domingo, 27 de abril de 2025

De que maneira a mudança climática se conecta com inundações mais recorrentes?

De que maneira a mudança climática se conecta com inundações mais recorrentes? Especialistas explicam.

As maiores ocorrências de eventos climáticos extremos comprovam como o clima mais quente pode agravar as inundações.

Em 2025, as mudanças climáticas devem trazer temperaturas acima da média e pouca chuva, resultando em uma prevalência da seca no Brasil. Além disso, um relatório da ONU indica que 2025 é o limite para que a emissão global de gases de efeito estufa atinjam seu ponto de inflexão e comecem a cair, a fim de evitar uma catástrofe climática. A ONU também alerta para o risco de colapso climático se as ações necessárias não forem tomadas até essa data.
Impacto das Mudanças Climáticas na disponibilidade da Água Potável

Água potável é um requisito fundamental para a vida humana, sua disponibilidade está sendo cada vez mais desafiada pelas mudanças climáticas. É essencial entender de onde vem a nossa água potável, como ela é afetada pelo clima e quais são as soluções possíveis para lidar com esses problemas. Vamos mergulhar no ciclo vital da água e como ele é impactado pelas condições climáticas alteradas.

As mudanças climáticas estão ligadas a inundações mais frequentes porque aumentam a temperatura do planeta, o que provoca mais umidade e chuvas mais intensas.

Como o aumento da temperatura provoca mais chuvas?

O aumento da temperatura global faz com que mais umidade evapore, o que agrava as chuvas e as inundações.

Para cada 1°C de aquecimento, o ar próximo à superfície da Terra pode transportar cerca de 7% mais água em sua fase gasosa (o vapor).

O aumento da temperatura também faz com que as precipitações ocorram mais em forma de chuva do que de neve.

Como o degelo do gelo do mar provoca inundações?

O aumento do nível do mar causado pelo degelo, que decorre das temperaturas mais altas, pode levar a inundações costeiras.

Como o aquecimento do oceano afeta as tempestades?

A frequência e a dimensão das tempestades tropicais também são afetadas pelo aquecimento do oceano.

Como as inundações podem ser um risco para as sociedades?

As enchentes, intensificadas pelas mudanças climáticas, representam um sério risco para as sociedades.

De que maneira a mudança climática se conecta com inundações mais recorrentes? Especialistas explicam.

As maiores ocorrências de eventos climáticos extremos comprovam como o clima mais quente pode agravar as inundações.
Fotografia mostra o bairro Praia do Laranjal na cidade de Pelotas/RS, inundado após fortes chuvas em maio/2024.

Registros de enchentes massivas têm se multiplicado mundo afora nos últimos tempos. Um dos mais recentes ocorreu na cidade de Bahía Blanca, na Argentina, localizada a cerca de 650 quilômetros da capital, Buenos Aires. Em 07/03/2025 o lugar foi mergulhado em uma inundação histórica que varreu tudo em seu caminho, deixando ao menos 16 pessoas mortas e uma vasta destruição.

Este desastre natural relembra o ocorrido no Brasil, entre abril e maio/2024, quando tempestades deixaram 478 cidades do Rio Grande do Sul debaixo d'água e afetaram quase milhões de pessoas. Ainda no mesmo ano, a região de Valência, na Espanha, foi atingida por chuvas torrenciais resultado de um fenômeno meteorológico chamado Dana ou Gota Fria (espécies de trombas d’água formadas por uma corrente de ventos polares muito intensos). Ele deixou um rastro de mais de 200 mortos em outubro passado, além de incontáveis danos estruturais e no meio ambiente em decorrência do volume e da força da água.

Os três casos recentes de enormes inundações mostram que este acontecimento parece estar aumentando em todo o mundo, com efeitos cada vez mais devastadores. Paralelamente a eles, também têm se intensificado as secas, os incêndios florestais, a ocorrência de furacões e outros eventos climáticos extremos.

Como tudo isso está relacionado à mudança climática causada pelos humanos?

