terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Impactos dos incêndios na condição da água do Pantanal

Pesquisa avalia impactos dos incêndios na condição da água do Pantanal.
RPPN SESC Pantanal.

Parte da pesquisa é realizada na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do país, a RPPN SESC Pantanal.

Avaliar como os recentes incêndios, ocorridos em 2020, irão afetar as condições físicas, químicas e biológicas do ecossistema pantaneiro é o objetivo da pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com o apoio do Polo Socioambiental SESC Pantanal, ao longo do rio Cuiabá. Na semana em que se comemora o Dia Mundial das Áreas Úmidas (02/01), instituições atuantes no Pantanal destacam a importância do estudo na maior planície inundável do mundo para a proposição de ações de prevenção e manejo do fogo.

O projeto de pesquisa realizado em um dos limites da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do país, a RPPN SESC Pantanal, é coordenado pelo Instituto de Biociências da UFMT. Conforme o pesquisador Ibraim Fantin da Cruz, doutor em Recursos Hídricos da UFMT, serão avaliadas as possíveis consequências dos incêndios sobre a estrutura e composição dos micro-organismos aquáticos, base da cadeia alimentar dos peixes e, com isso, contribuir para a gestão dos recursos hídricos e pesqueiros no Pantanal, bem como para a proposição de ações de prevenção e manejo do fogo e para as mudanças climáticas na região.

De acordo com Ibraim, a porção baixa da bacia do rio Cuiabá, localizada no Pantanal, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, foi uma das mais afetadas e é justamente onde vivem muitas comunidades tradicionais que dependem da pesca para a sua sobrevivência, além de ser uma região ecoturística.

Apesar da escassez de estudos, algumas pesquisas científicas têm apontado que a presença das cinzas dos incêndios altera a composição química do solo e, quando ocorre o escoamento superficial, após as primeiras chuvas, substâncias presentes nelas atingem as águas dos rios, contaminando-as.

Compostos nitrogenados e potássio, especialmente, ao atingir a água em altas concentrações, se tornam tóxicos às espécies aquáticas e aos organismos do solo e também afetam a qualidade da água, podendo causar mortandade ou redução da população de peixes e, possivelmente, alterar a comunidade de micro-organismos aquáticos, fundamentais para a alimentação dos peixes.

Também estão sendo investigados os impactos do fogo sobre a fauna e flora terrestres, como forma de conhecer e quantificar os prejuízos dos incêndios florestais ao Pantanal, bem como responder aos anseios e demandas da sociedade e da comunidade científica, para criar mecanismos de proteção e de subsidiar ações emergenciais e preventivas no futuro.

Ibraim explica que a pesquisa é baseada em coletas de água do rio Cuiabá realizadas em duas campanhas. 1ª coleta foi realizada antes das primeiras chuvas. 2ª ocorrerá após o início das chuvas, quando o rio Cuiabá começa a aumentar o volume de água pelo escoamento superficial da bacia. Estão sendo amostrados 30 pontos de coleta, que foram marcados através de imagens de satélite das áreas mais afetadas pelo fogo, compreendendo o trecho de cerca de 300 km do rio Cuiabá entre Santo Antônio do Leverger e Porto Jofre.
RPPN SESC Pantanal.

Parte da pesquisa é realizada na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do país, a RPPN SESC Pantanal.

Avaliar como os recentes incêndios, ocorridos em 2020, irão afetar as condições físicas, químicas e biológicas do ecossistema pantaneiro é o objetivo da pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com o apoio do Polo Socioambiental SESC Pantanal, ao longo do rio Cuiabá. Na semana em que se comemora o Dia Mundial das Áreas Úmidas (02/01), instituições atuantes no Pantanal destacam a importância do estudo na maior planície inundável do mundo para a proposição de ações de prevenção e manejo do fogo.

O projeto de pesquisa realizado em um dos limites da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do país, a RPPN SESC Pantanal, é coordenado pelo Instituto de Biociências da UFMT. Conforme o pesquisador Ibraim Fantin da Cruz, doutor em Recursos Hídricos da UFMT, serão avaliadas as possíveis consequências dos incêndios sobre a estrutura e composição dos micro-organismos aquáticos, base da cadeia alimentar dos peixes e, com isso, contribuir para a gestão dos recursos hídricos e pesqueiros no Pantanal, bem como para a proposição de ações de prevenção e manejo do fogo e para as mudanças climáticas na região.

De acordo com Ibraim, a porção baixa da bacia do rio Cuiabá, localizada no Pantanal, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, foi uma das mais afetadas e é justamente onde vivem muitas comunidades tradicionais que dependem da pesca para a sua sobrevivência, além de ser uma região ecoturística.

Apesar da escassez de estudos, algumas pesquisas científicas têm apontado que a presença das cinzas dos incêndios altera a composição química do solo e, quando ocorre o escoamento superficial, após as primeiras chuvas, substâncias presentes nelas atingem as águas dos rios, contaminando-as.

