quinta-feira, 3 de junho de 2021

Peixes comem microplásticos desde a década de 1950

Peixes comem microplásticos desde a década de 1950, conclui estudo.

Pesquisadores analisaram trato digestivo de espécies preservadas em coleções de museu e constataram que o acúmulo nos animais crescia de acordo com a fabricação de plástico.
Espécies de peixes preservadas em museu revelaram acúmulo de microplásticos no trato digestivo dos animais.

Graças a animais preservados em frascos com álcool, pesquisadores da Universidade Loyola de Chicago e do Museu Field de História Natural, nos EUA, constataram que peixes têm engolido microplásticos desde a década de 1950. A descoberta foi obtida após a análise da coleção de peixes de água doce que habitavam a região metropolitana de Chicago.

Publicados em abril no periódico Ecological Applications, os resultados também mostraram que a concentração de microplásticos nos animais tem crescido ao longo do tempo conforme a indústria e o consumo de plásticos têm aumentado.

Os animais estavam armazenados no subsolo do Museu Field, onde trabalha Caleb McMahan, um dos autores do estudo. “Olhar para espécimes de museus é essencialmente uma maneira que temos de voltar no tempo”, explica Tim Hoellein, professor de biologia em Loyola que entrou em contato com McMahan para encontrar espécies de peixes que tinham datação do século passado. Foram localizadas quatro tipos: achigã, bagre-americano, sand shiner e round goby.

A relevância da descoberta inglesa

Microplástico é um fenômeno só recentemente estudado. Ainda há muito o que descobrir. Tanto é verdade que, apesar de haver concordância com o fato dele já estar em nossa cadeia alimentar, ainda não se sabe quais riscos à saúde essa ‘dieta’ trará.

O plástico foi achado nos peixes após sua dissecação, processo que antecedeu a aplicação de peróxido de hidrogênio nos tratos digestivos dos animais. “Ele [peróxido de hidrogênio] borbulha e quebra toda a matéria orgânica, mas o plástico é resistente ao processo”, esclarece Loren Hou, principal autora do artigo, em comunicado.

A pesquisa lançou luz a um poluente traiçoeiro: os tecidos. Segundo Hou, microplásticos podem vir da fragmentação de objetos maiores, mas muitas vezes se originam de roupas, que podem soltar fios durante a lavagem — uma camiseta de poliéster ou uma calça legging, por exemplo.

Um fio fino, parecido com um fio de microplástico, no trato digestivo de um peixe.

As consequências diretas do material encontrado nos peixes ainda não foram concluídas, mas Hou estima que, dentre os efeitos em longo prazo da ingestão de microplásticos, estejam alterações no trato digestivo e aumento do estresse dos animais. Os cientistas esperam que o trabalho sirva de alerta e contribua para soluções da sociedade. “Não são apenas más notícias, há uma aplicação que eu acho que deve dar a todos uma razão coletiva para esperança”, conclui o biólogo Tim Hoellein. (revistagalileu.globo)

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