Causas e Efeitos:
Emissões de gases de efeito
estufa:
A queima de combustíveis
fósseis, o desmatamento e atividades industriais liberam gases como dióxido de
carbono (CO2) na atmosfera, aprisionando o calor e causando o
aquecimento global.
Aquecimento global:
A temperatura média da Terra
está aumentando, com a última década (2011-2020) sendo a mais quente já
registrada.
Eventos climáticos extremos:
A mudança climática
intensifica eventos como secas, inundações, ondas de calor e tempestades, causando
perdas humanas, econômicas e ambientais.
Aumento do nível do mar:
O derretimento das geleiras e
a expansão térmica da água do mar estão elevando o nível do oceano, ameaçando
cidades costeiras e ecossistemas.
Impactos na saúde:
A mudança climática pode
aumentar a incidência de doenças respiratórias, doenças transmitidas por
vetores e problemas de saúde mental.
Ações para Mitigação e
Adaptação:
Redução das emissões:
É crucial reduzir as emissões
de gases de efeito estufa por meio da transição para energias renováveis,
eficiência energética e práticas agrícolas sustentáveis.
Adaptação às mudanças:
É necessário desenvolver
estratégias para se adaptar aos impactos inevitáveis da mudança climática, como
o aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos.
Conscientização e educação:
A conscientização pública
sobre as mudanças climáticas e suas consequências é fundamental para promover a
ação individual e coletiva.
Engajamento político:
É importante que governos e
empresas implementem políticas e ações para enfrentar a mudança climática,
incluindo investimentos em tecnologias limpas e infraestrutura resiliente.
Conclusão:
As mudanças climáticas são um
desafio global que exige ação imediata e coordenada. A conscientização, a
educação e o engajamento de todos são cruciais para construir um futuro mais
sustentável e resiliente.
O futuro em nossas mãos: Desvendando as mudanças climáticas
Bem-vindos a uma jornada de conhecimento que pode mudar a sua perspectiva sobre o mundo. O clima do nosso planeta está em constante transformação, e as mudanças climáticas são, sem dúvida, um dos maiores desafios da nossa era.
Este texto foi criado para
ajudar você a entender o que está acontecendo, porque está acontecendo, quais
são as consequências e, o mais importante, o que podemos fazer a respeito.
Prepare-se para desvendar a
“nova realidade climática” e descobrir como a ciência, a sociedade e a ação
individual são cruciais para moldar o nosso futuro.
1. O que está acontecendo com
o clima?
O aquecimento global e as
mudanças climáticas são termos que ouvimos com frequência, mas você sabe
realmente o que eles significam? Basicamente, o nosso planeta está aquecendo a
uma taxa sem precedentes, e isso está causando uma série de alterações em todo
o sistema climático.
1.1 Gases de Efeito Estufa:
Os Vilões Invisíveis A principal causa desse aquecimento é o aumento da
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Esses gases, como o
dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso, atuam como um
cobertor, retendo o calor do sol e aquecendo a Terra. Em 2024, as concentrações
desses gases atingiram níveis recordes históricos.
• O CO2 médio
global chegou a 422,8 partes por milhão (ppm), um aumento de 52% em relação aos
níveis pré-industriais (~278 ppm).
• O crescimento anual do CO2
acelerou significativamente, passando de 0,6 ppm por ano na década de 1960 para
uma média de 2,4 ppm por ano entre 2011 e 2020, e um crescimento de 3,4 ppm de
2023 para 2024. As atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis
fósseis e o desmatamento, são as grandes responsáveis por essa liberação, com
cerca de 53 bilhões de toneladas de CO2 equivalente liberadas por
ano na última década.
1.2 Temperaturas em Ascensão:
Um Recorde Atrás do Outro O resultado direto é um aumento implacável das
temperaturas. Em 2024, a temperatura anual da superfície global estabeleceu um
novo recorde, pelo segundo ano consecutivo, superando os registros desde meados
de 1800.
• A temperatura global foi de
1,13 a 1,3°C acima da média de 1991-2020.
