Análise detalhada:
Declínio populacional:
A Grécia tem uma das taxas de
natalidade mais baixas da Europa, e a população está a envelhecer, o que leva a
um declínio populacional.
Prosperidade social e
ambiental:
Apesar do declínio
populacional, a Grécia tem políticas públicas que visam apoiar a população
idosa, garantir a qualidade de vida e promover a sustentabilidade ambiental.
Envelhecimento populacional:
A idade média na Grécia tem
vindo a aumentar, o que pode gerar desafios, mas também oportunidades para o
desenvolvimento de serviços e produtos específicos para este grupo etário.
Sustentabilidade ambiental:
A Grécia tem uma natureza rica e diversificada, com muitas áreas protegidas. O governo tem vindo a investir em políticas de sustentabilidade ambiental, como a promoção de energias renováveis e a gestão de resíduos.
Desafios e oportunidades:
O declínio populacional pode
gerar desafios, como a escassez de mão de obra e a diminuição da taxa de
crescimento económico. No entanto, também pode trazer oportunidades para o
desenvolvimento de uma economia mais sustentável e para a melhoria da qualidade
de vida da população.
Políticas públicas:
A Grécia tem políticas
públicas que visam apoiar a população idosa, promover a educação e a saúde, e
garantir o acesso a serviços de qualidade.
Exemplo:
A Grécia pode ser um exemplo
para outros países que enfrentam desafios demográficos. A combinação de
políticas públicas, envelhecimento populacional e outros fatores pode levar a
um equilíbrio entre crescimento demográfico e qualidade de vida.
Conclusão:
O decrescimento populacional na Grécia não é sinónimo de crise social ou ambiental. A combinação de políticas públicas, envelhecimento populacional e outros fatores pode levar a um equilíbrio entre crescimento demográfico e qualidade de vida, demonstrando que é possível alcançar a prosperidade social e ambiental mesmo com um declínio populacional.
O exemplo da Grécia, que tem uma idade mediana de 46 anos em 2024, mostra que pode haver decrescimento da população com prosperidade social e ecológica
A Grécia já deu grandes
contribuições para a humanidade no passado, mas foi considerada uma “Nação
falida” após a crise financeira de 2008. A renda per capita caiu e parecia que
a Grécia iria entrar em uma fase de retrocesso do bem-estar, junto ao
envelhecimento populacional. Mas, apesar das dificuldades, a Grécia reagiu e
tem apresentado certa recuperação do progresso social e ambiental nos últimos
10 anos.
A Grécia tinha uma renda per
capita, em preços constantes, em poder de paridade de compra (ppp), de US$ 26,8
mil em 1980 e uma população de 9,6 milhões de habitantes, aumentando para US$
31,5 mil no ano 2000, com uma população de 10,8 milhões de habitantes. O pico
da renda ocorreu em 2007 com US$ 41,9 mil e o pico da população ocorreu em 2011
com 11,1 milhões de habitantes. Na década passada houve decrescimento da
economia e da população. A renda per capita atingiu o nível mais baixo do
século em 2020, durante a pandemia da covid-19.
Mas na atual década a renda voltou a crescer, mesmo em um quadro de decrescimento populacional. Em 2025, a renda per capita recuperou para US$ 38,6 mil, enquanto a população caiu para 10,4 milhões de habitantes. As estimativas do FMI mostram que a renda per capita grega deve atingir US$ 41,9 mil em 2030, enquanto a população deve diminuir para 10,3 milhões na mesma data, conforme mostra o gráfico abaixo. Ou seja, a redução do volume de habitantes não tem impedido a recuperação do crescimento do poder de compra médio da população grega.
No pensamento convencional, o envelhecimento populacional conjugado com o decrescimento demográfico é interpretado como “armadilha fiscal gerontológica” ou “inverno demográfico” e seria o fim da linha para o desenvolvimento humano de qualquer nação. Contudo, o exemplo da Grécia, que tem uma idade mediana de 46 anos em 2024, mostra que pode haver decrescimento da população com prosperidade social e ecológica.
O gráfico abaixo, do
Instituto Global Footprint Network, apresenta os valores da pegada ecológica e
da biocapacidade da Grécia de 1961 a 2019, com uma estimativa até 2022. A
pegada ecológica serve para avaliar o impacto do ser humano sobre a biosfera. A
biocapacidade, avalia o montante de terra, água e demais recursos
biologicamente produtivos para prover bens e serviços do ecossistema, sendo
equivalente à capacidade regenerativa da natureza. Ambas as medidas são
representadas em hectares globais (gha).
Em 1961, a Grécia tinha uma biocapacidade de 10,9 milhões de gha e uma pegada ecológica de 14,9 milhões de gha. Portanto, havia um pequeno déficit ambiental. Até o final do século XX este déficit aumentou. No ano 2000, a biocapacidade estava em 19,5 milhões de gha e a pegada ecológica em 73,2 milhões de gha (foi o ano do maior déficit ambiental). Mas desde então, o déficit ambiental diminuiu. Em 2022, a pegada ecológica passou para 39,3 milhões de gha e a biocapacidade ficou em 26,7 milhões de gha. Isto significa que ainda existe um déficit ambiental, mas ele diminui em 50% dede o ano 2000.