National Geographic reuniu informações científicas sobre o assunto para entender como o planeta está se encaminhando para um futuro de enchentes e como esse cenário poderia ser enfrentado.

Em 07/03/2025 ocorreu uma tempestade histórica na cidade de Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, na Argentina: na ocasião, 290 milímetros de água caíram no local em apenas 12 horas.

As mudanças climáticas influenciam as enchentes?

Relatório sobre o clima publicado pelo IPCC/Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas em 2021, especialistas foram diretos em afirmar que “mudanças climáticas já estão alterando a localização, a frequência e a gravidade das inundações”.

Como explica o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as inundações extremas podem ser desencadeadas por chuvas fortes, mais duradouras ou repetidas, quando não por uma combinação desses três fatores. E em um cenário de mudança climática, esses pontos podem ser exacerbados.

Temperaturas mais quentes levam a mais umidade e mais chuvas

De acordo com o relatório do IPCC, o aumento do nível do mar causado pelo degelo, que decorre das temperaturas mais altas, pode levar a inundações costeiras. E isso tem o potencial de se tornar ainda pior quando acompanhado de chuvas fortes.

Por sua vez, as temperaturas globais mais quentes estão correlacionadas com chuvas mais intensas e sustentadas, que se configuram na principal causa de inundações, por causarem mais umidade. “O ar próximo à superfície da Terra pode transportar cerca de 7% mais água em sua fase gasosa (o vapor) para cada 1°C de aquecimento”.

Caminhões flutuam em meio a fortes inundações em Terrebonne, no estado da Louisiana, Estados Unidos.

À medida que o planeta se aquece, espera-se uma precipitação mais intensa, afirma o IPCC. No entanto, isso nem sempre significa mais enchentes, pois os efeitos também dependem de outras variáveis, como o tipo de bacia hidrográfica, a paisagem da superfície, a extensão e a duração da precipitação e o grau de umidade do solo antes do evento da chuva.

Por exemplo, enquanto algumas regiões sofrerão um ressecamento do solo, o que pode tornar menos provável a ocorrência de inundações decorrentes de uma chuva, outras áreas podem sofrer com tempestades mais intensas, porém menos frequentes, que endurecem o solo, reduzindo sua capacidade de absorção de água.

Uma atividade humana que também contribui para a mudança climática e influencia os efeitos das chuvas é o desmatamento, seja para agricultura ou urbanização. Ele leva a mudanças no manejo da terra e “pode fazer com que a água da chuva flua mais rapidamente para os rios ou áreas baixas”.

Chuvas mais fortes são efeito das mudanças climáticas?

No caso das áreas frias, o degelo precoce combinado com mais precipitação na forma de chuva pode provocar enchentes e aumentar o fluxo dos rios, continua o documento do IPCC. Ainda assim, “a redução da cobertura de neve no inverno pode diminuir a probabilidade de enchentes resultantes da combinação de precipitação e derretimento rápido deste tipo de gelo”, diz a fonte.

Entretanto, o cenário não será o mesmo em todo o mundo. “Embora saibamos que um clima mais quente intensificará as precipitações, espera-se que as tendências locais e regionais variem tanto em direção quanto em magnitude, já que o aquecimento global causa influências múltiplas e, às vezes, conflitantes”, conclui o IPCC.

“Mesmo levando em conta vários fatores, quando os padrões climáticos levarem a inundações em um futuro mais quente, elas serão mais graves”, continua a fonte científica.

Como o mundo deve lidar com um futuro de mais enchentes

De acordo com o PNUMA, governos, empresas e cidadãos de todo o planeta devem se preparar para eventos climáticos cada vez mais extremos.

“A ciência do clima deve ser levada em conta na construção, adaptação e proteção de nossas casas, comunidades, empresas e infraestrutura. Mais urgentemente, as emissões de gases de Efeito Estufa devem ser reduzidas para controlar o aumento da temperatura global pelo maior tempo possível”, enfatiza o órgão internacional.

Além disso, soluções climáticas baseadas na natureza, como o reflorestamento e a restauração do solo, devem ser levadas em conta, conclui o PNUMA. (nationalgeographicbrasil)

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