ONG internacional inicia uma
campanha para que as redes de supermercados da Europa cortem vínculos com
empresas envolvidas na destruição da Amazônia e do Cerrado.
Um monitoramento feito pela
ONG Mighty Earth e divulgado em 30/04/21 mostra que o desmatamento atrelado à
cadeia de fornecimento das principais empresas de soja e carne bovina do Brasil
dobrou entre abril/2020 e março/2021 (260 mil hectares) ante o período
anterior, entre março/2019 e abril/2020 (128 mil hectares).
Ao mesmo tempo, a esmagadora
maioria dos consumidores de Alemanha, França, Holanda e Reino Unido acha que os
supermercados não devem fazer negócios com as empresas que estão impulsionando
a destruição das florestas no Brasil, revela uma nova pesquisa do Instituto
YouGov realizada a pedido da ONG Mighty Earth e também divulgada hoje.
A Mighty Earth está usando
essas duas informações em uma nova campanha que pede expressamente que as redes
varejistas da Europa parem de fazer negócios com empresas ligadas ao
desmatamento no Brasil. Todos os anos, entre junho e setembro, os maiores
comerciantes mundiais de soja unem forças com os maiores produtores de soja do
Brasil para negociar contratos de compra para o próximo ano. A campanha tem o
objetivo claro de influenciar as negociações sobre requisitos contratuais, como
cláusulas que impedem a compra de soja cultivada em terras desmatadas após o
prazo de 2020.
O monitoramento da Mighty
Earth começou em março de 2019 e mostra que os dois maiores importadores
europeus de soja, Bunge e Cargill, são os comerciantes com pior desempenho
ambiental. A Cargill está ligada a mais de 66 mil hectares de desmatamento, uma
área seis vezes maior do que a de Paris, enquanto a Bunge está ligada a quase
60 mil hectares de desmatamento.
Apesar desta espiral de
desmatamento, houve apenas um caso em que uma das empresas citadas cortou laços
com um fornecedor envolvido no desmatado, dos 235 casos registrados e reportados
pelo Mighty Earth em seu monitoramento.
A pesquisa do Instituto
YouGov entre os consumidores alemães indicou que 87% quer que os supermercados
parem de fazer negócios com fornecedores que impulsionam o desmatamento no Brasil.
Esse percentual é maior (89%) entre os clientes da EDEKA, o maior grupo de
supermercados da Alemanha, com 24% de participação no mercado e mais de 4300
lojas. A empresa promove fortemente suas credenciais de sustentabilidade e
estreou recentemente uma campanha publicitária sobre o tema na TV e nas redes
sociais.
“Já é hora de a EDEKA ouvir
seus clientes e abandonar as empresas de pior desempenho que estão provocando a
destruição das florestas brasileiras – JBS, Cargill e Bunge”, afirma Caldwell.
“A hora de impulsionar a mudança no Brasil é agora.”
Na França, o resultado é
semelhante: 89% dos clientes do Carrefour no país querem que a rede deixe de
comprar produtos com origem no desmatamento praticado no Brasil. No ano
passado, o Carrefour liderou uma campanha voluntária neste setor que resultou
em todos os grandes supermercados franceses se comprometendo a utilizar somente
soja sem desmatamento em suas cadeias de abastecimento.
Após 6 meses o Carrefour não
fez nenhum progresso significativo na redução de suas ligações com os
comerciantes de soja de pior desempenho Cargill e Bunge, e está falhando em
conduzir mudanças reais no terreno, afirma a Mighty Earth.
JEDEKA assumiu fortes compromissos para remover o desmatamento em todas as suas cadeias de abastecimento, mas em seu relatório de 2019, a empresa alemã admite que houve pouco progresso para melhorar a sustentabilidade de suas cadeias de abastecimento de carne e soja. Apesar disso, a varejista alemã, ainda não excluiu os comerciantes de soja de pior desempenho, que são a Cargill e a Bunge.
“Os consumidores estão preocupados, pois não suportam mais o gosto residual do desmatamento e a extinção de espécies ameaçadas que a carne comprada nas lojas do grupo Carrefour deixa”, afirma Fatah Sadaoui, Campaigner da ONG SumOfUs. “Em resumo, o que esperamos do Carrefour é menos conversa e mais ação”. (ecodebate)
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