nas CNDs precisam aumentar pelo
menos cinco vezes para a meta de 1,5°C e três vezes para os 2°C.
De
acordo com o relatório, as mudanças do clima ainda podem ser limitadas a 1,5°C.
Há uma maior compreensão dos benefícios adicionais da ação climática, como ar
limpo e o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Existem
muitos esforços ambiciosos de governos, cidades, empresas e investidores. As
opções de soluções e a pressão e vontade de implementá-las são mais abundantes
do que nunca.
Como
ocorre todos os anos, o relatório concentra-se no potencial de setores
específicos para proporcionar cortes de emissões. Em 2019, ele analisa a
transição energética e o potencial de eficiência no uso de materiais, o que
pode ajudar bastante a diminuir o déficit de
emissões. (ecodebate)
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