A história da vida na Terra
foi marcada por cinco eventos de extinção em massa da biodiversidade, causados
por fenômenos naturais extremos. Hoje, os cientistas alertam que uma crise de
Sexta Extinção em Massa das Espécies está em andamento, desta vez inteiramente
causada por atividades antrópicas.
Uma avaliação abrangente das
evidências desse evento de extinção em andamento foi publicada em 10/01/2022 na
revista Biological Reviews, por biólogos da Universidade do Havaí em Manoa e do
Muséum National d’Histoire Naturelle em Paris, França (Cowie, Bouchet &
Fontaine, 2022).j
Taxas drasticamente aumentada
de extinção de espécies e diminuição da abundância de muitas populações de
animais e plantas estão bem documentadas, mas alguns negam que esses fenômenos
representem uma extinção em massa. Essa negação é baseada em uma avaliação
altamente tendenciosa da crise que se concentra em mamíferos e aves e ignora os
invertebrados, que obviamente constituem a grande maioria da biodiversidade.
Contudo, os autores estimaram que, desde o ano de 1500, a Terra pode ter perdido entre 7,5% e 13% dos dois milhões de espécies conhecidas. Isto representa 150.000 a 260.000 espécies, como mostra o gráfico abaixo.
Todavia, a situação não é a mesma em todos os lugares. Embora as espécies marinhas enfrentem ameaças significativas, não há evidências de que a crise esteja afetando os oceanos na mesma medida que na terra. Em terra, espécies insulares, como as das ilhas havaianas, são muito mais afetadas do que as espécies continentais. E a taxa de extinção das plantas parece menor do que a dos animais terrestres.
Infelizmente, juntamente com
a negação da ciência se firmando na sociedade moderna em uma série de questões,
o novo estudo aponta que algumas pessoas também negam que a Sexta Extinção
tenha começado. Além disso, outros a aceitam como uma trajetória evolutiva nova
e natural, pois os humanos são apenas mais uma espécie desempenhando seu papel
natural na história da Terra. Alguns, numa postura totalmente egoísta, até
consideram que a biodiversidade deve ser manipulada apenas para benefício da
humanidade.
Para combater a crise, várias
iniciativas de conservação foram bem-sucedidas para certos animais
carismáticos, como o Panda na China ou as tartarugas gigantes em Galápagos. Mas
essas iniciativas não podem atingir todas as espécies e não são capazes de
reverter a tendência geral de extinção em massa das espécies. No entanto, é
essencial continuar esses esforços, continuar a defender a vida natural e
documentar a biodiversidade para evitar que ela desapareça.
A sociedade depende da
natureza e não o contrário. O ser humano não pode continuar agindo como um
ectoparasita que mata seu hospedeiro e destrói os ecossistemas. Não faltam
estudos e avisos sobre a crise ecológica em curso. Mais do que nunca é preciso
lembrar e reafirmar os ensinamentos da Ecologia Profunda e os 8 princípios para
mudar o Mundo, escritos por Arne Næss e George Sessions:
1. O bem-estar e o
florescimento da vida humana e da vida não-humana sobre a terra têm valor em si
próprios (valor intrínseco, valor inerente). Esses valores são independentes da
utilidade do mundo não-humano para os propósitos humanos.
2. A riqueza e a diversidade
das formas de vida contribuem para a realização desses valores e são valores em
si mesmos.
3. Os seres humanos não têm
nenhum direito de reduzir essa riqueza e diversidade exceto para satisfazer
necessidades humanas vitais.
4. A prosperidade da vida
humana e das suas culturas é compatível com um substancial decrescimento da
população humana. O florescimento da vida não-humana exige essa diminuição.
5. A atual interferência
humana no mundo não-humano é excessiva e a situação está piorando
aceleradamente.
6. Em conformidade com os
princípios anteriores, as políticas precisam ser mudadas. As mudanças políticas
afetam as estruturas básicas da economia, da tecnologia e da ideologia. A
situação que resultará desta alteração será profundamente diferente da atual.
7. A mudança ideológica
ocorrerá, sobretudo, no apreciar da qualidade de vida (manter-se em situações
de valor intrínseco), em vez da adesão a padrões de vida mais elevados. Haverá
uma consciência profunda da diferença entre o grande (quantidade) e o
importante (qualidade).
8. Aqueles que subscrevem os princípios precedentes têm a obrigação de tentar implementar, direta ou indiretamente, as mudanças necessárias.
Estamos passando pela sexta extinção em massa da biodiversidade, dizem cientistas. (ecodebate)
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