População mundial começará a
diminuir a partir de 2064, aponta estudo.
Uma análise da Universidade
de Washington, nos Estados Unidos, prevê que a população mundial provavelmente
atingirá seu pico em 2064, chegando a aproximadamente 9,7 bilhões de pessoas.
Daí em diante, o número de seres humanos no planeta deve começar a cair,
atingindo 8,8 bilhões em 2100. A estimativa, publicada em 14/07/2020 no
periódico The
Lancet, diminui em cerca de 2 bilhões o número de pessoas no
mundo em relação a estudos anteriores.
"O crescimento contínuo
da população global ao longo do século não é mais a trajetória provável para a
população mundial", disse Christopher Murray, que liderou a pesquisa, em
declaração à imprensa. "Este estudo oferece aos governos de todos os
países a oportunidade de começar a repensar suas políticas sobre migração,
força de trabalho e desenvolvimento econômico para enfrentar os desafios
apresentados pelas mudanças demográficas."
O novo estudo também prevê grandes mudanças na estrutura etária global: 2,37 bilhões de indivíduos terão mais de 65 anos em 2100, enquanto apenas 1,7 bilhão terão menos de 20 anos de idade. "As implicações sociais, econômicas e geopolíticas de nossas previsões são substanciais. Em particular, nossas descobertas sugerem que o declínio no número de adultos em idade ativa reduzirá as taxas de crescimento do PIB que poderão resultar em grandes mudanças no poder econômico global até o final do século", ponderou Stein Emil Vollset, coautor do artigo.
Fertilidade
Grande parte desse declínio é
previsto em países de alta fertilidade, em especial na África
Subsaariana, onde as taxas devem ficar abaixo do nível de reposição
pela primeira vez — de uma média de 4,6 nascimentos por mulher em 2017
para apenas 1,7 em 2100. No Níger, por exemplo, onde a taxa de fertilidade foi
a mais alta do mundo em 2017 (aproximadamente 7), deve ser de 1,8 em 2100.
Portanto, a queda na
população mundial está diretamente relacionada à diminuição da TFR. Este
número, por sua vez, está ligado ao acesso cada vez maior a métodos
contraceptivos e à educação
sexual pelo mundo.
“Enquanto o declínio da
população é potencialmente uma boa notícia para reduzir as emissões
de carbono e o estresse nos sistemas alimentares, com mais
idosos e menos jovens surgem desafios econômicos à medida que as sociedades
lutam para crescer com menos trabalhadores e contribuintes", disse
Vollset.
"Em última análise, se
as previsões forem até 50% exatas, a migração se tornará uma necessidade para
todas as nações, e não uma opção", defendeu Ibrahim Abubakar, da
Universidade College London, na Inglaterra, que não fez parte da pesquisa, em
comentário também publicado no The
Lancet. "A distribuição das populações em idade de
trabalhar será crucial para a humanidade prosperar ou murchar."
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