Os 10 países em
desenvolvimento mais populosos do mundo tinham 54,6% da população global e
respondiam por 48,6% das emissões de carbono em 2022.
Os Estados Unidos da América
e o Japão também estão entre os países mais populosos, mas são classificados
como países ricos e desenvolvidos, por isto não entram no rol dos 10 maiores
países em desenvolvimento.
Segundo a Divisão de População
da ONU, a população mundial era de 7,975 bilhões de habitantes em 2022, com a
China sendo o país mais populoso do mundo (foi ultrapassada pela Índia em
2023), com 1,425 bilhão de habitantes, seguida da Índia com 1,417 bilhão de
habitantes. Os outros 8 países em desenvolvimento possuem população entre 276
milhões e 123 milhões de habitantes. Os 10 países em desenvolvimento tinham em
conjunto, em 2022, de 4,36 bilhões de habitantes, representando 54,6% da
população global.
Segundo a “Identidade Kaya”,
existem 4 fatores que determinam as emissões de CO2, sendo eles o
tamanho da população, a afluência da economia (renda per capita) e os outros
dois ligados à tecnologia, como a intensidade energética e a intensidade de
carbono. Dado o padrão tecnológico, os dois fatores mais influentes são a
população e o estilo de vida propiciado pela renda per capita.
O gráfico abaixo mostra as
emissões de carbono de Luxemburgo e Camarões. Em 1950, Luxemburgo emitia 2
milhões de toneladas de carbono e Camarões emitia apenas 0,04 milhões de
toneladas. Em 2022, Luxemburgo emitiu 2,05 milhões de toneladas de carbono e
Camarões emitiu 2,61 milhões de toneladas (para obter os valores em milhões de
toneladas de CO2 por ano, os valores devem ser multiplicados por
3.664).
Em 1950 a população de Luxemburgo era de 297 mil habitantes e a de Camarões era de 4,3 milhões de habitantes (14,6 vezes maior). Em 2022, a população de Luxemburgo passou para 640 mil habitantes e a de Camarões saltou para US$ 27,5 milhões de habitantes (42,5 vezes maior). Muitos analistas costumam dizer que os países pobres, mesmo com volumes significativos de população, contribuem pouco para as emissões globais de carbono, como Camarões. Mas a mesma observação também pode ser feita para os países ricos, com alto padrão de renda e consumo, mas com população pequena, como Luxemburgo.
Portanto, cada um dos 2 países emite cerca de 3 milhões de toneladas de Carbono, o que é muito pouco diante dos 10 bilhões de toneladas de carbono emitidas pelo mundo. Sem dúvida, durante a maior parte do período as emissões de Luxemburgo foram maiores do as de Camarões, mas o país africano superou as emissões do país europeu nos últimos anos, embora as duas nações mantenham grandes diferenças sociais. Luxemburgo tem uma pequena população e uma elevadíssima renda per capita, enquanto Camarões possui uma população bem superior à de Luxemburgo e uma renda per capita bem menor.
Isto acontece porque as
emissões totais de um país são o resultado do volume da população multiplicado
pelo nível de renda e consumo (dado o padrão tecnológico). Desta maneira,
Luxemburgo com um nível de afluência muito alto emite aproximadamente a mesma
quantidade de carbono, em 2019, do que Camarões que tem um nível de afluência
muito baixo.
As emissões per capita de
Camarões é baixa, mas quando multiplicada por uma população muito maior do que
a de Luxemburgo, tem o efeito de aproximar as emissões totais de carbono. A
tendência é Camarões aumentar as emissões por conta do aumento populacional,
enquanto Luxemburgo deve diminuir as emissões por conta dos avanços tecnológicos.
Desta forma, um país muito pobre emite mais do que um país muito rico e a
diferença está no tamanho da população.
A Oxfam divulgou o relatório
“Igualdade climática: Um planeta para os 99%”, em novembro de 2023, mostrando
que, em 2019, o 1% mais rico do mundo foi responsável por 16% das emissões
globais de carbono, o equivalente às emissões dos 66% mais pobres (5 bilhões de
pessoas). Os 10% mais ricos são responsáveis por 50% das emissões.
Porém, é preciso considerar
que a metodologia da Oxfam considera as emissões dos ricos a partir dos
investimentos e da propriedade dos ativos das grandes empresas. Por exemplo, o
relatório diz o seguinte sobre as empresas de combustíveis fósseis: “O papel
das empresas, especificamente o das empresas de combustíveis fósseis, na
condução da crise climática também está bem documentado. Um estudo de alto
nível descobriu que 70% das emissões industriais de carbono desde 1998 provêm
de apenas 100 produtores de petróleo, carvão e gás” (p. 10).
Evidentemente, as grandes empresas de exploração de hidrocarbonetos respondem pela maior parte da produção, mas o consumo dos combustíveis fósseis está espalhado pelo mundo e inclui bilhões de pessoas que usam a energia para as residências, para a produção de alimentos, o transporte e para o funcionamento das economias.
Saiba quais países são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas
O relatório continua: “O
papel das pessoas super e muito ricas (1% e 10% mais ricos em termos de renda)
na degradação climática é bem menos conhecido e documentado. Compreender o seu
papel é essencial se quisermos estabilizar com sucesso o nosso planeta e
garantir uma vida digna para toda a humanidade. Em particular, o 1% mais rico é
fundamental para a história climática de três maneiras: 1. Através do carbono
que emitem diariamente com o seu consumo, incluindo o dos seus iates, jatos
particulares e estilos de vida luxuosos; 2. Através dos seus investimentos e
participações em indústrias altamente poluentes e do seu interesse financeiro no
status quo econômico; e 3. Através da influência indevida que exercem sobre os
meios de comunicação, a economia, a política e a elaboração de políticas”
(p.10).
Ou seja, a Oxfam considera as
emissões dos ricos incluindo os seus investimentos. Todavia, se os
investimentos, por exemplo, na indústria automobilística são importantes na
emissão de carbono, não é apropriado considerar que todas as emissões de
carbono da produção de automóveis sejam atribuídas à elite que detém a maioria
das ações. Existem cerca de 1,5 bilhões de automóveis particulares no mundo e
estes automóveis são usados por bilhões de pessoas que emitem gases de efeito
estufa.
Como mostraram Auten e Splinter (2023), existe uma controvérsia como contabilizar a riqueza dos 1% mais ricos dos EUA (e do mundo). Isso vale para a contabilidade das emissões por nível de renda. Não há dúvidas de que os ricos consomem mais e emitem mais CO2, mas as emissões globais por renda ainda precisam ser mais bem avaliadas.
Outra metade é dividida entre mais de 150 países, segundo os dados. No entanto, as emissões combinadas de Rússia, China e Índia respondem por quase 24% da fatia. Veja no infográfico abaixo os 10 países que emitiram CO2 desde 1850 –o Brasil é o 10º do grupo, com 1%.
Os 23 países que respondem por metade das emissões representam só 12% da população global. Veja no infográfico abaixo a diferença:
Ao comparar as curvas de emissão de CO2 nos últimos 170 anos, a liderança norte-americana é confirmada, mas é possível ver o aumento no caso da China. Veja no infográfico abaixo como o Brasil se compara a alguns países que integram o G20:
O fato é que a riqueza das elites econômicas depende da produção e do consumo de bilhões de pessoas no mundo e, a despeito das grandes desigualdades socioeconômicas, as emissões de carbono aumentam com o crescimento da população e da economia. Proporcionalmente, o número de consumidores importa. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário