O relatório, publicado por
especialistas internacionais, destaca que o aumento do calor extremo é um
resultado direto das mudanças climáticas. À medida que as temperaturas globais
continuam a subir, mais pessoas em todo o mundo enfrentarão condições de calor
perigosas. O estudo também aponta que algumas cidades serão mais afetadas do
que outras, com projeções de que Manaus, por exemplo, se tornará uma das
cidades mais quentes do mundo em 2050, com aproximadamente 258 dias de calor extremo
por ano.
As consequências do calor
extremo vão além do desconforto físico. O aumento das temperaturas pode levar
a:
Problemas de saúde:
O calor extremo pode agravar
condições médicas existentes e aumentar o risco de doenças relacionadas ao
calor, como insolação e exaustão.
Mortes:
Especialistas preveem que as
mortes relacionadas ao calor extremo podem aumentar significativamente até
2050.
Impacto econômico:
O calor extremo pode reduzir
a produtividade do trabalho e causar perdas econômicas devido a interrupções no
trabalho e danos à infraestrutura.
É importante ressaltar que a ação para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar as mudanças climáticas é crucial para evitar as piores consequências do calor extremo.
Cidades brasileiras estarão entre as mais quentes do mundo em 2050, indica estudo.
Cidades do Nordeste e da Amazônia podem sofrer um aumento de até
4,5°C em sua temperatura média.
Pesquisa combinou temperatura, umidade, luz solar e vento para
mapear cidades mais quentes do mundo; países pobres concentrarão 80% dos
afetados pelo aquecimento global.
Uma pesquisa realizada pela ONG Carbon Plan, em conjunto com o
jornal The Washington Post, investigou o dano potencial que o calor pode causar
ao planeta a longo prazo. No estudo foi previsto quais serão as cidades mais
quentes até o ano de 2050.
A ONG evidencia a perspectiva de que, em cerca de 30 anos,
aproximadamente 5 bilhões de pessoas estarão expostas a, pelo menos, um mês de
calor prejudicial à saúde humana. A análise foi feita por meio de uma escala
que combinou temperatura, umidade, luminosidade solar e vento e que determinou
que 32°C é a condição limite para a saúde do indivíduo. Eles reforçam
que essa condição é nociva até mesmo para um adulto saudável, caso exposto por
mais de 15 minutos, e pode ser responsável pelo aumento da morte de pessoas em
consequência de altas temperaturas.
Paulo Artaxo, professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, analisou o estudo e comentou: “Essas hipóteses levantadas podem se tornar realidade. Eles têm base física, base científica e só reforçam a necessidade urgente da redução de emissões de gases de efeito estufa, que é a única maneira que nós temos de evitar um colapso do sistema climático”.
Consequências do superaquecimento
As mudanças climáticas estão associadas, no geral, a desastres
como queimadas e enchentes. Entretanto, os perigos do calor extremo são mais
silenciosos e menos visuais, pessoas morrem nas ruas, outras adquirem doenças
cardíacas e mentais por consequência dessa conjuntura. “Com as emissões atuais,
a temperatura deve chegar, na segunda parte deste século, em 3°C de
média global, o que significa, em áreas continentais, como o Nordeste brasileiro
ou a Amazônia, um aumento da ordem de 4° a 4,5º”, garante o professor.
As métricas mais populares
avaliam apenas a temperatura e a umidade, o que auxilia na explicação de como o
corpo trabalha para controlar sua temperatura. Em contraponto, a temperatura de
bulbo úmido analisa a influência do Sol e do vento na capacidade das pessoas em
se resfriar.
De acordo com o levantamento, a temperatura absoluta não é tudo.
Portanto, é levado em conta o aumento repentino da temperatura, pois isso
ameaça a capacidade dos indivíduos em lidar com a situação, mesmo nos lugares
que já são quentes. Artaxo garante que as áreas mais atingidas pelo aquecimento
global serão as que já viviam no limiar de temperaturas perigosas, antes da
intensificação dos eventos climáticos.
Um estudo da revista Lancet Planetary Health, publicado em 2021,
apontou que ocorrem cerca de meio milhão de mortes ao redor do planeta devido
ao calor excessivo e o número de pessoas acometidas por doenças crônicas
desencadeadas por esse contexto está em crescimento.
Desigualdade no aquecimento global
Essa epidemia de calor, apesar de representar uma das maiores
ameaças à humanidade, não irá afetar o mundo de maneira uniforme, segundo a
pesquisa. Eles assumem que 80% da população afetada pelo calor extremo será de
países mais pobres, enquanto apenas 2% viverá nas localidades mais ricas do
mundo. Isso ocorrerá em regiões como o Sul da Ásia e a África Subsaariana, em
virtude de sua localização e de questões socioeconômicas que dificultam o
enfrentamento dos problemas climáticos. A falta de um sistema de saúde de
qualidade ou de produtos, tal qual ar condicionado, são fatores essenciais para
essa realidade.
A pesquisa indica algumas possíveis soluções para mitigar essa
problemática. Entre elas, é destacada a mudança na legislação dos países para a
melhora de vida dos trabalhadores ao ar livre, como a garantia de pausas
durante o serviço ou, até mesmo, a proibição quando as temperaturas estiverem
extremas. Além disso, o uso de coletes acoplados a ventiladores e de roupas
brancas demonstraram reduzir a tensão do calor na pele dessa mão de obra.
Cidades brasileiras mais quentes
Conforme o estudo, a cidade que mais sofrerá será Pekanbaru, na Indonésia, que deverá ter quase um ano de calor extremo — 344 dias. Já no Brasil, várias capitais sofrerão por, ao menos, um dia. “O Brasil é um dos países que mais devem sofrer com as mudanças climáticas globais, por conta de sua extensão continental e sua localização tropical. Muitas cidades brasileiras, como Teresina, Cuiabá e cidades do Agreste nordestino, já vivem no limiar da temperatura”. Em números absolutos, Manaus lidera entre as capitais brasileiras, ultrapassando o limite de 32°C por 258 dias. Em sequência, fecham a lista das cinco primeiras: Belém (222), Porto Velho (218), Rio Branco (212) e Boa Vista (190).
O professor ressalta que cidades de regiões como da Amazônia, que combinam altas temperaturas com altas umidades, terão um agravante: “É perigoso para a saúde humana, porque uma das maneiras que o corpo utiliza para se resfriar é a transpiração. Se você tem umidade relativa do ar entre 70% e 80%, dificulta a evaporação da água do corpo, o que conflui para que os mecanismos de regulação térmica do corpo deixem de funcionar adequadamente”. (ecodebate)
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