O maior
e mais abrangente estudo até hoje sobre os efeitos dos incêndios florestais na
saúde no Brasil revela as graves consequências dessas queimadas para a saúde,
relacionando a exposição aos poluentes dos incêndios florestais ao aumento da
hospitalização.
No ano
passado, o número de incêndios florestais no Brasil aumentou 12,7% para o
máximo de uma década. Agora, o maior e mais abrangente estudo até hoje sobre os
efeitos dos incêndios florestais na saúde no Brasil revela as graves
consequências dessas queimadas para a saúde, vinculando a exposição aos
poluentes dos incêndios florestais ao aumento da hospitalização.
Este
ano, 260 grandes incêndios foram detectados na Amazônia, queimando mais de
105.000 hectares (260.000 acres) – uma área aproximadamente do tamanho de Los
Angeles, Califórnia.
Mais de
75% desses incêndios ocorreram na Amazônia brasileira, em áreas onde as árvores
foram cortadas para dar lugar à agricultura, apesar da proibição de 27/06/21 de
incêndios ao ar livre não autorizados pelo governo brasileiro.
O professor Yuming Guo e o Dr. Shanshan Li, da Escola de Saúde Pública e Preventiva da Monash University em Melbourne, Austrália, conduziram um estudo internacional sobre os efeitos desses incêndios na saúde. Resultados foram publicados em 09/09/21 no The Lancet Planetary Health.
O estudo constatou entre 01/01/2000 e 31/12/2015, um aumento de 10 ug/m3 nas partículas finas relacionadas ao incêndio florestal (PM 2,5) no ar foi associado a um aumento nas hospitalizações gerais de 0,53% diretamente relacionado à exposição a poluentes de incêndios florestais. Isso corresponde a 35 casos por 100.000 habitantes anualmente, o que significa mais de 48.000 brasileiros hospitalizados anualmente pela poluição por incêndios florestais, principalmente nas cidades das regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. As regiões Nordeste do país apresentaram as taxas mais baixas.
O
estudo constatou que as hospitalizações em geral foram “particularmente altas
em crianças de 4 anos ou menos, em crianças de 5 a 9 anos e em pessoas com 80
anos ou mais”.
O
estudo analisou mais de 143 milhões de hospitalizações de 1.814 municípios
cobrindo quase 80% da população brasileira durante os 16 anos do estudo até o
final de 2015, comparando esses dados aos níveis diários de PM 2,5 relacionados
a incêndios florestais no ar em cada um dos esses municípios. Mesmo a exposição
de curto prazo ao PM 2,5, as pequenas partículas dentro da fumaça do incêndio,
pode desencadear asma, ataque cardíaco, derrame, diminuição da função pulmonar,
hospitalização e morte prematura.
“Esses
dados revelam impactos significativos de incêndios florestais na saúde, em um
momento antes dos incêndios de 2019 em todo o Brasil chamarem a atenção global,
seguido por um período de incêndios igualmente intenso no ano passado”, disse o
professor Guo.
Tem
havido um aumento de incêndios em todo o Brasil desde a década de 1990, em
grande parte devido ao desmatamento e degradação florestal de atividades
humanas, como mineração, extração de madeira e agricultura. Embora as
atividades de fogo geralmente ocorram durante a estação seca, de agosto a
novembro, a duração da estação seca está aumentando, de acordo com estudos
anteriores.
Enquanto a maioria dos incêndios florestais ocorre em áreas remotas do Brasil, “a fumaça tóxica desses incêndios florestais na região amazônica pode subir de 2.000 a 2.500 km na atmosfera e viajar grandes distâncias, ameaçando pessoas a milhares de quilômetros de distância”, disse o professor Guo.
Número de internações hospitalares associadas a PM 2 · 5 relacionado a incêndios florestais em 1.814 municípios brasileiros por região, sexo e idade, 2000–15. (ecodebate)
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