É fundamental que a
consciência e a responsabilidade ambientalistas sejam despertadas para que as
nossas relações com a natureza, com a ecologia, com o meio ambiente sejam
pautadas pelo sentido do bem-comum e o compromisso em relação às gerações
futuras, que também tem o direito de desfrutarem de um meio ambiente saudável,
sem os graves problemas que estão sendo gerados/causados pela miopia, omissão e
insensibilidade das atuais gerações, inclusive de seus governantes.
Desde 1970, quando do
primeiro DIA DA TERRA, há mais de meio século diversos setores, pesquisadores,
cientistas e lideranças tanto públicas quanto da sociedade civil organizada, em
nível mundial, vem alertando e clamando para o fato de que não podemos
continuar nesta saga destruidora, os custos desta insanidade serão altíssimos e
recairão tanto sobre a atual geração quanto e principalmente das futuras
gerações.
O planeta terra, a MÃE TERRA
está doente, está sofrendo com as dores da irresponsabilidade geral, da
ganância dos poderosos e daqueles que imaginam que defender o meio ambiente, a
terra e combater o desmatamento, a mineração que tem deixado um rastro de
destruição e morte, a poluição, a degradação dos solos e dos cursos d’água, o
uso abusivo dos agrotóxicos sejam questões de ordem ideológica ou pauta
política de partidos e movimentos de esquerda. Neste particular é fundamental o
despertar da consciência e da responsabilidade coletiva, ou restauramos a terra
rapidamente ou estaremos avançando para um caminho sem volta, onde até mesmo a
sobrevivência humana no planeta estará ameaçada.
Há 51 anos que no dia 22 de
Abril comemora-se o DIA DA TERRA, desde as grandes manifestações que ocorreram
em várias cidades americanas em 1970, ano após ano esta data vem se revestindo
de um significado mais profundo da luta ambiental em todos os países.
Inúmeras conferências
internacionais, diversos acordos e tratados celebrados por todos os países, sob
os auspícios da ONU tem apontado para a gravidade das questões
ecológicas/ambientais e o que esses desafios representam para o planeta terra,
para a biodiversidade (flora e fauna) e, principalmente, para o ser humano.
Recentemente, o Secretário Geral da ONU, António Guterrez, dirigindo-se a inúmeros Chefes de Estado e de Governos que integram a ONU, fez mais um alerta quanto à gravidade e urgência que são necessários quanto se trata das questões ambientais, assim dizendo: “ Nós devemos envidar todos os esforços e agirmos decisivamente para proteger nosso planeta tanto do coronavírus quanto das ameaças existenciais representadas pelas mudanças climáticas”.
O fulcro dessas e de tantas
outras declarações do Secretário Geral da ONU quanto de cientistas que tem se
dedicado aos estudos sobre o clima, as mudanças climáticas, o aquecimento
global, o aumento de desastres naturais e as diferentes formas de degradação
ambiental tem sido na ênfase quanto ao comportamento totalmente irracional e
imediatista, principalmente de amplos setores governamentais e empresariais,
além da passividade e alienação popular em relação à destruição da natureza, de
forma rápida, continua e impiedosa.
A ideia subjacente a tantos
alertas é como se a humanidade estivesse travando uma guerra contra a natureza,
imaginando que a mesma é um inimigo a ser dominado, explorado de forma
predatória, sem considerar as consequências nefastas para as atuais e, pior,
para as próximas gerações. Confunde-se desenvolvimento com destruição da
natureza, com degradação ambiental, pouco se importando com o passivo ambiental
que os atuais modelos econômicos estão provocando, cuja conta, imensa e
impagável recairá sobre os ombros das próximas gerações em termos de danos ambientais,
como os decorrentes de crimes ambientais, como mineradoras, empresas
petrolíferas, desmatadores e grileiros de terras públicas, de indígenas e
florestas, madeireiros ilegais e governantes omissos e coniventes com toda esta
sanha ambiental destruidora, onde o Brasil tem se destacado de forma negativa
nos últimos tempos. A visão holística, de longo prazo cede lugar ao
imediatismo, a busca desenfreada por acumulação do capital e concentração de
renda e riqueza.
