sábado, 11 de abril de 2020

As catástrofes naturais globais em 2019

“Se a economia crescente do descarte imediato dos bens e do desperdício continuar, seremos capazes de entregar a Terra ainda banhada em sol, apenas à vida bacteriana.” - Nicholas Georgescu-Roegen.
O aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa é uma realidade inquestionável e já está trazendo danos crescentes para a economia e a sociedade. Os últimos 6 anos (2014-19) foram os mais quentes já registrados e a década 2011-20 é a mais quente da série histórica. O mês de janeiro de 2020 bateu todos os recordes históricos de temperatura para o primeiro mês do ano. A atmosfera do Planeta está ficando mais quente e isto tem um impacto devastador em diversos aspectos, pois pode deixar amplas áreas da Terra inóspitas ou inabitáveis.
O jornalista David Wallace-Wells tem escrito sobre a possibilidade de uma catástrofe ambiental e o seu livro “The uninhabitable Earth: life after warming” (2019), mostra que os efeitos do aquecimento global vão ser abrangentes, terão um impacto muito rápido e vão durar muito tempo. A degradação ambiental já está ocorrendo e trazendo danos em várias áreas, como a acidificação dos solos, águas e oceanos, a precarização dos ecossistemas e os desastres climáticos extremos, como secas, chuvas, furacões e inundações de grandes proporções (Alves, 2020).
As perdas gerais decorrentes de catástrofes naturais em todo o mundo em 2019 totalizaram US$ 150 bilhões, praticamente em linha com a média ajustada pela inflação dos últimos 30 anos e abaixo dos US$ 186 bilhões em 2018, segundo a seguradora Munich Re, conforme mostrado na figura abaixo.
Houve 820 eventos que causaram perdas em 2019, em comparação com 850 eventos em 2018. As perdas seguradas nos eventos de 2019 totalizaram US$ 52 bilhões, abaixo dos US$ 86 bilhões em 2018. Catástrofes naturais em 2019 causaram cerca de 9.000 mortes, em comparação com 15.000 em 2018.
Sete desastres causaram danos estimados em mais de US$ 10 bilhões: as inundações no norte da Índia e o tufão Lekima, na China (US$ 10 bilhões cada); o Furacão Dorian, na América do Norte (US$ 11,4 bilhões); as inundações de junho a agosto na China (US$ 12 bilhões); inundações no meio-oeste e sul dos Estados Unidos (US$ 12,5 bilhões); o tufão Hagibis, no Japão, em outubro, (US$ 15 bilhões); e os incêndios florestais na Califórnia, de outubro a novembro (US$ 25 bilhões). A pior catástrofe classificada pelo número de mortes foi o ciclone Idai, que atingiu Moçambique, Malawi, Zimbábue e África do Sul em março e causou mais de 1.000 mortes.
O gráfico abaixo mostra que o número de catástrofes “naturais” no mundo está aumentando no período 1980 a 2018, sendo que os eventos meteorológicos e os eventos hídricos são os mais comuns, mas os eventos climáticos são crescentes.
Enquanto a roda viva da economia continua sufocando as forças da natureza, os desastres “naturais” tendem a crescer de forma exponencial. Aquilo que os cientistas chamavam de maneira cautelosa de “mudanças climáticas” se transformou em “crise climática” ou “caos climático”, passando a representar um perigo existencial à civilização e uma ameaça concreta à sobrevivência da vida humana e não humana. A Terra está ficando cada vez mais inóspita e pode ter amplas áreas inabitáveis em decorrência das agressões ao meio ambiente ocorridas, principalmente, desde o início da Revolução Industrial e Energética.
Para Herman Daly, um dos principais autores da economia ecológica, as atividades humanas já ultrapassaram os limites econômicos do Planeta e entraram em uma fase de “crescimento deseconômico”. O crescimento dos custos ambientais é a demonstração que a era do enriquecimento humano às custas do empobrecimento do meio ambiente está com os dias contados e todo o modelo de desenvolvimento fóssil precisa ser repensado e redirecionado. (ecodebate)

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