quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Desigualdade no Brasil aumenta risco de morte nas ondas de calor

Um novo estudo do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ, publicado em 24/01/24 na revista científica de acesso livre Plos One, também sugere que as cada vez mais frequentes ondas de calor no Brasil estejam exacerbando desigualdades socioeconômicas no país.
Reduzir desigualdades evitará milhões de mortes por calor extremo

42.075 mortes entre 2000 e 2018 podem ser atribuídas às ondas de calor cada vez mais frequentes no Brasil.

Um novo estudo sugere que as ondas de calor estão exacerbando as desigualdades socioeconômicas no Brasil, com pessoas que são do sexo feminino, idosas, negras, pardas ou que têm níveis educacionais mais baixos, potencialmente enfrentando maior risco de morte durante as ondas de calor.

Djacinto Monteiro dos Santos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, e seus colegas apresentam esses achados na revista de acesso aberto PLOS ONE.

Conforme as mudanças climáticas progridem, as ondas de calor estão se tornando mais quentes, mais longas e mais frequentes em muitas regiões do mundo, inclusive no Brasil. As ondas de calor podem aumentar o risco de morrer de uma condição crônica, como doença cardíaca ou pneumonia. Pesquisas anteriores ligaram as ondas de calor no Brasil a maior risco de morte. No entanto, poucos estudos têm explorado o papel desempenhado por fatores socioeconômicos e demográficos em mortes relacionadas ao calor no Brasil.

Para ajudar a esclarecer, Monteiro dos Santos e colegas analisaram as taxas de mortalidade durante as ondas de calor entre 2000 e 2018 em 14 grandes áreas urbanas do Brasil, representando mais de um terço da população nacional.

Diferentes cenários de mortes por mudanças climáticas.

Em linha com pesquisas anteriores, eles descobriram que o Brasil experimentou de três a 11 ondas de calor por ano na década de 2010, de zero a três por ano na década de 1970. Entre 2000 e 2018, 48.075 mortes poderiam ser atribuídas às ondas de calor, sendo as causas mais frequentes de morte doenças circulatórias, doenças respiratórias e câncer.

As taxas de mortalidade por ondas de calor variaram entre as regiões geográficas do Brasil, que os pesquisadores associaram a desigualdades Norte-Sul conhecidas relativas a indicadores socioeconômicos e de saúde, incluindo a expectativa de vida. As taxas de mortalidade relacionadas às ondas de calor foram maiores entre as pessoas que eram do sexo feminino, idosas, negras, marrons ou que tinham níveis educacionais mais baixos.

Os pesquisadores também descobriram que uma técnica conhecida como análise de vigilância baseada em eventos – que procura sinais emergentes em rumores de mídia social ou outras fontes – teria sido muito mal sucedida em fornecer alerta precoce sobre altas taxas de mortes relacionadas a ondas de calor, sugerindo que as ondas de calor extremas são desastres negligenciados no Brasil.

Essas descobertas podem ajudar a informar os esforços para reduzir as mortes durante futuras ondas de calor. Mais pesquisas poderiam abordar algumas das limitações deste estudo, cobrindo um período de tempo mais longo, incorporando mais indicadores socioeconômicos e usando dados de mais de uma estação meteorológica para cada área urbana.

Os autores acrescentam: “As ondas de calor foram responsáveis por mais de 48 mil mortes em áreas urbanas do Brasil. Mulheres, pessoas negras e pardas, idosos e pessoas com um nível mais baixo de educação são as mais afetadas, reforçando como as mudanças climáticas induzidas pelo homem exacerbaram as desigualdades socioeconômicas no país”.

Mapa do Brasil dividido em cinco macrorregiões (norte, nordeste, centro-ocidental, sudeste e sul).

A área e a população dos 14 RMs estudados são apresentados, bem como a localização e a elevação das respectivas estações meteorológicas. O mapa de classificação climática de Koppen-Geiger também é mostrado no painel superior direito. (ecodebate)

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