A Rússia é o maior país do
mundo em termos geográficos, com 17,1 milhões de km2, mais do dobro
da área do Brasil. Também é uma potência militar. Porém, tem uma dimensão bem
menor em termos demográficos e econômicos.
O gráfico abaixo, da Divisão
de População da ONU (projeções de 2019), mostra que a população da Rússia já
vem caindo desde 1993, quando atingiu o pico populacional de 148,4 milhões de
habitantes. Em 2020, a população russa era de 145,9 de habitantes,
representando uma queda de cerca de 3 milhões de pessoas entre 1993 e 2020.
Para 2050 as projeções (realizadas antes da pandemia) apontavam para uma
população de cerca de 135 milhões e para 2100, cerca de 126 milhões de
habitantes. Nota-se que a população russa em 1950 era de 103 milhões, quase o
dobro da população brasileira da época.

A pirâmide por sexo e idade
da Rússia de 1950 mostra de maneira clara o impacto das duas grandes Guerras
Mundiais. O número de homens de 30 anos e mais é bem menor do que o número de
mulheres, refletindo a sobre mortalidade masculina que ocorreram nas duas
guerras. O dente apresentado no grupo etário 30-35 anos reflete a queda da
natalidade que ocorreu durante a 1ª Guerra Mundial. A redução do tamanho do
grupo 5-9 anos reflete a redução da natalidade durante a 2ª Guerra Mundial. O
aumento relativo do grupo 0-4 anos reflete certa recuperação da natalidade no
pós-guerra (1946-50).

Já a pirâmide de sexo e idade
de 2020, mostra que houve uma grande redução da natalidade na década de 1990,
logo após o fim da União Soviética. Mas nos anos 2000 houve certa recuperação das
taxas de fecundidade e houve um crescimento dos grupos etários mais jovens. Mas
a natalidade deve cair na década de 2020-30 devido ao efeito da pandemia, da
guerra da Ucrânia e pela diminuição da proporção de mulheres no período
reprodutivo.
Interno Bruto (PIB) da Rússia
era de apenas US$ 92 bilhões em 1992 (logo depois do fim da União Soviética),
enquanto o PIB brasileiro era de US$ 382 bilhões e da Coreia do Sul de US$ 355
bilhões. Em 2022, a Coreia do Sul passou a ter o maior PIB, com US$ 1,9
trilhão, maior do que o PIB da Rússia, com US$ 1,8 trilhão e do Brasil com US$
1,6 trilhão. Estes três países possuem um PIB de cerca de 2% do PIB mundial.
Considerando a renda per
capita, em preços constantes em paridade de poder de compra (ppp), os três
países possuíam renda per capita abaixo de US$ 20 mil em 1992. Mas, em 2022, a
Renda per capita da Coreia atingiu US$ 45 mil, a Rússia US$ 28,5 mil e o
Brasil, somente US$ 15 mil. Assim, o Brasil é classificado como renda média
baixa, a Rússia como renda média alta e a Coreia do Sul como renda alta
(estando no grupo dos países ricos). O Brasil tem renda per capita abaixo da
média mundial e a Rússia pouco acima. A Coreia do Sul bem acima.

Os dados acima mostram que a
Rússia, a despeito de ter o território mais extenso do mundo, tem uma população
que é menos de 2% da população mundial e um PIB que é cerca de 2% da economia
global. Desta forma, o poderio militar russo vai muito além do peso demográfico
e econômico do país. Evidentemente a Rússia tem um peso demográfico, econômico
e militar muito maior do que a Ucrânia. Mas uma ação bélica da dimensão atual
deve apresentar um algo custo para a Rússia. O livro “Ascensão e Queda das
Grandes Potências”, de Paul Kennedy, mostra que a disjunção entre poderio
militar e poderio econômico leva ao declínio dos impérios.
As projeções econômicas
indicam uma queda muito grande do PIB da Rússia em 2022 em função da guerra e
em função das sanções econômicas. Mas toda a fraqueza econômica e demográfica
da Rússia não parece abalar Vladimir Putin que deu um “ultimato” não só para a
Ucrânia não entrar na OTAN, mas apresentou a exigência de revisão das “perdas”
que lhe foram impostas depois da dissolução da União Soviética. A URSS tinha 5
milhões de Km2 e 140 milhões de habitantes a mais do que a Rússia
atual. Ou seja, a URSS tinha, em 1989, cerca de 6% da população mundial e mais
de 10% do PIB global.
E como vimos, a Rússia atual
tem menos de 2% da população mundial e cerca de 2% do PIB global. Os gastos
militares da Rússia em 2020 foram de US$ 67 bilhões, enquanto os gastos dos EUA
foram de US$ 777 bilhões. Portanto, Putin não tem condições de restabelecer o
poderio da URSS e nem de se tornar um novo Stalin. No máximo poderá invadir
alguns países vizinhos e provocar a morte e o deslocamento de milhões de
pessoas. Além de degradar o meio ambiente.
O melhor caminho para a
Rússia seria aprofundar uma aliança pacífica com seus vizinhos, a China, os
BRICS e o mundo. A “declaração conjunta” da Russa e da China em 07/02/2022,
propondo uma “refundação” da ordem mundial estabelecida depois da Segunda
Guerra Mundial poderia ser levada à frente em um planejamento de longo prazo
para “vencer” o Ocidente pela via pacífica, avançar na democracia, na
concorrência comercial e no avanço científico e tecnológico.
O primeiro passo para superar
a atual governança global e o sistema interestatal criado, fundamentalmente,
pelo Ocidente depois da Segunda Guerra é promover uma desmilitarização do mundo
e redirecionar os gastos militares e de guerra para a área social e ambiental.
Só num mundo regido pela paz e pelo respeito do direito internacional pode
haver progresso para todos.
Por que a Rússia é tão pouco
povoada?
Quase 70% dos habitantes da
Rússia vivem na porção europeia do país, que representa 20% do território
nacional.
O resto do território abriga
os 30% restantes, o que reduz drasticamente a densidade demográfica em
comparação com áreas urbanas superlotadas. Um dos principais motivos é o clima
rigoroso em algumas das regiões mais remotas da Rússia.

Habitantes da Rússia se
estabeleceram em regiões onde o clima favorecia o cultivo da terra e oferecia
condições climáticas agradáveis. Por isso que a parte sul da Rússia é mais
densamente povoada do que as regiões do Norte e Extremo Oriente russos.
(ecodebate)
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