De que maneira a mudança
climática se conecta com inundações mais recorrentes? Especialistas explicam.
As maiores ocorrências de
eventos climáticos extremos comprovam como o clima mais quente pode agravar as
inundações.
Água potável é um requisito
fundamental para a vida humana, sua disponibilidade está sendo cada vez mais
desafiada pelas mudanças climáticas. É essencial entender de onde vem a nossa
água potável, como ela é afetada pelo clima e quais são as soluções possíveis
para lidar com esses problemas. Vamos mergulhar no ciclo vital da água e como
ele é impactado pelas condições climáticas alteradas.
As mudanças climáticas estão
ligadas a inundações mais frequentes porque aumentam a temperatura do planeta,
o que provoca mais umidade e chuvas mais intensas.
Como o aumento da temperatura
provoca mais chuvas?
O aumento da temperatura
global faz com que mais umidade evapore, o que agrava as chuvas e as
inundações.
Para cada 1°C de aquecimento,
o ar próximo à superfície da Terra pode transportar cerca de 7% mais água em
sua fase gasosa (o vapor).
O aumento da temperatura
também faz com que as precipitações ocorram mais em forma de chuva do que de
neve.
Como o degelo do gelo do mar
provoca inundações?
O aumento do nível do mar
causado pelo degelo, que decorre das temperaturas mais altas, pode levar a
inundações costeiras.
Como o aquecimento do oceano
afeta as tempestades?
A frequência e a dimensão das
tempestades tropicais também são afetadas pelo aquecimento do oceano.
Como as inundações podem ser
um risco para as sociedades?
As enchentes, intensificadas
pelas mudanças climáticas, representam um sério risco para as sociedades.
De que maneira a mudança
climática se conecta com inundações mais recorrentes? Especialistas explicam.
Registros de enchentes
massivas têm se multiplicado mundo afora nos últimos tempos. Um dos mais
recentes ocorreu na cidade de Bahía Blanca, na Argentina, localizada a cerca de
650 quilômetros da capital, Buenos Aires. Em 07/03/2025 o lugar foi mergulhado
em uma inundação histórica que varreu tudo em seu caminho, deixando ao menos 16
pessoas mortas e uma vasta destruição.
Este desastre natural
relembra o ocorrido no Brasil, entre abril e maio/2024, quando tempestades
deixaram 478 cidades do Rio Grande do Sul debaixo d'água e afetaram quase
milhões de pessoas. Ainda no mesmo ano, a região de Valência, na Espanha, foi
atingida por chuvas torrenciais resultado de um fenômeno meteorológico chamado
Dana ou Gota Fria (espécies de trombas d’água formadas por uma corrente de
ventos polares muito intensos). Ele deixou um rastro de mais de 200 mortos em
outubro passado, além de incontáveis danos estruturais e no meio ambiente em
decorrência do volume e da força da água.
Os três casos recentes de
enormes inundações mostram que este acontecimento parece estar aumentando em
todo o mundo, com efeitos cada vez mais devastadores. Paralelamente a eles,
também têm se intensificado as secas, os incêndios florestais, a ocorrência de
furacões e outros eventos climáticos extremos.
Como tudo isso está relacionado à mudança climática causada pelos humanos?
National Geographic reuniu informações científicas sobre o assunto para entender como o planeta está se encaminhando para um futuro de enchentes e como esse cenário poderia ser enfrentado.
Em 07/03/2025 ocorreu uma tempestade histórica na cidade de Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, na Argentina: na ocasião, 290 milímetros de água caíram no local em apenas 12 horas.
As mudanças climáticas
influenciam as enchentes?
Relatório sobre o clima
publicado pelo IPCC/Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das
Nações Unidas em 2021, especialistas foram diretos em afirmar que “mudanças
climáticas já estão alterando a localização, a frequência e a gravidade das
inundações”.
Como explica o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as inundações extremas podem ser
desencadeadas por chuvas fortes, mais duradouras ou repetidas, quando não por
uma combinação desses três fatores. E em um cenário de mudança climática, esses
pontos podem ser exacerbados.
Temperaturas mais quentes
levam a mais umidade e mais chuvas
De acordo com o relatório do
IPCC, o aumento do nível do mar causado pelo degelo, que decorre das
temperaturas mais altas, pode levar a inundações costeiras. E isso tem o
potencial de se tornar ainda pior quando acompanhado de chuvas fortes.
Por sua vez, as temperaturas globais mais quentes estão correlacionadas com chuvas mais intensas e sustentadas, que se configuram na principal causa de inundações, por causarem mais umidade. “O ar próximo à superfície da Terra pode transportar cerca de 7% mais água em sua fase gasosa (o vapor) para cada 1°C de aquecimento”.
Caminhões flutuam em meio a fortes inundações em Terrebonne, no estado da Louisiana, Estados Unidos.
À medida que o planeta se
aquece, espera-se uma precipitação mais intensa, afirma o IPCC. No entanto,
isso nem sempre significa mais enchentes, pois os efeitos também dependem de
outras variáveis, como o tipo de bacia hidrográfica, a paisagem da superfície,
a extensão e a duração da precipitação e o grau de umidade do solo antes do evento
da chuva.
Por exemplo, enquanto algumas
regiões sofrerão um ressecamento do solo, o que pode tornar menos provável a
ocorrência de inundações decorrentes de uma chuva, outras áreas podem sofrer
com tempestades mais intensas, porém menos frequentes, que endurecem o solo,
reduzindo sua capacidade de absorção de água.
Uma atividade humana que também contribui para a mudança climática e influencia os efeitos das chuvas é o desmatamento, seja para agricultura ou urbanização. Ele leva a mudanças no manejo da terra e “pode fazer com que a água da chuva flua mais rapidamente para os rios ou áreas baixas”.
Chuvas mais fortes são efeito das mudanças climáticas?
No caso das áreas frias, o
degelo precoce combinado com mais precipitação na forma de chuva pode provocar
enchentes e aumentar o fluxo dos rios, continua o documento do IPCC. Ainda
assim, “a redução da cobertura de neve no inverno pode diminuir a probabilidade
de enchentes resultantes da combinação de precipitação e derretimento rápido
deste tipo de gelo”, diz a fonte.
Entretanto, o cenário não
será o mesmo em todo o mundo. “Embora saibamos que um clima mais quente
intensificará as precipitações, espera-se que as tendências locais e regionais
variem tanto em direção quanto em magnitude, já que o aquecimento global causa
influências múltiplas e, às vezes, conflitantes”, conclui o IPCC.
“Mesmo levando em conta
vários fatores, quando os padrões climáticos levarem a inundações em um futuro
mais quente, elas serão mais graves”, continua a fonte científica.
Como o mundo deve lidar com um futuro de mais enchentes
De acordo com o PNUMA, governos, empresas e cidadãos de todo o planeta devem se preparar para eventos climáticos cada vez mais extremos.
“A ciência do clima deve ser
levada em conta na construção, adaptação e proteção de nossas casas,
comunidades, empresas e infraestrutura. Mais urgentemente, as emissões de gases
de Efeito Estufa devem ser reduzidas para controlar o aumento da temperatura
global pelo maior tempo possível”, enfatiza o órgão internacional.
Além disso, soluções
climáticas baseadas na natureza, como o reflorestamento e a restauração do
solo, devem ser levadas em conta, conclui o PNUMA. (nationalgeographicbrasil)
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