Pela primeira vez na história foi
registrada uma chuva intermitente no ponto mais alto do manto de gelo da
Groenlândia. A área fica 3.216 metros acima do nível do mar e a chuva caiu por
13 horas seguidas, em 14/08/21. As temperaturas também chamaram a atenção,
permanecendo acima de zero por cerca de nove horas. O relato vem da Estação
Summit, da National Science Foundation, que monitora o clima do Ártico e as
mudanças no gelo e tem funcionado o ano todo desde 1989.
De acordo com o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos EUA, não há registros de chuvas anteriores nesse local e essa é a terceira vez, em menos de uma década, em que a temperatura ficou acima do ponto de congelamento da água e a precipitação envolveu neve úmida. Os eventos anteriores ocorreram em 2012 e 2019.
Assista ao vídeo “Ponto mais alto da Groenlândia registra chuva pela primeira vez”: https://www.youtube.com/watch?v=pcF7v-Mt5tQ.
As temperaturas excepcionais foram
acompanhadas pelo nível de chuva sem precedentes. Cientistas estimam que em um
dia a Groenlândia recebeu cerca de 7 bilhões de toneladas de água, o que
representa cerca de ¼ do que é esperado para todo o ano. Não está claro quanto
caiu no pico mais alto. Segundo reportagem publicada no jornal The Washignton
Post, como isso nunca aconteceu antes, a estação não estava equipada com
pluviômetro.
Os relatórios apontam, no entanto, que
a chuva pode ter um efeito importante no manto de gelo, contribuindo para o seu
degelo. A extensão do derretimento em 14/08/21 atingiu um pico de 872.000 km2,
retornando a níveis moderados apenas em 16/08/21.
“Na maior parte do manto de gelo, a água derretida (ou a chuva que fica nas partes superiores da camada de gelo) se infiltra na neve e volta a congelar; no entanto, em áreas com gelo nu e com neve saturada de água, perto da costa, a água derretida (e a chuva) é escoada, resultando na perda de massa do manto de gelo”, explicam os cientistas do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos.
O Centro ainda alerta que em 15/08/21, a massa superficial perdida foi sete vezes acima da média do período e que neste ponto da temporada, as grandes áreas de gelo descoberto que existem ao longo de grande parte das áreas costeiras do sudoeste e do norte não tem capacidade de absorver o derretimento ou a chuva. Portanto, a água acumulada na superfície flui morro abaixo e, eventualmente, chega ao oceano. (revistagalileu.globo)
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