Compostos nitrogenados e potássio, especialmente, ao atingir a água em altas concentrações, se tornam tóxicos às espécies aquáticas e aos organismos do solo e também afetam a qualidade da água, podendo causar mortandade ou redução da população de peixes e, possivelmente, alterar a comunidade de micro-organismos aquáticos, fundamentais para a alimentação dos peixes.

Também estão sendo investigados os impactos do fogo sobre a fauna e flora terrestres, como forma de conhecer e quantificar os prejuízos dos incêndios florestais ao Pantanal, bem como responder aos anseios e demandas da sociedade e da comunidade científica, para criar mecanismos de proteção e de subsidiar ações emergenciais e preventivas no futuro.

Ibraim explica que a pesquisa é baseada em coletas de água do rio Cuiabá realizadas em duas campanhas. 1ª coleta foi realizada antes das primeiras chuvas. 2ª ocorrerá após o início das chuvas, quando o rio Cuiabá começa a aumentar o volume de água pelo escoamento superficial da bacia. Estão sendo amostrados 30 pontos de coleta, que foram marcados através de imagens de satélite das áreas mais afetadas pelo fogo, compreendendo o trecho de cerca de 300 km do rio Cuiabá entre Santo Antônio do Leverger e Porto Jofre.
Benefícios das áreas úmidas

As áreas úmidas geram inúmeros benefícios aos seres vivos, incluindo os seres humanos. São um dos maiores estoques terrestres de carbono do planeta, atuam na redução de poluentes, amenizam processos erosivos, produzem biodiversidade e variabilidade genética e dão suporte às atividades culturais como o lazer, turismo, contemplação e como territórios de comunidades rurais e urbanas. A condição sazonal do Pantanal implica em dois períodos hidrológicos distintos, cheia e estiagem. Na época de estiagem, grande parte da planície, antes inundada, passa a ser um ambiente terrestre, onde a escassez de água pode inclusive afetar o abastecimento de comunidades que vivem na planície.

Em “A Bacia do Rio Cuiabá, Uma abordagem Socioambiental”, publicado por cientistas da UFMT e da Unemat, pesquisadores como a bióloga Daniela Maimoni de Figueiredo afirmam que as mudanças naturais e antrópicas do pulso de inundação têm efeitos grandes para a estrutura e funcionamento dos ecossistemas e afetam os benefícios prestados à paisagem e às populações humanas.

Daniela ressalta que o Pantanal depende fundamentalmente das águas oriundas dos Cerrados do Brasil Central, das Matas Chiquitanas da Bolívia e áreas do Chaco Paraguaio. É de grande diversidade de espécies, possui elevadas densidades populacionais de diversas espécies ameaçadas tais como a onça-pintada (Panthera onca) e a anta (Tapirus terrestris), além de uma grande variedade de macro-habitats que desperta o interesse de cientistas e turistas do mundo inteiro. É também o lugar de populações tradicionais adaptadas ao ritmo das águas pantaneiras.

“Diante de toda a rica complexidade, importância e beleza do Pantanal, esforços coletivos como estes têm buscado maneiras de compreender melhor a região e contribuir para a sustentabilidade nos diferentes usos da planície, para que se mantenha sua função essencial de garantir a sobrevivência humana e de outras espécies”, destaca a superintendente do SESC Pantanal, Christiane Caetano.

Áreas úmidas

As áreas úmidas são complexos ecossistemas que englobam desde as áreas marinhas e costeiras até as continentais e as artificiais. São classificados 42 diferentes tipos de zonas úmidas, entre eles lagos, manguezais, pântanos, áreas irrigadas para agricultura e reservatórios de hidrelétricas.

A definição do conceito de área úmida surgiu na Convenção de Ramsar. O tratado intergovernamental celebrado no Irã, em 1971, marcou o início das ações nacionais e internacionais para a conservação e o uso sustentável das zonas úmidas e de seus recursos naturais. Atualmente, 150 países são signatários do tratado, incluindo o Brasil.

A convenção classificou as áreas úmidas de importância mundial, os chamados Sítios Ramsar. Existem 1.556 sítios Ramsar reconhecidos mundialmente por suas características, biodiversidade e importância estratégica para as populações locais. No Brasil, são sete sítios Ramsar.

Importância das áreas úmidas para o planeta

As áreas úmidas existem em todos os tipos de ecossistemas e são importantes para a manutenção da biodiversidade. Situadas em uma interface entre a água e o solo, as áreas úmidas são ecossistemas complexos, pressionados não somente pela ação direta do homem, mas também pelos impactos sobre ecossistemas terrestres, marinhos e de água doces adjacentes.

Áreas úmidas abrigam enorme variedade de espécies endêmicas e também, periodicamente, espécies terrestres e de águas profundas e, portanto, contribuem substancialmente para a biodiversidade ambiental. Além disso, têm papel importante no ciclo hidrológico, ampliando a capacidade de retenção de água da região onde se localiza, promovendo o múltiplo uso das águas pelos seres humanos.

Amostras serão recolhidas periodicamente para análise.

Amostras são coletadas para detectar impacto de incêndios em rios do Pantanal.

Fase preliminar indicou que água do rio Paraguai e afluentes ainda se apresentava preservada. (ecodebate)

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