• Um forte evento de El Niño,
que começou em 2023 e terminou em 2024, contribuiu para esse calor recorde.
• Os últimos 10 anos
(2015-2024) foram os mais quentes já registrados. O relatório “Indicators of
Global Climate Change” revela que o ritmo do aquecimento global praticamente
dobrou desde a década de 1980. Em 2024, o aquecimento observado já atingiu
1,52°C acima dos níveis pré-industriais, sendo 1,36°C diretamente atribuído à
atividade humana. É importante lembrar que atingir 1,5°C em um único ano não é
o mesmo que um aquecimento de longo prazo, mas é um sinal alarmante. O
aquecimento só cessará quando as emissões de CO2 chegarem a zero
líquido.
1.3 Oceanos em Perigo: Mais
Quentes, Mais Altos e Mais Ácidos Os oceanos são reguladores cruciais do clima,
mas também estão sofrendo impactos severos.
• Os oceanos absorveram mais
de 90% do excesso de energia retido pelos gases de efeito estufa.
• Em 2024, o conteúdo global
de calor do oceano (até 2000m de profundidade) atingiu novos recordes.
• As temperaturas médias diárias
da superfície do mar também registraram níveis recordes desde o início de 2024
até junho, com a média anual de 2024 superando o recorde anterior de 2023.
• Aproximadamente 91% da
superfície do oceano experienciou pelo menos uma onda de calor marinha em 2023.
• O nível médio global do mar
bateu recorde pelo 13º ano consecutivo, chegando a 105,8 mm acima da média de
1993. O aquecimento dos oceanos e o derretimento de geleiras são os principais
contribuintes.
• Além do aquecimento, o
oceano também está passando por acidificação, uma ameaça que, por ser mais
lenta e com menor possibilidade de reversão, merece grande atenção,
especialmente pela concentração populacional e de atividades na zona costeira.
1.4 O Gelo Desaparecendo: Um
Sinal Preocupante As calotas polares e as geleiras são indicadores visíveis do
aquecimento.
• Em 2024, o Ártico teve o
segundo ano mais quente em 125 anos, com o outono registrando calor recorde.
• A extensão máxima de gelo
marinho no Ártico em 2024 foi a segunda menor já registrada, e a extensão
mínima a sexta menor.
• A Antártida também
apresentou níveis baixos de gelo marinho, com extensões mínimas e máximas
diárias sendo as segundas mais baixas da história, após 2023.
• Todas as 58 geleiras de
referência globais perderam massa em 2024, marcando a maior perda média de gelo
em 55 anos. Países como Venezuela e Colômbia já registraram a perda total de
algumas de suas geleiras. O encolhimento das camadas de gelo é uma mudança em
grande escala que o planeta está passando.
1.5 O Ciclo da Água: Mais
Intenso e Imprevisível O aquecimento global também intensifica o ciclo da água,
tornando-o mais volátil.
• A evaporação da água da
terra no Hemisfério Norte atingiu um dos maiores valores anuais já registrados.
• A atmosfera global continha
a maior quantidade de vapor d’água já registrada em 2024.
• Isso resultou em precipitação globalmente alta, tornando 2024 o terceiro ano mais chuvoso desde 1983. Chuvas extremas, como os 250 mm registrados em Dubai em 24 horas (quase 3 vezes a média anual), foram as mais intensas já documentadas. A água é o principal meio pelo qual sentimos os impactos climáticos.
2. Extremos múltiplos e seus efeitos cascata
As mudanças climáticas não se
manifestam apenas como um aumento gradual da temperatura. Elas impulsionam
eventos climáticos extremos, que estão se tornando mais frequentes, intensos e
prolongados.
2.1 Ondas de Calor: Mais
Longas e Aceleradas As ondas de calor são um dos perigos mais diretos e
silenciosos do aquecimento global.
• Novas pesquisas indicam que
as ondas de calor não só se tornarão mais quentes e longas, mas o alongamento
delas acelerará a cada fração adicional de grau de aquecimento.
