A crise ambiental global
colocará 5 bilhões de pessoas em risco até 2050.
É
triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve” - Victor Hugo
Cinco bilhões de pessoas em
todo o mundo – especialmente aquelas de comunidades mais pobres – deverão
enfrentar, até 2050, um risco crescente de suportar tempestades costeiras,
poluição da água e perdas de colheitas ligadas à crise climática causada pelo
crescimento das atividades antrópicas.
Artigo de Rebecca
CHAPLIN-KRAMER, publicado na revista Science (10/2019), buscou entender e
mapear os locais onde a natureza mais contribui para viabilizar a vida das
pessoas e quantas pessoas podem ser impactadas pelas mudanças climáticas e pela
crise ambiental. Os autores se concentraram em três áreas nas quais a natureza
é considerada extremamente benéfica para as pessoas – regulação da qualidade da
água, proteção contra riscos costeiros e polinização de culturas – e analisaram
como elas podem mudar ao longo das próximas décadas. Foi desenvolvido um mapa
interativo para destacar os resultados.
Conhecer a distribuição
espacial das áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas e a degradação
ambiental é fundamental para orientar a iniciativa privada e as políticas
públicas na tarefa de fazer a transição energética dos combustíveis fósseis
para as fontes totalmente renováveis e promover a restauração da natureza para ajudar
a evitar impactos mais catastróficos do aumento da temperatura e do colapso dos
ecossistemas.
O estudo mostra que a atual
governança ambiental – nos níveis local, regional e internacional – não está
incentivando as regiões mais vulneráveis a investir na recuperação dos
ecossistemas. Se o crescimento demoeconômico continuar ao longo do século XXI,
a ecologia não será capaz de fornecer o seguro natural diante dos impactos
induzidos pelas mudanças climáticas em alimentos, água e infraestrutura. As populações
da África e da Ásia serão as mais desfavorecidas pelos “rendimentos
decrescentes” da natureza.
5 bilhões de pessoas em risco
até 2050 por conta da crise climática.
Ou seja, o “crescimento
sustentado” que é a base do desenvolvimento global – alavancado pelos
combustíveis fósseis – gerou uma quantidade astronômica de bens de consumo a
serviço do elevado padrão de vida da humanidade, mas ultrapassou a capacidade
de carga da Terra. A perda de resiliência ecológica fará a máquina insana de
acumulação de riqueza perder a sua base natural e entrar em regressão, pois sem
ECOlogia não há ECOnomia.
A extinção da vida natural e
da vitalidade dos ecossistemas pode colocar em xeque a própria existência da
humanidade. Por conta disto o movimento “Extinction Rebellion” (Rebelião ou
Extinção) busca engajar as pessoas na luta contra o colapso climático e
ambiental, evitando o holocausto ecológico e o risco de extinção. O objetivo da
“Rebelião da Extinção” é exercer pressão sobre os governantes e fortalecer a
sociedade civil no sentido de enfrentar o caos climático e a degradação dos
ecossistemas.
O grupo Rebelião ou Extinção
tem três demandas centrais:
1) que o governo “conte a
verdade à população declarando uma emergência climática e ecológica”;
2) que o governo “zere as
emissões de gases de efeito estufa até 2025”;
3) que o governo “crie uma
assembleia popular, formada por cidadãos comuns e escolhidos aleatoriamente, e
siga suas decisões sobre o meio ambiente”.
Mais de 11 mil cientistas de todo o mundo, de
maneira reiterada, alertam a humanidade sobre a ameaça de uma iminente
catástrofe ambiental e declararam que o Planeta está enfrentando uma emergência
climática. O alerta diz que os cientistas têm uma obrigação moral de alertar
claramente a humanidade sobre uma possível ameaça catastrófica que pode
provocar “sofrimento humano incalculável” (Alves, 13/11/2019).
O trabalho de Rebecca
CHAPLIN-KRAMER (Science, 10/2019) reconhece a situação de emergência climática
e é útil para mapear as áreas do mundo mais vulneráveis à crise ambiental,
fornecendo instrumentos para se criar políticas para minorar os danos
ecológicos que pode afetar cerca de 5 bilhões de pessoas no Planeta.
(ecodebate)
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