sábado, 1 de maio de 2021

Geleira na Antártida está perto de atingir ponto irreversível de degelo

Pesquisa mostra que o recuo da geleira de Pine Island pode iniciar o colapso do manto de gelo da Antártida Ocidental, aumentando o nível do mar em mais de três metros.
Estudo mostra que geleira localizada na Antártida pode cruzar seu ponto de inflexão.

Pesquisadores da Universidade de Northumbria, na Inglaterra, conseguiram comprovar, pela primeira vez, que a geleira de Pine Island pode ultrapassar um ponto de irreversível em seu processo de degelo. O estudo, publicado no último dia 25 de março no periódioco The Cryosphere, alerta para a possibilidade de que o fenômeno leve a um derretimento rápido e irreversível, com expressivas consequências globais relacionadas ao nível dos oceanos.

Localizada na região oeste da Antártida, a Pine Island é a geleira que mais tem perdido gelo no continente. Junto ao glaciar Thwaites, atualmente ela corresponde a 10% da elevação do nível dos oceanos. “O potencial que essa região tem de cruzar um ponto irreversível já tinha sido levantado no passado, mas o nosso trabalho é o primeiro a confirmar que a geleira de Pine Island pode, de fato, ultrapassar esse limite”, afirma, em nota, Sebastian Rosier, autor principal do estudo.

Por meio de um modelo de última geração que analisa o fluxo de gelo, os pesquisadores conseguiram distinguir três pontos de inflexão. “Várias simulações de computador ao redor do mundo estão tentando quantificar como as mudanças climáticas podem afetar o manto de gelo da Antártida Ocidental, mas é desafiador identificar se um período de recuo é um ponto de inflexão”, relata Rosier.

Os dois primeiros pontos mencionados na pesquisa não são muito expressivos, mas representam um aumento considerável do nível do mar. O terceiro, por sua vez, é o que mais preocupa os especialistas. Ele seria provocado pelo aquecimento dos oceanos em cerca de 1,2ºC e causaria um recuo irreversível da geleira — cenário que poderia iniciar o colapso do manto de gelo da Antártida Ocidental, que tem gelo suficiente para aumentar o nível do mar em mais de três metros.

Acredita-se que essa situação seja cada vez mais provável. Na análise dos cientistas, o aquecimento a longo prazo das Águas Profundas Circumpolar e a mudança nos padrões de ventos no mar de Amundsen são dois fatores que podem expor a plataforma de gelo da geleira de Pine Island a águas mais quentes por longos períodos.

O capitalismo e o derretimento das geleiras.

Para o pesquisador Hilmar Gudmundsson, a pesquisa representa um grande passo para compreender a dinâmica de Pine Island. “Estou animado por finalmente termos respostas mais concretas, mas as descobertas do estudo também me preocupam”, observa. “Se a geleira entrar em derretimento irreversível e instável, o impacto no nível do mar será de metros e, uma vez que o recuo começar, pode ser impossível pará-lo”, alerta Gudmundsson. (revistagalileu.globo)

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