Cibele
Rockenbach estuda, por meio da Paleobotânica, o carvão vegetal fóssil.
Capes
– Fale sobre seu projeto de pesquisa e objetivos.
Cibele
Inês Rockenbach – Minha pesquisa teve como objetivo principal a descrição da
morfologia de resina preservada em fragmentos de lenhos submetidos à queima
artificial. O grupo de pesquisa do qual eu faço parte está consolidado sobre o
estudo de plantas fósseis – Paleobotânica –, principalmente sobre o
macro-charcoal (carvão vegetal fóssil), oriundo da queima incompleta de
plantas, que é um indicativo direto da ocorrência de incêndios vegetacionais ao
longo da história da Terra. O registro de macro-charcoal é encontrado em
diferentes estratos sedimentares que datam do período logo após o surgimento
das plantas terrestres, há cerca de 419 milhões de anos.
Capes
– Como as plantas podem retratar eventos históricos?
Cibele – As plantas são extremamente sensíveis às mudanças climáticas, e essas alterações ambientais ficam registradas na sua anatomia. Além disso, o expelir de resina está fortemente relacionado a intervenções físicas de animais, estresses ambientais e fogo. A queima incompleta das plantas mantém as feições anatômicas e morfológicas preservadas, sendo, portanto, um objeto de grande importância na Paleobotânica. O estudo desses carvões, associado a outros tipos de análises, traz informações importantes sobre o ambiente, o ecossistema e o clima de onde essas plantas viviam, além de suas interações ecológicas. Isso possibilita construir um cenário mais próximo ao que era no passado. Assim, investigações sobre diferentes estruturas presentes no macro-charcoal e a interação desses dados com outras áreas da Paleobotânica e da Paleontologia possibilitam uma melhor compreensão de eventos como os incêndios de vegetação, os quais, sabemos hoje, estão fortemente associados às mudanças climáticas e podem levar a extremos climáticos de grandes dimensões.
Capes – Quais são os próximos passos para seu estudo?
Cibele
– Com os resultados promissores obtidos na pesquisa de base realizada durante o
mestrado, a continuidade do projeto no doutorado será com o aprofundamento dos
dados obtidos e com o aprimoramento da metodologia, utilizando outras
ferramentas de estudo e aplicando o método em fitofósseis – fósseis vegetais –
de várias idades. Esses dados irão auxiliar a compreensão dos diferentes
elementos presentes nos ambientes em que as plantas cresciam, além de oferecer
um melhor entendimento sobre os processos envolvidos na formação e preservação
da resina e sua importância paleoecológica.
Capes
– Como o seu trabalho contribui para a sociedade?
Cibele
– Os estudos da Paleobotânica, em que meu projeto se insere, trazem uma visão
ampla da evolução dos ambientes e da ciclicidade do clima ao longo do tempo.
Além disso, identificar alguns fatores-chave, nos mais diversos ecossistemas,
que são desencadeados por mudanças climáticas é de extrema importância, visto
que estamos num momento na história do planeta em que pequenos efeitos oriundos
das mudanças climáticas já são experimentados pela população. Assim, divulgar
esses dados permite à população compreender e perceber que é preciso ter
consciência ambiental muito grande, a fim de desacelerar as mudanças
climáticas, evitando grandes catástrofes ambientais em curto prazo.
Capes
– Qual a importância do apoio da Capes para o desenvolvimento do seu projeto?
Cibele
– Eu recebi bolsa do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições
Comunitárias de Educação Superior (Prosuc) durante o mestrado. Com certeza, ter
o apoio da Capes foi de fundamental importância para o projeto ser desenvolvido
e concretizado, gerando bons resultados. As parcerias internacionais que são
construídas durante o desenvolvimento do projeto, por meio da divulgação dos
trabalhos e da oportunidade de participação em congressos, possibilitam a
difusão do conhecimento e a troca de experiências entre pesquisadores, além do
crescimento pessoal e profissional.
Texto: Assessoria de Comunicação da Capes
Carvão vegetal visto no microscópio eletrônico de varredura. (ecodebate)
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