42.075 mortes entre 2000 e
2018 podem ser atribuídas às ondas de calor cada vez mais frequentes no Brasil.
Um novo estudo sugere que as
ondas de calor estão exacerbando as desigualdades socioeconômicas no Brasil,
com pessoas que são do sexo feminino, idosas, negras, pardas ou que têm níveis
educacionais mais baixos, potencialmente enfrentando maior risco de morte
durante as ondas de calor.
Djacinto Monteiro dos Santos,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, e seus colegas apresentam
esses achados na revista de acesso aberto PLOS ONE.
Conforme as mudanças
climáticas progridem, as ondas de calor estão se tornando mais quentes, mais
longas e mais frequentes em muitas regiões do mundo, inclusive no Brasil. As
ondas de calor podem aumentar o risco de morrer de uma condição crônica, como
doença cardíaca ou pneumonia. Pesquisas anteriores ligaram as ondas de calor no
Brasil a maior risco de morte. No entanto, poucos estudos têm explorado o papel
desempenhado por fatores socioeconômicos e demográficos em mortes relacionadas
ao calor no Brasil.
Para ajudar a esclarecer, Monteiro dos Santos e colegas analisaram as taxas de mortalidade durante as ondas de calor entre 2000 e 2018 em 14 grandes áreas urbanas do Brasil, representando mais de um terço da população nacional.
Diferentes cenários de mortes por mudanças climáticas.
Em linha com pesquisas
anteriores, eles descobriram que o Brasil experimentou de três a 11 ondas de
calor por ano na década de 2010, de zero a três por ano na década de 1970. Entre
2000 e 2018, 48.075 mortes poderiam ser atribuídas às ondas de calor, sendo as
causas mais frequentes de morte doenças circulatórias, doenças respiratórias e
câncer.
As taxas de mortalidade por
ondas de calor variaram entre as regiões geográficas do Brasil, que os
pesquisadores associaram a desigualdades Norte-Sul conhecidas relativas a
indicadores socioeconômicos e de saúde, incluindo a expectativa de vida. As
taxas de mortalidade relacionadas às ondas de calor foram maiores entre as
pessoas que eram do sexo feminino, idosas, negras, marrons ou que tinham níveis
educacionais mais baixos.
Os pesquisadores também
descobriram que uma técnica conhecida como análise de vigilância baseada em
eventos – que procura sinais emergentes em rumores de mídia social ou outras
fontes – teria sido muito mal sucedida em fornecer alerta precoce sobre altas
taxas de mortes relacionadas a ondas de calor, sugerindo que as ondas de calor
extremas são desastres negligenciados no Brasil.
Essas descobertas podem
ajudar a informar os esforços para reduzir as mortes durante futuras ondas de
calor. Mais pesquisas poderiam abordar algumas das limitações deste estudo,
cobrindo um período de tempo mais longo, incorporando mais indicadores
socioeconômicos e usando dados de mais de uma estação meteorológica para cada
área urbana.
Os autores acrescentam: “As ondas de calor foram responsáveis por mais de 48 mil mortes em áreas urbanas do Brasil. Mulheres, pessoas negras e pardas, idosos e pessoas com um nível mais baixo de educação são as mais afetadas, reforçando como as mudanças climáticas induzidas pelo homem exacerbaram as desigualdades socioeconômicas no país”.
Mapa do Brasil dividido em cinco macrorregiões (norte, nordeste, centro-ocidental, sudeste e sul).
A área e a população dos 14 RMs estudados são apresentados, bem como a localização e a elevação das respectivas estações meteorológicas. O mapa de classificação climática de Koppen-Geiger também é mostrado no painel superior direito. (ecodebate)
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