“A população mundial precisa ser
estabilizada e, idealmente, reduzida gradualmente”.
Alerta dos cientistas mundiais
sobre a emergência climática (05/11/2019).
A
revista The Lancet publicou em 14/07/2020 um artigo que apresenta novas
projeções para a população mundial e para os diversos países. Os pesquisadores
do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington
(IHME, na sigla em inglês) apresentam números para a população humana do
Planeta em 2100 que são menores do que o cenário médio apresentado ano passado
pela Divisão de População da ONU (que é a referência maior nesta área de
projeções demográficas). Para Vollset, et. al. (14/07/2020) o maior nível
educacional das mulheres e o maior acesso aos métodos contraceptivos acelerarão
a redução das taxas de fecundidade, gerando um crescimento demográfico global
mais lento.
Se
este cenário acontecer de fato será um motivo de comemoração, pois a redução do
ritmo de crescimento demográfico não aconteceria pelo lado da mortalidade, mas
sim pelo lado da natalidade e, principalmente, em decorrência do empoderamento
das mulheres, da universalização dos direitos sexuais e reprodutivos e do
aumento do bem-estar geral dos cidadãos e cidadãs da comunidade internacional.
De
modo geral, a imprensa tratou as novas projeções como uma grande novidade dizendo
que a população mundial não ultrapassará 10 bilhões de pessoas até o final do
século e que, no caso do Brasil a população apresentará uma queda de 50 milhões
de pessoas na segunda metade do corrente século.
Mas o fato é que os cenários demográficos para 2100 apresentados pela Divisão de População da ONU são mais bem elaborados do que as projeções do IHME. No cenário mais provável da Divisão de População, o número de habitantes ficaria em torno de 9 bilhões em 2100, mas na hipótese baixa seria algo em torno de 7 bilhões de habitantes no final do século.
Do ponto de vista da qualidade de vida humana e ambiental, quanto menos gente houver no mundo melhor. Como disse o respeitado ambientalista David Attenborough: “Todos os nossos problemas ambientais se tornam mais fáceis de resolver com menos gente e mais difíceis e, em última instância, impossíveis de resolver com cada vez mais pessoas”.
A
questão é que não vai ser fácil colocar em prática os ODS da Agenda 2030 da
ONU, pois há uma tendência de estagnação secular na economia e existem muitas
forças pronatalistas que atuam junto ao conservadorismo moral e o
fundamentalismo religioso no sentido de barrar os direitos sexuais e
reprodutivos. O Brasil, do governo Bolsonaro, tem atuado nos fóruns internacionais
no sentido de restringir os direitos reprodutivos e os direitos das mulheres.
Por
conta disto, 11 mil cientistas divulgaram ano passado o documento “World
Scientists’ Warning of a Climate Emergency” (BioScience, 05/11/2019) onde
afirmam: “O crescimento econômico e populacional está entre os mais importantes
fatores do aumento das emissões de CO2 em decorrência da combustão
de combustíveis fósseis”(RIPPLE, WJ. et. al. 05/11/2019).
Desta forma, as projeções que indicam uma redução da população trazem alguma esperança para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e das demais espécies vivas da Terra. Porém, isto só vai ocorrer, na prática, se houver esforço geral e consciência da necessidade do respeito aos direitos humanos e dos direitos ambientais. (ecodebate)
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