• As ondas de calor mais
longas e raras em cada região, que podem durar semanas, são as que apresentam
os maiores aumentos de frequência.
• Regiões tropicais e
equatoriais, como o Sudeste Asiático e partes da América do Sul e África,
provavelmente sofrerão os maiores impactos, com ondas de calor com duração
superior a 35 dias ocorrendo 60 vezes mais frequentemente no futuro próximo na
África equatorial. A duração de uma onda de calor agrava os riscos para
pessoas, animais, agricultura e ecossistemas. Eventos como a cúpula de calor
nos EUA, que causou doenças e danos, e o calor sufocante na Europa em 2024, que
levou ao fechamento da Torre Eiffel, demonstram a urgência.
2.2 Eventos Compostos: Uma
Ameaça Amplificada O aquecimento global também aumenta a probabilidade de
eventos extremos compostos.
• São situações em que
múltiplos perigos ocorrem simultaneamente ou em rápida sucessão, como ondas de
calor, inundações e poluição do ar.
• Esses eventos cobrem áreas
maiores, duram mais e causam danos mais severos do que eventos isolados,
amplificando os riscos à saúde de maneiras frequentemente ignoradas.
• Exemplos incluem extremos
de calor contínuos (diurnos e noturnos), eventos de temperatura e umidade
combinadas, e eventos de alta temperatura e ozônio.
2.3 Tempestades e Ciclones
Tropicais A atividade de ciclones tropicais em 2024 ficou abaixo da média geral,
mas as tempestades ainda estabeleceram recordes e causaram grandes danos.
Furacões como Helene e Milton nos EUA, e o Super Tufão Yagi na China e Vietnã,
causaram destruição generalizada e centenas de mortes.
2.4 A Realidade Brasileira:
Ameaças Regionais O Brasil, devido à sua extensão continental e localização
tropical, é um dos países que mais devem sofrer com as mudanças climáticas. O
Primeiro Relatório Bienal de Transparência do Brasil à Convenção do Clima
identificou 14 ameaças climáticas para as cinco macrorregiões brasileiras,
mesmo que as metas do Acordo de Paris sejam atingidas.
• Aumento de temperatura e
ondas de calor são apontados com alta confiança em todas as macrorregiões.
• Aumento da chuva anual no
Sul e de chuva extrema no Norte, Sudeste e Sul.
• Aumento de secas no
Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.
• Aumento de vento severo nas
regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul.
• Impactos severos nos oceanos da costa brasileira, como aumento do nível do mar, temperatura do mar, ondas de calor marinha e acidificação. Essas projeções mostram que a adaptação é essencial, pois os sinais de mudança continuarão mesmo no cenário mais otimista do Acordo de Paris.
3. Pontos de não retorno: O perigo da irreversibilidade
Imagine um interruptor que,
uma vez acionado, não pode ser desligado. No sistema climático, esses são os
pontos de não retorno (tipping points).
• São limiares críticos que,
uma vez ultrapassados, desencadeiam efeitos em cascata irreversíveis, mesmo que
as emissões de carbono sejam reduzidas depois.
• Pequenas mudanças podem
iniciar ciclos de reforço que transformam um sistema de um estado estável para
um estado profundamente diferente.
• Essa mudança pode levar
décadas ou séculos para se estabilizar, e seus impactos totais podem não ser
aparentes por centenas ou milhares de anos.
3.1 Sinais de Alerta: O
Relatório Global de Pontos de Inflexão O Global Tipping Points Report de 2023 é
um chamado urgente.
• O estudo revela que 5
pontos de não retorno já podem ter sido ativados devido ao aquecimento global
de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais.
• Com um aumento de 1,5°C a
2°C, outros sistemas cruciais podem entrar em colapso.
• Os principais riscos
identificados incluem:
- Derretimento acelerado das
calotas polares (Groenlândia e Antártida Ocidental), elevando o nível do mar.