De fato, a diminuição da população em idade ativa significou o fim do 1º bônus demográfico. Mas a Grécia contou com o 2º bônus demográfico – bônus da produtividade – e o 3º bônus demográfico – bônus da longevidade e da geração prateada. O padrão da produção se alterou e contribuiu para a melhoria das condições ambientais.
Esta visão sobre o
decrescimento populacional como oportunidade de progresso social e ambiental é
apontada pelo renomado demógrafo Wolfgang Lutz, que traça um quadro bastante
otimista do futuro da civilização humana se for dada prioridade à educação
universal e, em particular, à educação feminina:
“Mais investimento em
educação compensa em termos de maior bem-estar, e ainda mais quando combinado
com níveis de fecundidade que levam ao declínio populacional a longo prazo em
países individuais e, em última análise, em todo o mundo. Portanto, esta
conclusão apoia o título do artigo, que afirma que o declínio da população
global não é apenas provável, mas também irá beneficiar o bem-estar humano a longo
prazo” (Lutz, 2023, p. 13).
Desta forma, o envelhecimento populacional é inexorável, mas isto não implica necessariamente em retrocesso nos indicadores sociais. O mundo será um lugar melhor para se habitar se o decrescimento populacional dos países for acompanhado do aumento da renda per capita e da redução da pegada ecológica e do déficit ambiental. Um mundo com menor quantidade de pessoas, pode ser um mundo com maior qualidade de vida humana e ecológica.
Pirâmide populacional do Grécia em 2025
O avanço tecnológico pode
compensar a diminuição do número de trabalhadores. Por exemplo, a Inteligência
Artificial (IA) – a despeito de seus efeitos potencialmente perigosos – pode
contribuir para mitigar as tendências de declínio da população em idade
produtiva, mesmo não substituindo completamente o trabalho humano. A IA pode
ajudar a aumentar a produtividade, transformar setores e criar novas
oportunidades, compensando, em parte, a escassez de mão de obra, podendo
contribuir da seguinte forma:
1. Aumento da produtividade
A IA pode automatizar tarefas
repetitivas e rotineiras, liberando os trabalhadores humanos para focarem em
tarefas mais complexas e de maior valor agregado. Isso é especialmente
importante em setores como a manufatura, serviços financeiros, saúde e
logística, onde a automação já está permitindo operações mais eficientes.
2. Compensação em setores
críticos
Nos cuidados de saúde e na
assistência aos idosos, onde a demanda aumentará devido ao envelhecimento
populacional, a IA pode desempenhar um papel crucial. Sistemas baseados em IA
podem ajudar no diagnóstico precoce de doenças, monitoramento de pacientes e
administração de medicamentos, reduzindo a carga sobre médicos, enfermeiros e
cuidadores.
3. Economia baseada em
habilidades tecnológicas
Com a adoção de IA, muitos
setores estão se transformando, exigindo novas habilidades. Isso pode compensar
o decrescimento da força de trabalho em setores mais tradicionais, desde que as
economias estejam preparadas para transições tecnológicas. A educação e a
requalificação serão cruciais para permitir que as pessoas se adaptem a essas
mudanças.
4. Autonomia em
infraestrutura e transportes
Sistemas autônomos, como
veículos sem motorista e drones, podem reduzir a necessidade de trabalhadores
em setores como transporte e logística. Essas inovações também podem ser
aplicadas em infraestruturas inteligentes para melhorar a eficiência de cidades
e indústrias, com menos necessidade de mão de obra direta.
5. Melhoria da eficiência
econômica
A IA pode ajudar a otimizar
processos econômicos em várias escalas. Com a capacidade de analisar grandes
volumes de dados e prever padrões, a IA pode identificar áreas de melhoria nas
cadeias de suprimento, na alocação de recursos e no consumo de energia,
aumentando a produtividade geral da economia.
6. Automação de trabalhos
intelectuais
Além dos trabalhos manuais, a IA também pode assumir tarefas que tradicionalmente requerem habilidades cognitivas, como análises financeiras, geração de conteúdo e tomada de decisões estratégicas, o que pode compensar a falta de profissionais em certos campos especializados.
Como disse Larry Fink, Chairman and CEO at BlackRock (2025): “Há uma preocupação de que a IA possa eliminar empregos. É uma preocupação válida. Mas em sociedades ricas e envelhecidas que enfrentam escassez inevitável de mão de obra, a IA pode ser menos uma ameaça do que uma tábua de salvação”.
Evidentemente, o progresso tecnológico não é inevitavelmente positivo, uma vez que ele precisa ser orientado por escolhas conscientes que busquem beneficiar o coletivo e não apenas o poder econômico. Para garantir que os avanços tecnológicos beneficiem a maioria da população e não apenas uma elite é importante garantir o funcionamento de instituições fortes e inclusivas, possibilitando um futuro mais próspero e equitativo para todas as pessoas.
As transições demográfica, energética e tecnológica podem reconfigurar a dinâmica social e econômica no século XXI.
O caso da Grécia deve servir
de inspiração para os demais países do mundo, especialmente para aqueles países
que apresentam grande crescimento populacional e baixo crescimento econômico,
visando a redução da pobreza e o aumento da qualidade de vida humana e
ambiental. (ecodebate)
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