A ideia que se tem é que
estamos em Guerra declarada contra a natureza, contra a MÃE TERRA, uma guerra
estúpida e inconsequente que acabará por destruir a biodiversidade do planeta
provocando a degradação ambiental, contribuindo para a impossibilidade de todos
os tipos de vida, inclusive da vida humana, na terra.
Por essas razões e pelos efeitos danosos que esta guerra estúpida e impiedosa estão provocando, é mais do que urgente parar com a mesma, precisamos de um Tratado de Paz entre a ganância, a irracionalidade humana e a natureza, enquanto é tempo. Quando mais duradoura e irracional for esta guerra, como todas as demais guerras, piores e mais devastadoras serão suas consequências.
Na Assembleia Geral da ONU em
Abril/2009, por iniciativa do então Presidente da Bolívia, Evo Morales, com
apoio de mais 50 outros chefes de Estado e de Governo foi aprovado a proposta
de que 22/04/21 fosse declarado o DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA, ao invés de
simplesmente DIA DA TERRA.
No mesmo diapasão para
comemorar o DIA DA MÃE TERRA, a cada ano é escolhido um Tema e para 2021, em
coerência com Resolução mais recente que estabeleceu a DÉCADA DA RESTAURAÇÃO
DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS, o tema escolhido foi “RESTAURAÇÃO DA TERRA”, do
Planeta.
Mesmo que o mundo todo esteja
sendo afetado pela pandemia do CORONAVÍRUS, com níveis maiores ou menores de
restrições quanto às atividades presenciais, diversas eventos, alguns
presenciais e a maioria virtuais estarão sendo realizado não apenas em 22/04/21,
mas também ao longo deste mês, incluindo uma Reunião Virtual nos dias 22 e 23/04/21,
aberta ao público em geral, por iniciativa do Presidente dos EUA Joe Biden,
para a qual foram convidados 40 Chefes de Estado e de Governo, que representam
mais de 80% do PIB mundial e também mais de 80% das emissões de gases de
efeitos estufa, para discutirem as questões do Clima e suas consequências,
incluindo o aquecimento global.
Este evento, por iniciativa
do Presidente Biden, marca uma mudança radical da política ambiental, tanto
interna quanto internacional dos EUA, após o desastre que foi a administração
Trump, principalmente em relação ao meio ambiente e ao combate a COVID-19,
quando o mesmo retirou a maior economia do mundo, maior PIB e segundo maior
poluidor do planeta do Acordo de Paris, afrouxou as regras e normas ambientais
internas, sucateou os organismos de fiscalização Ambiental, trazendo sérias
consequências para aquele país e para o resto do mundo, modelo este seguido
“ipsis litteris” (semelhante) pelo Governo Bolsonaro, o que representa um
desastre ambiental de consequências de longo prazo.
Segundo analistas
internacionais, de vários países e meios de comunicação, esta iniciativa e
compromisso do Governo Biden, marcam também um reposicionamento e a volta dos
EUA ao cenário internacional com uma liderança forte por parte dos EUA para
encaminhar os desafios e cumprimento do Acordo de Paris, principalmente em
relação à próxima Reunião do Clima, a COP-16, sob a coordenação da ONU a ter
lugar em novembro próximo em Glasgow, na Inglaterra.
O pano de fundo nessas
discussões é a questão dos limites da soberania nacional em temas, problemas e
desafios ambientais que afetam diversos países, continentes ou o mundo/planeta
todo. Por exemplo, a questão dos rios e bacias hidrográficas internacionais, o
uso de combustíveis fósseis que tantos males tem causado ao planeta e aos seus
habitantes, o desmatamento acelerado das florestas tropicais, as queimadas de
biomas importantes, como as que aconteceram no ano passado no Pantanal, na
Amazônia e no Cerrado, a degradação das savanas que abrangem diversos países, a
poluição dos oceanos, o aquecimento da terra e outras mazelas mais.