- Colapso de corais marinhos,
essenciais para a biodiversidade oceânica, que já ultrapassaram seu ponto de
inflexão e estão sofrendo perda sem precedentes.
- Morte em massa da Floresta
Amazônica, transformando-a em savana e liberando quantidades gigantescas de CO2,
um risco agravado pelo desmatamento.
- Interrupção de correntes
oceânicas, como a AMOC (Circulação Meridional do Atlântico), que regula o clima
global e pode mergulhar o noroeste da Europa em invernos rigorosos e
comprometer a segurança alimentar global.
- Regiões do permafrost.
- O Mar de Labrador e a
circulação de giros subpolares.
3.2 O Efeito Dominó: Uma
Cascata de Desastres O cruzamento de um ponto de não retorno pode levar ao
desencadeamento de outros, criando uma reação em cadeia de efeitos dominó.
- Por exemplo, o aquecimento
do Ártico acelera o derretimento do gelo da Groenlândia, o que pode desacelerar
a AMOC, impactando o sistema de monções na América do Sul. As mudanças nas
monções podem contribuir para secas na Amazônia, diminuindo sua capacidade de
armazenamento de carbono e intensificando o aquecimento.
- Essas “cascatas inflexivas”
podem ser mais severas e generalizadas.
3.3 Previsão e Detecção
Cientistas usam modelos climáticos avançados, como os 57 modelos da Fase 6 do
Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados (CMIP6), para identificar essas
mudanças abruptas. Eles aplicam métodos como a detecção de bordas Canny
(originalmente usada para imagens de computador) aos dados climáticos para
identificar pontos no tempo e no espaço onde ocorreram mudanças abruptas em
variáveis como salinidade da superfície do mar e teor de umidade do solo.
- 84% dos modelos climáticos
preveem mudanças abruptas em pelo menos um subsistema.
As mudanças climáticas não
são apenas fenômenos naturais; elas têm consequências profundas e alarmantes
para a vida humana e a sociedade.
4.1 Ameaça à Saúde Humana O
calor extremo é uma ameaça silenciosa, mas letal.
- Até 2050, cerca de 5
bilhões de pessoas estarão expostas a pelo menos um mês de calor prejudicial à
saúde humana. Uma temperatura de 32°C é o limite considerado nocivo, podendo
aumentar a mortalidade.
- Cidades brasileiras, como
Manaus (258 dias/ano acima de 32°C), Belém, Porto Velho, Rio Branco e Boa
Vista, estarão entre as mais quentes do mundo. A combinação de altas
temperaturas com alta umidade, especialmente na Amazônia, dificulta a
capacidade do corpo de se resfriar, tornando a situação mais perigosa.
- Um estudo de 2021 apontou
cerca de meio milhão de mortes anuais devido ao calor excessivo, e o número de
doenças crônicas desencadeadas por esse contexto está em crescimento.
- Eventos climáticos
compostos (calor, inundações, poluição) amplificam os riscos à saúde,
especialmente para populações vulneráveis como idosos ou pessoas com condições
preexistentes.
4.2 Crise Alimentar: O
Desafio da Produção de Alimentos A agricultura, base da nossa alimentação, está
sob grave ameaça.
- Pesquisas indicam que a
produtividade de safras globais de trigo, milho e cevada está entre 4% e 13%
menor do que seria sem as tendências climáticas observadas.
- Um estudo da Nature projeta
uma redução de 24% na produção global de calorias provenientes de culturas
básicas até 2100 em um cenário de altas emissões, mesmo com a adaptação dos
agricultores.
- Cada grau Celsius adicional
de aquecimento global pode reduzir a capacidade mundial de produzir alimentos
em 120 calorias por pessoa por dia, o equivalente a 4,4% do consumo diário
atual.
- O milho é a cultura mais
afetada negativamente, com previsão de queda de quase um quarto no rendimento
até o final do século, especialmente na América do Norte e Central, África
Ocidental, Ásia Central e Oriental.
