quarta-feira, 1 de julho de 2020

Entre 2018-2019 desmatamento na Mata Atlântica cresce quase 30%

Mata Atlântica no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
A boa notícia é que Alagoas e Rio Grande do Norte conseguiram zerar desflorestamento; outros sete estados estão próximos de zero
Após dois períodos consecutivos de queda, aumentou o desmatamento na Mata Atlântica. Foram desflorestados entre 2018-2019 um total de 14.502 hectares – um crescimento de 27,2% comparado com o período anterior (2017-2018), que foi de 11.399 hectares. As informações são do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realizada desde 1989. O estudo teve execução técnica da Arcplan e patrocínio de Bradesco Cartões.
Mais uma vez o estado campeão de desmatamento foi Minas Gerais, que teve uma perda de quase 5.000 hectares de floresta nativa. A Bahia ficou em segundo lugar, com 3.532 hectares, seguido pelo Paraná, com 2.767 hectares. Os três líderes do ranking tiveram aumento de desflorestamento de 47%, 78% e 35% respectivamente, ao comparar com o período anterior. Já o quarto e quinto lugares da lista, Piauí e Santa Catarina, tiveram redução do desflorestamento em relação ao período 2017-1018 de 26% e 22%. Piauí somou 1.558 hectares desmatados e Santa Catarina 710 hectares.
Desflorestamentos da Mata Atlântica identificados no período 2018-2019 em comparação ao período anterior (em hectare):
UF
Área UF
UF na Lei MA
%UF na LMA
MA 2019
% MA
dec. MA 18/19
variação anterior
dec. MA 17/18
AL
2.777.724
1.524.618
55%
 142.876
9,4%
0
-100%
 8
BA
56.473.404
17.988.595
32%
 2.002.297
11,1%
 3.532
78%
 1.985
CE
14.892.047
866.120
6%
 64.044
7,4%
 25
259%
 7
ES
4.609.503
4.609.503
100%
 482.966
10,5%
 13
-31%
 19
GO
34.011.087
1.190.184
3%
 41.558
3,5%
 5
-98%
 289
MG
58.651.979
27.622.623
47%
 2.826.441
10,2%
 4.972
47%
 3.379
MS
35.714.473
6.386.441
18%
 711.692
11,1%
 381
173%
 140
PB
5.646.963
599.487
11%
 54.690
9,1%
 85
157%
 33
PE
9.815.022
1.690.563
17%
 195.659
11,6%
 79
-12%
 90
PI
25.157.775
2.661.841
11%
 900.394
33,8%
 1.558
-26%
 2.100
PR
19.930.768
19.637.895
99%
 2.318.034
11,8%
 2.767
35%
 2.049
RJ
4.377.783
4.377.783
100%
 820.062
18,7%
 44
148%
 18
RN
5.281.123
350.994
7%
 12.172
3,5%
0
-100%
 13
RS
26.876.641
13.857.127
52%
 1.091.485
7,9%
 146
-15%
 171
SC
9.573.618
9.573.618
100%
 2.186.316
22,8%
 710
-22%
 905
SE
2.191.508
1.019.753
47%
 69.710
6,8%
 139
42%
 98
SP
24.822.624
17.072.755
69%
 2.344.276
13,7%
 43
-55%
 96
Tt
340.804.043
131.029.898
38%
16.264.674
12,4%
 14.502
27,2%
 11.399
“A ampliação do desmatamento da Mata Atlântica observada mostra que a destruição do meio ambiente não tem ocorrido apenas na Amazônia. E o fato é preocupante, já que restam apenas 12,4% da Mata Atlântica – o bioma é o que mais perdeu floresta no país até hoje”, afirma Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica.
“Ficamos decepcionados, pois os desmatamentos seguem nas mesmas regiões. Observamos vários desmatamentos em áreas interioranas e nos limites da Mata Atlântica com o Cerrado em Minas Gerais, na Bahia e no Piauí, além de regiões com araucárias no Paraná. Como são áreas já mapeadas anteriormente, os desmatamentos poderiam ter sido evitados com maior ação do poder público. É lamentável que sigam destruindo nossas florestas naturais, ano após ano”, afirma Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica e coordenadora geral do Atlas.
Plantação de eucaliptos no sul da Bahia, segundo estado que mais perdeu Mata Atlântica entre 2018 e 2019.
Os estados com desmatamento zero são Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo. Marcia ressalta outra boa notícia: “Pela primeira vez dois estados conseguiram zerar os desmatamentos acima de 3 hectares: Alagoas e Rio Grande do Norte. Entre 2017-2018, Alagoas havia registrado 8 hectares de desmatamento, enquanto o Rio Grande do Norte teve 13 hectares”, afirma. O Atlas mede desflorestamentos maiores que 3 hectares. “Em muitos estados que chegaram ao nível do desmatamento zero pode ocorrer o chamado efeito formiga, os desmatamentos pequenos que continuam acontecendo em várias regiões e o satélite não enxerga. É a floresta nativa sendo derrubada aos poucos, principalmente pelo avanço de moradias e expansão urbana”, diz ela.
Desflorestamentos nos estados da Mata Atlântica identificados no período 2018-2019 em comparação aos períodos anteriores (em hectare):
Desmate observado
Tt Desmate (ha)
Intervalo (anos)
Tx anual (ha)
Período de 2018 a 2019
14.502
1
14.502
Período de 2017 a 2018
11.399
1
11.399
Período de 2016 a 2017
12.562
1
12.562
Período de 2015 a 2016
29.075
1
29.075
Período de 2014 a 2015
18.433
1
18.433
Período de 2013 a 2014
18.267
1
18.267
Período de 2012 a 2013
23.948
1
23.948
Período de 2011 a 2012
21.977
1
21.977
Período de 2010 a 2011
14.090
1
14.090
Período de 2008 a 2010
30.366
2
15.183
Período de 2005 a 2008
102.938
3
34.313
Período de 2000 a 2005
174.828
5
34.966
Período de 1995 a 2000
445.952
5
89.190
Período de 1990 a 1995
500.317
5
100.063
Período de 1985 a 1990
536.480
5
107.296
Histórico de desmatamento desde o início do monitoramento do Atlas:
Crédito: Fundação SOS Mata Atlântica (ecodebate)

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