Dentre os vários aspectos que
justificam esta preocupação, podemos mencionar que, em 2019, dados estatísticos
demonstraram que o custo da degradação Ambiental por ano nos diversos biomas
mundiais eram de US$ 6,3 trilhões ou R$ 35,2 trilhões, isto representa 7,2% do
PIB mundial naquele ano e afetava 3,2 bilhões de pessoas ou 41,6% da população
mundial.
Os objetivos do DIA
INTERNACIONAL DA MÃE TERRA e da Década de restauração/recuperação dos sistemas
degradados, serão, senão a única, pelo menos uma das mais importantes formas
para se combater as mudanças climáticas e suas metas são: restaurar/recuperar
até 2030 em torno de 350 milhões de ha de solos degradados, reduzir
drasticamente o desmatamento mundial, principalmente das florestas tropicais,
com destaque para a Amazônia, maior Floresta tropical do Planeta e atingir a
meta de um aquecimento de no máximo 1,5°C a mais do que em relação ao início do
período industrial, combater a poluição dos oceanos, defender e proteger a
biodiversidades, principalmente as espécies vegetais e animais em processo de
extinção, controlar e combater as queimadas, que geram poluição do ar e
destroem a biodiversidade, dentre outros.
No entanto, mesmo que
aparente um objetivo pouco expressivo, a recuperação das áreas degradadas, ou
seja, a recuperação desses 350 milhões de ha, pode gerar US$ 9 trilhões para a
economia mundial e também remover entre 13 e 26 gigatons de gases tóxicos que
estão “presos” na atmosfera e contribuindo para o aquecimento global e as
mudanças climáticas.
Além de lutar pela
restauração dos biomas degradados mundo afora, é fundamental que consigamos
acabar ou reduzir drasticamente os fatores e causas que estão provocando esta
degradação, dentre as quais podemos destacar o desmatamento, a destruição das
florestas que, segundo a FAO atinge 7,3 milhões de ha por ano, que entre os
anos de 2000 e 2021 atingirá 153,3 milhões de ha, boa parte dos quais se
transformam dentro de pouco tempo em áreas degradadas.
No mundo existem mais de 2,0
bilhões de ha de áreas degradadas, das quais mais de 100 milhões no Brasil,
sendo que já identificadas mais de 50 milhões de pastagens degradadas, além do
fato de que na Amazônia caminham, lado a lado o desmatamento, as queimadas, a
extração ilegal de madeiras, o garimpo e mineração também ilegais, a invasão
impune de terras indígenas e de reservas ambientais, a grilagem de terras
públicas e privadas e a especulação imobiliária que acabam contribuindo para a
formação de mais de 33,7 milhões de ha de áreas degradadas.
Segundo estudo realizado
sobre os custos de recuperação de áreas degradadas em Rondônia, o valor médio,
em 2018, era de R$30 mil por ha, assim, o custo para recuperar 12 milhões de ha
de áreas degradadas assumido pelo Brasil no Acordo de Paris seria de R$360
bilhões até 2030 ou R$3,6 bilhões de investimentos só neste projeto,
compromisso anualmente, o que não esta acontecendo e a manter-se o sucateamento
das políticas e órgãos ambientais tanto do Governo Federal quanto de governos
estaduais e municipais, não acontecerá mesmo.
Se considerarmos o total das áreas degradadas, que aumentam na proporção direta do desmatamento da Amazônia, do Cerrado e dos demais biomas, que atualmente é de 100 milhões de ha de terras degradadas, este custo (atual) é de R$3 trilhões e dentro de mais esta década, se nada for feito, além de discursos e cartas de intenção pelos governos federal e estaduais, até 2030 teremos mais de 150 milhões de áreas degradadas e os custos e prejuízos serão incalculáveis.
