Cientistas do
Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK) e do Instituto
Alemão de Desenvolvimento apresentam uma estratégia integrada que combina ações
climáticas ambiciosas com políticas dedicadas ao desenvolvimento, como acesso a
alimentos e energia, equidade global e nacional, e sustentabilidade ambiental.
Publicada na
revista Nature Climate Change, a pesquisa aponta gargalos, mas também sinergias
possíveis para impulsionar o progresso em direção às metas climáticas e de
desenvolvimento sustentável.
“As políticas
climáticas são cruciais, mas por si só não serão suficientes para alcançar a
transformação rumo a um mundo sustentável e próspero para todos – uma visão com
a qual os legisladores se comprometeram ao adotar o Acordo de Paris e os ODS em
2015.” afirma o cientista do PIK Bjoern Soergel, autor principal do estudo. Ele
ressalta que nenhum dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável será
cumprido até 2030 se o mundo continuar na atual trajetória, o que já era
verdade mesmo antes da pandemia da COVID-19. “Mas a boa notícia é: Nós também
temos os meios para mudar isto”.
Roteiro
No novo estudo,
os cientistas apresentam um Caminho de Desenvolvimento Sustentável – uma
estratégia para proteger as pessoas dos efeitos das mudanças climáticas ao
mesmo tempo em que avança em direção aos objetivos de desenvolvimento. A
estrutura-modelo utilizada no estudo visa uma ampla cobertura, que vai desde a ausência
de pobreza e zero fome até a ação climática e outros objetivos ambientais, já
que muitas dessas metas interagem entre si e não podem ser consideradas
isoladamente.
Este “roteiro”
também inclui medidas adicionais, como nutrição saudável, financiamento
internacional para o clima e uma redistribuição a favor dos pobres das receitas
obtidas pela precificação do carbono.
Embora as
políticas climáticas por si só possam potencialmente aumentar os preços dos
alimentos – entre outras razões devido ao aumento da demanda por bioenergia –
este não é o caso quando a proteção climática é combinada com outras políticas
específicas e uma mudança de estilo de vida.
“Uma mudança em
nossos hábitos alimentares para menos proteína animal, como na dieta ‘Saúde
Planetária’ recomendada por uma comissão de especialistas, prova ter efeitos
positivos de longo alcance”, explica Isabelle Weindl, cientista do PIK e
co-autora do estudo.
A dieta ‘Saúde
Planetária’ é nutricionalmente equilibrada e contém apenas quantidades modestas
de alimentos de origem animal, em comparação à dieta média dos países
industrializados. Segundo Weindl, nesse modelo de alimentação, a produção de
alimentos exigiria muito menos terra, água e fertilizantes e geraria menos
gases de efeito estufa, em comparação com as dietas com uma alta proporção de
carne ou laticínios. “Mudar nossos hábitos alimentares ajuda, portanto, a proteger
o clima e nossos ecossistemas”, defende a pesquisadora.
Vida decente
O estudo também indica que a transição para um estilo de vida menos intensivo em energia nos países de alta renda pode equalizar os aumentos no consumo de energia necessários para um padrão de vida decente e para a construção de infraestrutura nos países de renda baixa.
“Constatamos que as políticas climáticas também podem reduzir a pobreza no Sul Global. Nossa análise mostra que a precificação das emissões de gases de efeito estufa e o uso de parte das receitas dos países industrializados para apoiar políticas de desenvolvimento sustentável em países de baixa renda beneficia tanto o planeta quanto as pessoas”, conclui Soergel. (ecodebate)
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