terça-feira, 31 de outubro de 2023

Perspectivas econômicas da América Latina e Caribe em 2023 e 2024

Segundo a Cepal, o baixo crescimento da América Latina e do Caribe (ALC) pode ser agravado pelos efeitos negativos do agravamento dos choques climáticos

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) divulgou, na primeira semana de setembro, seu relatório anual “Estudo Econômico da América Latina e do Caribe”, para 2023 e 2024. O relatório indica que os países da região continuarão enfrentando um cenário econômico de baixo crescimento. Estima-se que o produto interno bruto (PIB) regional cresça 1,7% em 2023 e 1,5% em 2024, números abaixo da média global.

Para 2023, a CEPAL projeta que todas as sub-regiões mostrarão menor crescimento em relação a 2022: a América do Sul crescerá 1,2% (3,7% em 2022), o grupo formado por América Central e México crescerá 3,0% (3,4% em 2022) e o Caribe (excluindo a Guiana) crescerá 4,2% (6,3% em 2022), conforme mostra a tabela abaixo.

A Argentina apresentará o pior desempenho em 2023, com queda do PIB de 3% no atual ano. Os outros dois países com recessão são o Haiti (-0,7%) e o Chile (-0,3%). Para o Brasil, a Cepal estima crescimento de 2,5% em 2023.

As projeções para 2024 indicam que o baixo dinamismo econômico na região será mantido. Prevê-se que o contexto internacional continue sendo pouco favorável, com crescimento do PIB e do comércio mundial muito abaixo das médias históricas. Internamente, o espaço de política fiscal permanecerá limitado, embora a redução da inflação na região abra mais espaço para a política monetária nos países.

Nessas circunstâncias, prevê-se um crescimento médio de 1,2% para a América do Sul, 2,1% para a América Central e México, e 2,8% para o Caribe (excluindo a Guiana), em 2024, conforme a tabela abaixo.

Na estimativa da Cepal, a Argentina terá nova recessão em 2024 (-1,6%) e o Brasil terá o pior crescimento do PIB da América do Sul (1,4%), à frente apenas da Argentina. O melhor desempenho nos dois anos é da Guiana.

Segundo a Cepal, o baixo crescimento da América Latina e do Caribe (ALC) pode ser agravado pelos efeitos negativos do agravamento dos choques climáticos, especialmente se não forem feitos investimentos em adaptação e mitigação das mudanças climáticas e investimentos na mudança da matriz energética.

Como mostrei no artigo “A Ásia emergente e a América Latina submergente” (Alves, 06/09/2023) a América Latina e Caribe tem apresentado uma trajetória submergente, pois cresce sistematicamente abaixo da média mundial.

Os países da Ásia emergente e, em especial, do Leste Asiático possuem maiores taxas de poupança e de investimento e maior competitividade nas exportações. Portanto, estão mais capacitados para aproveitar o 1º e o 2º bônus demográfico.

Tanto o Brasil quanto a ALC estão em rápido processo de envelhecimento e precisam acelerar o ritmo de avanço econômico para conquistar melhorias sociais e ambientais.

Os países da Ásia emergente estão conseguindo sucesso na redução da pobreza e no aumento da renda, enquanto a ALC está presa nas armadilhas da renda média e do baixo crescimento. É uma situação insustentável. (ecodebate)

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