Peixes comem microplásticos desde a década de 1950,
conclui estudo.
Graças a animais preservados em frascos com álcool,
pesquisadores da Universidade Loyola de Chicago e do Museu Field de História
Natural, nos EUA, constataram que peixes têm engolido microplásticos desde a
década de 1950. A descoberta foi obtida após a análise da coleção de peixes de
água doce que habitavam a região metropolitana de Chicago.
Publicados em abril no periódico Ecological
Applications, os resultados também mostraram que a concentração de
microplásticos nos animais tem crescido ao longo do tempo conforme a indústria
e o consumo de plásticos têm aumentado.
Os animais estavam armazenados no subsolo do Museu Field, onde trabalha Caleb McMahan, um dos autores do estudo. “Olhar para espécimes de museus é essencialmente uma maneira que temos de voltar no tempo”, explica Tim Hoellein, professor de biologia em Loyola que entrou em contato com McMahan para encontrar espécies de peixes que tinham datação do século passado. Foram localizadas quatro tipos: achigã, bagre-americano, sand shiner e round goby.
A relevância da descoberta inglesa
Microplástico é um fenômeno só recentemente
estudado. Ainda há muito o que descobrir. Tanto é verdade que, apesar de haver
concordância com o fato dele já estar em nossa cadeia alimentar, ainda não se
sabe quais riscos à saúde essa ‘dieta’ trará.
O plástico foi achado nos peixes após sua
dissecação, processo que antecedeu a aplicação de peróxido de hidrogênio nos
tratos digestivos dos animais. “Ele [peróxido de hidrogênio] borbulha e quebra
toda a matéria orgânica, mas o plástico é resistente ao processo”, esclarece
Loren Hou, principal autora do artigo, em comunicado.
A pesquisa lançou luz a um poluente traiçoeiro: os tecidos. Segundo Hou, microplásticos podem vir da fragmentação de objetos maiores, mas muitas vezes se originam de roupas, que podem soltar fios durante a lavagem — uma camiseta de poliéster ou uma calça legging, por exemplo.
Um fio fino, parecido com um fio de microplástico, no trato digestivo de um peixe.
As consequências diretas do material encontrado nos
peixes ainda não foram concluídas, mas Hou estima que, dentre os efeitos em
longo prazo da ingestão de microplásticos, estejam alterações no trato
digestivo e aumento do estresse dos animais. Os cientistas esperam que o
trabalho sirva de alerta e contribua para soluções da sociedade. “Não são
apenas más notícias, há uma aplicação que eu acho que deve dar a todos uma
razão coletiva para esperança”, conclui o biólogo Tim Hoellein.
(revistagalileu.globo)
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