- A escassez de água é uma
ameaça crescente, com a previsão de que a seca aumentará em mais de 80% das
terras agrícolas do mundo até 2050.
- Além disso, as mudanças
climáticas intensificam as emissões de gases de efeito estufa da agricultura,
degradam o solo, favorecem pragas e doenças, e causam perda de biodiversidade
agrícola.
- Os ganhos de trigo no Norte
Global não compensarão as perdas de milho no Sul Global, exacerbando as
desigualdades alimentares.
4.3 Impacto Econômico: Um
Custo Insuportável As consequências econômicas são igualmente devastadoras.
- Um relatório de
especialistas em gestão de risco (IFoA) alerta que a crise climática pode
reduzir o PIB global em cerca de 50% até 2090, ignorando efeitos severos como
pontos de inflexão e migração.
- Outro estudo estima que os
danos macroeconômicos de apenas 1°C de aquecimento global já reduzem o PIB
mundial em 12%.
- Um cenário de aquecimento
“business-as-usual” implica uma perda de bem-estar atual de 25%.
- Os investimentos em
adaptação climática, apesar de urgentes, são altamente rentáveis, podendo gerar
US$ 10 em benefícios para cada dólar investido ao longo de dez anos, com um
retorno potencial de mais de US$ 1,4 trilhão.
4.4 Desigualdade Social e
Injustiça Geracional A crise climática aprofunda as injustiças sociais
preexistentes, penalizando desproporcionalmente aqueles que menos contribuíram
para o problema: as populações mais vulneráveis.
- Países mais pobres
concentrarão 80% da população afetada pelo calor extremo até 2050, enquanto
apenas 2% viverão nas localidades mais ricas. A falta de acesso a sistemas de
saúde ou ar-condicionado agrava a situação.
- Trabalhadores ao ar livre,
frequentemente em países de maior risco (como a Índia com 56% de sua força de
trabalho ao ar livre), são os mais afetados.
- Em cenários de aquecimento
extremo, a mortalidade humana pode chegar a 2 bilhões ou 4 bilhões de óbitos,
com grave redução da expectativa de vida.
- As crianças nascidas hoje
viverão mais eventos climáticos extremos do que qualquer geração anterior.
Mesmo no cenário otimista de 1,5°C, 52% das crianças nascidas em 2020
enfrentarão um número inédito de ondas de calor ao longo da vida, comparado a
16% das nascidas em 1960.
- Em Madagascar, jovens em
regiões vulneráveis já enfrentam ansiedade, depressão e desesperança devido a
secas, tempestades de areia e escassez de água e alimentos. Isso demonstra que
as mudanças climáticas geram uma crise silenciosa de saúde mental.
Diante desse cenário
desafiador, a ação imediata é essencial. Não podemos mais tratar as mudanças
climáticas como uma ameaça distante.
5.1 Redução Urgente de
Emissões (Mitigação) A principal estratégia é a redução drástica de gases de
efeito estufa.
- As emissões globais devem
ser reduzidas pela metade até 2030 em comparação com os níveis de 2010.
- Isso exige uma aceleração
sem precedentes na descarbonização para atingir emissões líquidas zero e,
eventualmente, retornar a níveis abaixo de 1,5°C.
- As Contribuições
Nacionalmente Determinadas (NDCs) e metas vinculativas atuais limitarão o
aquecimento global a apenas cerca de 2,1°C, o que é insuficiente. Por isso, é
preciso estabelecer metas mais ambiciosas.
- Políticas devem banir a
venda futura de carros a gasolina/diesel, caminhões a diesel e caldeiras a gás,
e aumentar o investimento em tecnologias limpas como hidrogênio e amônia verde,
e aço verde.
- No setor de alimentos e
agricultura, políticas comerciais devem catalisar a produção sustentável e
transferir o dinheiro público do setor pecuário para proteínas de origem
vegetal, o que também ajuda a proteger ecossistemas como a Amazônia.
5.2 Proteção e Restauração de
Ecossistemas Naturais A natureza é uma aliada poderosa na luta contra as
mudanças climáticas.