Isto, além de um sério prejuízo econômico, financeiro, ambiental e também afeta negativamente a imagem do Brasil no contexto internacional. Devemos ter em conta que cada ha de Floresta consegue sugar/sequestrar 26 toneladas de gases de efeito estufa, ou seja, as áreas desmatadas, ao lado das áreas degradadas no Brasil geram um impacto imenso no aquecimento do planeta, pois ao serem derrubadas as árvores liberam carbono estocado em suas raízes na atmosfera, além da poluição decorrente das queimadas e, ao mesmo tempo, deixam de exercer o papel de sugarem/sequestrarem carbono e outros gases de efeito estufa que estão “presos” na atmosfera, causando as mudanças climáticas e seus efeitos nefastos.
Além do desmatamento, das
queimadas e das áreas degradadas existem diversas outras causas ou fatores que
contribuem para a deterioração da saúde do planeta que serão abordadas em
outras ocasiões, para não tornar este artigo extenso demais.
Dentre esses podemos destacar
a poluição dos oceanos e demais cursos d’água, onde a questão da poluição por
plásticos demanda uma ação urgente; o desperdício de água, de diversos
materiais e, pior, de alimentos que chegam a mais de 60 milhões de toneladas
por ano, enquanto quase um bilhão de pessoas passam fome; a falta de saneamento
básico na maioria das cidades principalmente nos países do terceiro mundo (com
renda baixa e média) afetando a qualidade de vida de mais de 50% da humanidade,
quase quatro bilhões de pessoas, que vivem ou sobrevivem em condições
sub-humanas de vida, sobre quem recaem as consequências da degradação
ambiental.
Em 05 de junho é comemorado o
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE quando estará será oficialmente lançada pela ONU a
DÉCADA DE RESTAURAÇÃO DOS SISTEMAS/BIOMAS DEGRADADOS e ao longo deste ano e dos
demais até 2030, diversos eventos e datas “comemorativas” de aspectos
ambientais estarão sendo relembradas, ocasiões que devem ser usadas para
discutirmos a gravidade das questões ambientais nas localidades, nos estados,
países e planeta.
Enfim, a pauta
ambiental/ecológica devera estar muito mais presente nas discussões publicas e
na definição de políticas publicas de estado, de longo prazo e na alocação de
recursos orçamentários federais, estaduais e municipais. Se assim não acontecer
estaremos condenados a ser um país e não pária nas relações internacionais,
estaremos caminhando na contramão da história.
Podemos dizer que o tema
central das discussões e da luta ambientalista a partir de agora, de forma mais
enfática e efetiva , terão dois focos principais e interligados: as mudanças do
clima e como podemos e devemos fazer para combater este perigo iminente e como
podemos evitar a degradação ambiental em geral.
A resposta é apenas uma:
JUNTOS PODEMOS RESTAURAR A TERRA, curar, sarar, cuidar melhor do planeta, da
MÃE TERRA, reduzir as mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida para a
grande maioria dos excluídos em todos os países, regiões e continentes.
Existem diversas maneiras de
agirmos, tanto no plano individual, local quanto nas dimensões regionais,
sub-regionais, nacionais e internacionais, desde ações simples como plantar uma
árvore, reciclar nosso lixo, reduzirmos o desperdício, promover a educação
ambiental, passarmos a usar fontes alternativas de energia, como a solar,
eólica e outras formas, enfim, basta despertar a nossa consciência ecológica,
nossa responsabilidade quanto ao futuro do planeta e passarmos das intenções
para a prática, de preferência de forma coletiva e organizada, cujos resultados
são mais visíveis, efetivos e duradouros.
Kathleen Rogers, Presidente da “Earth Day Org”, recentemente disse de forma clara. “Estamos a beira de um precipício, se não agirmos agora, de forma efetiva, para reduzir as emissões de carbono e de outros gases que provocam o efeito estufa, a poluição em geral, principalmente do ar, e a degradação ambiental em geral, não haverá caminho de volta”. Isto demonstra uma verdade e um sentimento que de há muito vem sendo enfatizados pela comunidade científica e pelos ambientalistas em diversos países, inclusive no Brasil. Pena que a grande maioria dos governantes não ouvem essas vozes ou apenas fingem que as ouvem.
Esses são os principais recados neste DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA, em 2021! (ecodebate)







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