Uma colaboração internacional
de cientistas liderada pela Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados
Unidos, revelou a presença de bactérias e lixo humano na estrutura de ostras
que vivem no Arquipélago de Mergui, em Mianmar. O estudo, que será publicado na
edição de setembro da Science of the Total Environment, indicou a presença de
plásticos, querosene, tinta, talco e até fórmula para bebês no organismo dos
animais.
Os pesquisadores utilizaram
tecnologia de ponta, como sequenciamento de DNA, para analisar os contaminantes
presentes na água do mar e no organismo das ostras. Segundo eles, 5.459
possíveis patógenos humanos pertencentes a 87 espécies de bactérias foram
encontrados graças à análise.
Os cientistas também usaram um método conhecido como espectroscopia de infravermelho para examinar as partículas de lixo presentes nas ostras. As 1.225 partículas individualmente estudadas foram divididas em grupos e, de acordo com os pesquisadores, são provenientes de 78 tipos diferentes de materiais contaminantes.
"Enquanto 48% das micropartículas eram microplásticos, muitas outras não eram — e se originaram de uma variedade de materiais utilizados pelos seres humanos para constituir combustíveis, tintas e cosméticos", Joleah Lamb, professora assistente de ecologia e biologia evolutiva da Universidade da Califórnia em Irvine e coautora da pesquisa, em declaração. "Ficamos particularmente surpresos ao encontrar três marcas diferentes de fórmula de leite em pó, que representavam 14% dos contaminantes dos detritos."
Perigos
A presença destes
microrganismos e detritos na estrutura dos animais é preocupante para a saúde
dos próprios animais, é claro, mas também para a dos humanos de todas as partes
do mundo. "É importante ter em mente que muitos de nossos frutos do mar
são importados do exterior, de lugares que podem estar contaminados,
enfatizando a importância de testes e melhorias da qualidade da água costeira
em todo o mundo", disse Raechel Littman, coautora do estudo e
pós-doutoranda em ecologia e biologia evolutiva.
As pesquisadoras também destacaram que mesmo o consumo indireto do lixo (principalmente de microplásticos) pode ser perigoso. Ou seja, mesmo que as pessoas não comam as ostras contaminadas, ingerir outros animais que, por sua vez, se alimentaram do molusco, também pode representar perigo.
“Este estudo tem importantes implicações globais", ponderou o coautor Douglas Rader. De acordo com ele, há fortes evidências de que ostras em outras partes do mundo também estejam contaminadas. "Essas descobertas destacam os riscos da urbanização costeira e a importância do gerenciamento adequado de águas residuais e pluviais". (globo)
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