A Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe (CEPAL) divulgou, na primeira semana de setembro, seu
relatório anual “Estudo Econômico da América Latina e do Caribe”, para 2023 e
2024. O relatório indica que os países da região continuarão enfrentando um
cenário econômico de baixo crescimento. Estima-se que o produto interno bruto
(PIB) regional cresça 1,7% em 2023 e 1,5% em 2024, números abaixo da média
global.
Para 2023, a CEPAL projeta que todas as sub-regiões mostrarão menor crescimento em relação a 2022: a América do Sul crescerá 1,2% (3,7% em 2022), o grupo formado por América Central e México crescerá 3,0% (3,4% em 2022) e o Caribe (excluindo a Guiana) crescerá 4,2% (6,3% em 2022), conforme mostra a tabela abaixo.
A Argentina apresentará o pior desempenho em 2023, com queda do PIB de 3% no atual ano. Os outros dois países com recessão são o Haiti (-0,7%) e o Chile (-0,3%). Para o Brasil, a Cepal estima crescimento de 2,5% em 2023.
As projeções para 2024
indicam que o baixo dinamismo econômico na região será mantido. Prevê-se que o
contexto internacional continue sendo pouco favorável, com crescimento do PIB e
do comércio mundial muito abaixo das médias históricas. Internamente, o espaço
de política fiscal permanecerá limitado, embora a redução da inflação na região
abra mais espaço para a política monetária nos países.
Nessas circunstâncias,
prevê-se um crescimento médio de 1,2% para a América do Sul, 2,1% para a
América Central e México, e 2,8% para o Caribe (excluindo a Guiana), em 2024, conforme
a tabela abaixo.
Na estimativa da Cepal, a Argentina terá nova recessão em 2024 (-1,6%) e o Brasil terá o pior crescimento do PIB da América do Sul (1,4%), à frente apenas da Argentina. O melhor desempenho nos dois anos é da Guiana.
Segundo a Cepal, o baixo crescimento da América Latina e do Caribe (ALC) pode ser agravado pelos efeitos negativos do agravamento dos choques climáticos, especialmente se não forem feitos investimentos em adaptação e mitigação das mudanças climáticas e investimentos na mudança da matriz energética.
Como mostrei no artigo “A
Ásia emergente e a América Latina submergente” (Alves, 06/09/2023) a América
Latina e Caribe tem apresentado uma trajetória submergente, pois cresce
sistematicamente abaixo da média mundial.
Os países da Ásia emergente
e, em especial, do Leste Asiático possuem maiores taxas de poupança e de
investimento e maior competitividade nas exportações. Portanto, estão mais
capacitados para aproveitar o 1º e o 2º bônus demográfico.
Tanto o Brasil quanto a ALC estão em rápido processo de envelhecimento e precisam acelerar o ritmo de avanço econômico para conquistar melhorias sociais e ambientais.
Os países da Ásia emergente estão conseguindo sucesso na redução da pobreza e no aumento da renda, enquanto a ALC está presa nas armadilhas da renda média e do baixo crescimento. É uma situação insustentável. (ecodebate)
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