“Teremos, então, o que
denomino crescimento deseconômico, produzindo ‘males’ mais rapidamente do que
bens – tornando-nos mais pobres, e não mais ricos” - Herman Daly.
A poluição química
ultrapassou o limite seguro para a sustentabilidade ambiental.
Talvez isto não seja novidade
para as pessoas que acompanham a ultrapassagem da capacidade de resiliência do
Planeta. Mas não existia um estudo aprofundado avaliando o real tamanho do
coquetel químico que está destruindo os ecossistemas terrestres.
Autores dizem que há muito
tempo, as pessoas sabem que a poluição química é uma coisa ruim. Poucos pensam
nível global e o presente trabalho traz a poluição química, especialmente os
plásticos, para o centro da história de como a humanidade está mudando o planeta.
Houve um aumento de 50 vezes na produção de produtos químicos desde 1950 e isso
deve triplicar novamente até 2050.
A produção de plásticos e produtos químicos continua aumentando nos anos 2000, conforme mostra o gráfico abaixo. O artigo destaca a necessidade de uma regulamentação tão eficaz quanto as metas de redução de carbono para limitar o aquecimento global. A quantidade de plásticos no planeta, já supera a massa total de mamíferos.
Isto quer dizer que o aumento das atividades antrópicas, provocadas pelo grande crescimento demoeconômico dos últimos 250 anos, mas especialmente após o fim da Segunda Guerra, fez a civilização global ultrapassar a capacidade de carga da Terra. Assim, o ritmo que as sociedades estão produzindo e liberando novos produtos químicos no meio ambiente não é consistente com a permanência em um espaço operacional seguro para a humanidade.
Em 2009, uma equipe
internacional de pesquisadores identificou nove limites planetários que
demarcam o estado notavelmente estável em que a Terra permaneceu por 10.000
anos – desde o início da civilização. Esses limites incluem as emissões de
gases de efeito estufa, a camada de ozônio, florestas, água doce e
biodiversidade. Os pesquisadores, ligados ao Stockholm Resilience Centre,
quantificaram os limites que influenciam a estabilidade da Terra e, atualizando
o estudo, concluíram em 2015 que quatro limites
foram violados. Mas o limite para novas entidades era um dos dois limites que
permaneciam não quantificados. Contudo, a figura abaixo mostra que o mundo já
ultrapassou 5 das 9 Fronteiras Planetárias.
Segundo o Stockholm Resilience Centre, a metodologia das Fronteiras planetárias não visa ditar a forma como as sociedades humanas deva se desenvolver, mas pode ajudar a sociedade civil e os tomadores de decisão na definição de um espaço operacional seguro para a humanidade e a vida na Terra. O que fica claro é que existem “pontos de inflexão” que não devem ser ultrapassados.
Em 1972, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano – conhecida como Conferência de Estocolmo – e foi publicado o livro “Os limites do crescimento” (Meadows et. al.) Há 50 anos, a população mundial era de 3,85 bilhões de habitantes, a economia global era 5 vezes menor que a atual e a concentração de CO2 na atmosfera estava em 330 partes por milhão (ppm). Agora em 2022, a população mundial se aproxima de 8 bilhões de habitantes, a concentração de CO2 deve atingir, em maio, 422 ppm e a temperatura da Terra já está 1,3º C acima do período 1850-1900, segundo o Global Temperature Report for 2021, do centro de pesquisa Berkeley Earth.
Fica claro que o vício do crescimento desregrado e o atual padrão global de produção e consumo já provocam grandes danos à natureza e estão nos levando a um futuro insustentável. As novas gerações terão muita dificuldade para manter a qualidade de vida atual e para sobreviver numa Terra com amplas áreas inabitáveis. A história tem mostrado que as civilizações seguem um ciclo de ascensão e queda. Quando ficam presas aos valores tradicionais e sem capacidade de alterar o rumo da insustentabilidade, em geral, entram em colapso. (ecodebate)
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