Ondas de calor aumentaram 60%
desde 2007 e ameaçam saúde global, revela estudo internacional.
Análise de dados de 1990 a
2023 mostra que dias de onda de calor subiram de 12 para 19,3 por ano, com
África, Oriente Médio e Ásia sendo as regiões mais afetadas pela intensificação
do fenômeno climático.
Eventos de calor extremo
representam cada vez mais riscos significativos à saúde global, especialmente
em regiões vulneráveis e com poucos recursos.
Ao investigar as diferenças
nesses eventos desde 1990 pela primeira vez, pesquisadores propuseram
estratégias direcionadas e potenciais melhorias para mitigar os impactos dos
eventos de calor extremo e da umidade.
A revisão, em colaboração com
uma equipe internacional de especialistas de 18 instituições em todo o mundo,
foi liderada por pesquisadores da Escola de Saúde Pública e Medicina Preventiva
da Universidade Monash e publicada na Annual Review of Environment and
Resources. Revelou que, entre 1990 e
2023, o número médio anual de dias de onda de calor foi de 15,6 dias.
Durante os primeiros 17 anos
(1990-2006), o número médio anual de dias de onda de calor foi de 12 dias. No
entanto, entre 2007 e 2023, a frequência das ondas de calor aumentou, com o
número médio anual de dias subindo para 19,3 dias. Observou-se um claro aumento
global nos dias de onda de calor, especialmente na África, no Oriente Médio e
em partes da Ásia.
Eventos de calor extremo são
caracterizados por altas temperaturas e durações prolongadas e normalmente são
classificados como ondas de calor se durarem pelo menos dois ou três dias
consecutivos.
O primeiro autor, Dr. Shuang
Zhou, disse que, pela primeira vez, eles mapearam a distribuição global de
eventos de calor extremo usando tanto a temperatura tradicional quanto a
temperatura do globo de bulbo úmido, que incorpora a umidade.
“Isso é importante porque a
umidade amplifica drasticamente o estresse térmico e os riscos à saúde,
especialmente em populações vulneráveis. Nossa revisão vai além da descrição
dos impactos – também propomos uma estrutura multinível para aprimorar a
preparação para o calor em todos os níveis, desde a política internacional até
a ação individual”, disse o Dr. Zhou.
A revisão destaca os efeitos
diretos e indiretos do calor extremo na saúde humana, incluindo doenças
relacionadas ao calor, doenças cardiorrespiratórias, doenças infecciosas,
distúrbios renais, doenças metabólicas, distúrbios de saúde mental e desfechos
adversos na gravidez e no parto. Além disso, o calor extremo também prejudica a
produção e o consumo de energia, resultando em perdas econômicas e maiores
impactos à saúde.
O autor sênior, Professor
Yuming Guo, disse que o calor extremo não é mais um problema do futuro, mas sim
uma ameaça presente e crescente.
“Nossas descobertas destacam
não apenas os efeitos graves e generalizados do calor e da umidade na saúde,
mas também a distribuição desigual dos sistemas de proteção. Muitos países de
baixa e média renda continuam despreparados. Precisamos urgentemente de
sistemas de saúde baseados no calor mais fortes e equitativos que reflitam as
realidades de um mundo em aquecimento e umidificação”, disse o Professor Guo.
A revisão destacou que os
eventos de calor extremo estão se intensificando em todo o mundo, com focos de
calor surgindo em regiões como o Oriente Médio, o leste da América do Sul e o
norte da África, onde a intensidade, a frequência e a duração dos eventos de
calor estão aumentando nas taxas mais rápidas.
Esses eventos causaram
mortalidade significativa e impactos generalizados na saúde. Em resposta,
governos e organizações internacionais desenvolveram diversos planos de ação
para a saúde devido ao calor (HHAPs), incluindo sistemas de alerta para a saúde
devido ao calor (HHWSs). No entanto, a revisão constatou que as estratégias
atuais de redução de riscos continuam inadequadas.
Recomendações para reduzir os
impactos do calor extremo
Internacional
• Desempenhar um papel
fundamental na coordenação da colaboração internacional, orientando o
desenvolvimento de políticas, promovendo apoio técnico e financeiro, facilitando
a disseminação de conhecimento e apoiando a capacitação para fortalecer a
resiliência global ao calor.
Nacional
• Estabelecer metas claras,
garantir processos de tomada de decisão transparentes, promover políticas
inclusivas e equitativas e priorizar as necessidades dos mais vulneráveis.
Institucional (por exemplo,
setores de saúde, agências meteorológicas)
• É
preciso trabalhar em conjunto entre todos os setores para monitorar os riscos
de calor, desenvolver previsões precisas, conduzir pesquisas colaborativas e
preparar respostas de emergência, com informações de alerta precisas
prontamente comunicadas ao público e às comunidades para garantir intervenções
oportunas e eficazes.
Comunidade
• Coordenar recursos locais e
adaptar planos locais, gerenciar respostas de emergência e engajamento da
comunidade, disseminar, educar, treinar, comunicar e apoiar grupos vulneráveis
e promover práticas sustentáveis.
Individual




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