● De forma inédita no Brasil,
além de ser possível saber a localização, tamanho e grau de priorização
ecológica da área, o mapeamento também indica o número do CAR, permitindo a identificação
do responsável pela conservação da área
● Levantamento realizado a
partir da análise de imagens de satélite e do cruzamento das informações com o
Cadastro Ambiental Rural (CAR), pode apoiar a atuação estratégica e preventiva
dos órgãos ambientais, do Ministério Público e da sociedade civil
*O cruzamento de informações
permitiu agregar a cada imóvel rural a sua classificação de prioridade por
relevância ecológica, a extensão de área de remanescentes contidos nos limites
da propriedade e o histórico de alertas de desmatamento
A Associação Brasileira de
Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA) lançou o “Mapeamento
de Áreas Remanescentes da Mata Atlântica”. O lançamento aconteceu durante
evento on-line que foi transmitido pelo canal do Youtube da ABRAMPA.
O material reúne o mapeamento
e identificação georreferenciada de importantes remanescentes de Mata Atlântica
em áreas privadas em todo país, classificados segundo critérios de relevância
ecológica e estresse ambiental.
Além disso, o mapeamento
agrega dados Cadastro Ambiental Rural (CAR), permitindo a identificação dos
responsáveis diretos pelas áreas. Com essas informações, são sugeridas e
colocadas à disposição do Ministério Público e órgãos ambientais possíveis
estratégias jurídicas que podem ser aplicadas em prol da preservação do bioma.
Acesse o mapeamento clicando aqui.
Dados gerados pelo mapeamento
De acordo com Alexandre Gaio,
presidente da ABRAMPA e promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná, o
Projeto ABRAMPA Pelo Clima parte do pressuposto de que a preservação dos
remanescentes de vegetação nativa do bioma Mata Atlântica é indispensável para
assegurar a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) ligada ao
desmatamento e para a adaptação às mudanças do clima, além de se relacionar
diretamente com o combate à crise hídrica, e com a proteção da biodiversidade e
dos serviços ecossistêmicos garantidos pelo bioma.
“Conhecer os remanescentes existentes é um dos passos para a atuação estratégica em prol da preservação da Mata Atlântica, dos seus serviços ecossistêmicos, e, consequentemente, para fazer frente às mudanças climáticas. Esperamos que os dados e as estratégias fornecidos pelo mapeamento auxiliem a atuação, sobretudo preventiva, do Ministério Público e das demais instituições públicas e privadas, e favoreçam a defesa do bioma”, diz o promotor.
Para conhecer os
remanescentes de vegetação existentes, foram usadas imagens de satélite que
permitem identificar áreas preservadas inseridas em propriedades privadas. A
série histórica de 30 anos de mapas de cobertura do solo do MapBiomas permitiu
identificar fragmentos florestais que foram mantidos ao longo de todo esse
período sem interferência humana.
Os imóveis rurais com os
remanescentes identificados foram então localizados no Cadastro Ambiental Rural
(CAR) e classificados segundo um critério de relevância ecológica – conforme a
proximidade de áreas especialmente protegidas – e um critério de estresse
ambiental – considerando a frequência e proximidade de alertas de desmatamento
na região.
Em síntese, o cruzamento de
informações permitiu agregar a cada imóvel rural a sua classificação de
prioridade por relevância ecológica, a extensão de área de remanescentes
contidos nos limites da propriedade e o histórico de alertas de desmatamento
verificados dentro destes mesmos limites.
Segundo a edição mais recente
do Atlas da Mata Atlântica, realizado pela SOS Mata Atlântica em parceria com o
INPE, entre 2021 e 2022, foram desmatados 20.075 hectares de Mata Atlântica;
73% desse desmatamento ocorreu em terras privadas, o que evidencia a relevância
desse levantamento.
“O usuário poderá combinar os diferentes critérios, de acordo com os objetivos da sua atuação, identificando os imóveis de interesse. Esse mapeamento é singular e inédito no Brasil, pois não apenas localiza os remanescentes do bioma a partir de recortes estratégicos, mas também cruza as informações com o CAR, simplificando o processo de reconhecimento do possuidor ou proprietário e, consequentemente, facilitando a tomada de decisão, em especial quanto ao planejamento e à priorização de providências relacionadas à proteção e conservação dos remanescentes de vegetação nativa”, complementa Gaio.
Atuação estratégica
Os dados colhidos sobre os
principais remanescentes de Mata Atlântica podem ser utilizados de diversas
maneiras, contribuindo para diferentes atuações dos órgãos ambientais, do
Ministério Público e da sociedade civil em prol do meio ambiente ecologicamente
equilibrado e do clima estável.
O documento “Mapeamento de
Áreas Remanescentes da Mata Atlântica” também elenca algumas possíveis
estratégias jurídicas que podem ser adotadas pelo Ministério Público, pela
sociedade civil e por outros interessados na preservação dos remanescentes de
Mata Atlântica reconhecidos no estudo técnico.
230605 Áreas Remanescentes da Mata Atlântica por estado.png
Incentivo à preservação
Entre as possibilidades de
atuação estratégica está a possibilidade de atuação preventiva dos órgãos
ambientais. O Ministério Público e os órgãos públicos ambientais estaduais e
municipais podem se comunicar com os proprietários que possuem os principais
remanescentes, informando-os sobre a importância da preservação dos
remanescentes e também sobre o potencial de uso da área para atividades de
ecoturismo aliadas à educação ambiental.
Além disso, o contato pode
destacar aos proprietários as possibilidades de utilização de instrumentos
econômicos para premiar ou compensar a preservação dos remanescentes, como a
implementação e aplicação do instrumento do Pagamento por Serviços Ambientais
(PSA).
De acordo com o presidente da
ABRAMPA, apesar de já haver uma lei federal de pagamento por serviços
ambientais, há vários estados e municípios que possuem leis próprias sobre o
tema, considerando os aspectos locais.
Nesse contexto, o Ministério
Público pode recomendar o direcionamento da aplicação do PSA à preservação dos
principais remanescentes, sem prejuízo da possibilidade de desenvolvimento de
projetos e iniciativas liderados por organizações privadas e do terceiro setor
que valorizem a manutenção desses remanescentes.
“Um exemplo é o município de Antonina, no Paraná, que implementou uma lei municipal de Pagamento por Serviços Ambientais Municipal (PSAM) para remunerar as Reservas Particulares do Patrimônio Natural, as RPPN, existentes na cidade e incentivar a criação de outras. As RPPN são responsáveis pelos maiores montantes de repasse de ICMS Ecológico do Estado para o município, o que viabiliza a manutenção e expansão do PSA local. No contexto das ameaças e oportunidades da proteção da Mata Atlântica, o mapeamento se apresenta como um importante instrumento para criar pontes para somar esforços e encontrar soluções. Estamos muito felizes com esse lançamento e esperamos que toda a sociedade o utilize”, finaliza Gaio.
Sobre a ABRAMPA









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