- É crucial proteger e
restaurar ecossistemas naturais como florestas e oceanos.
- Isso inclui a valorização
justa e transparente da natureza, apoio a iniciativas de conservação lideradas
pela comunidade e proteção dos direitos indígenas. Essas ações ajudam a atingir
metas de restaurar 30% dos ecossistemas degradados e conservar 30% das terras,
águas e mares.
5.3 Investimento em Adaptação
e Resiliência Mesmo com a redução de emissões, alguns impactos já são
inevitáveis. A adaptação é crucial.
- Ampliar o financiamento
para a adaptação e resiliência climática é uma das melhores decisões de
desenvolvimento da atualidade, com retorno de US$ 10 para cada dólar investido.
- Benefícios incluem a
proteção de vidas (especialmente na saúde, com retornos superiores a 78%),
ganhos econômicos (empregos, aumento da produtividade agrícola), e benefícios
sociais e ambientais mais amplos (sistemas de saúde aprimorados,
biodiversidade).
- Projetos de adaptação geram
valor diariamente, mesmo sem a ocorrência de desastres climáticos. Por exemplo,
sistemas de irrigação apoiam colheitas diversificadas o ano todo.
- As soluções baseadas na
natureza, como proteção de bacias hidrográficas e zonas costeiras, fornecem
benefícios ecológicos e de lazer adicionais.
- Quase metade dos
investimentos em adaptação também contribuem para a redução de gases de efeito
estufa, revelando sinergias importantes entre adaptação e mitigação.
- Para o Brasil, é imperativo
fortalecer o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil com recursos e
estrutura capilarizada para atuar na prevenção e reação a desastres. Isso
inclui investir em infraestrutura resiliente e desenvolver planos de
emergência.
- Na agricultura, soluções
incluem práticas de conservação de água (cobertura morta, plantio direto),
melhoria da infraestrutura de irrigação e investimento em pesquisa e
desenvolvimento para evitar declínios na produtividade.
5.4 A Importância da Ciência
e Colaboração A ciência do clima é a nossa bússola.
- A observação da Terra por
satélites é crucial para monitorar e compreender os pontos de não retorno, acompanhando
mudanças em camadas de gelo, taxas de desmatamento, temperaturas oceânicas e
salinidade.
- Apesar dos avanços, a
pesquisa climática precisa de investimento contínuo, pois a despriorização e o
corte de financiamento limitam nossa capacidade de fazer projeções regionais
específicas e de planejar a adaptação.
- É fundamental promover a
colaboração interdisciplinar, multirregional e intersetorial para enfrentar
esses desafios.
- Líderes mundiais devem usar
relatórios científicos, como o 35º Relatório Anual sobre o Estado do Clima e o
Relatório Bienal de Transparência do Brasil, para guiar decisões políticas e
garantir a segurança alimentar global.
O nosso papel no amanhã
A crise climática é uma crise
de direitos humanos. Ela exige que países desenvolvidos e grandes corporações
assumam sua dívida histórica, financiando adaptação e reparação nos territórios
mais afetados.
É essencial que as políticas
climáticas incluam mecanismos de proteção social, auxílio a deslocados
ambientais, investimento em agricultura resiliente e garantia de moradia segura
para comunidades em risco. Além disso, a justiça climática é uma necessidade
imediata.
Como estudantes do nível
médio, vocês têm um papel fundamental. O conhecimento é poder, e ao entender a
dimensão da crise climática, vocês podem se tornar agentes de mudança. Discutam
o tema, informem-se e cobrem ações de seus líderes.
Lembrem-se das palavras de Tim Lenton, principal autor de uma análise crucial: “Não podemos mais tratar as mudanças climáticas como uma ameaça distante. Os sinais estão aqui, e a janela para agir está se fechando rapidamente”.
O futuro do nosso planeta está, de fato, em nossas mãos. Agir com urgência e ambição não é apenas uma escolha, mas um imperativo para a sobrevivência da humanidade. (ecodebate)
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