segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Decrescimento e envelhecimento populacional em Hong Kong

Hong Kong enfrenta o decrescimento e o envelhecimento populacional impulsionados pela baixíssima taxa de natalidade, que já é uma das mais baixas do mundo, e pela alta expectativa de vida. Essa dinâmica está relacionada a fatores culturais e econômicos, como custos elevados e prioridades de carreira, além de uma taxa de fecundidade abaixo da taxa de reposição populacional. Como resultado, espera-se uma população menor e mais envelhecida nas próximas décadas. 

Decrescimento populacional

Baixa taxa de natalidade: A taxa de natalidade em Hong Kong é muito inferior ao nível de reposição populacional de 2,1 filhos por mulher, resultando em um decrescimento populacional acelerado.

Expectativa de vida: Apesar do decrescimento, a expectativa de vida ao nascer é uma das mais altas do mundo, chegando a aproximadamente 85,8 anos em 2025. A projeção para 2100 é de uma expectativa de vida ainda maior, em torno de 94,4 anos.

Emigração: A pandemia de COVID-19 e as medidas de quarentena contribuíram para uma queda populacional, com residentes optando por se mudar para outros lugares. Embora o governo acredite que a população possa se recuperar com o relaxamento das restrições, a emigração de residentes pode ter um impacto econômico no desenvolvimento de Hong Kong.
Envelhecimento populacional

População envelhecida: A combinação de baixa natalidade e alta longevidade está levando a um envelhecimento populacional significativo.

Impacto econômico: As projeções indicam que o envelhecimento da população pode impactar o crescimento econômico, já que a base de jovens e trabalhadores ativos diminui, enquanto a demanda por serviços de saúde e aposentadorias aumenta.

Medidas do governo

Incentivos: Para combater a tendência, as autoridades de Hong Kong têm incentivado a imigração de talentos estrangeiros.

Alívio da imigração: O governo chinês (já que Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China) tem sugerido algumas medidas para liberalizar e incentivar o nascimento, como a redução dos custos de educação e cuidados com os filhos.

Outras considerações

Crise demográfica: O decrescimento e o envelhecimento populacional em Hong Kong são parte de uma tendência demográfica maior na China e em outros países da Ásia, Europa e até mesmo no Brasil.

Mudança de mentalidade: Muitos chineses, incluindo aqueles em Hong Kong, optam por ter menos filhos devido à instabilidade financeira, ao alto custo de vida e à busca por outras prioridades de vida.

Desafios: A rápida mudança demográfica pode ter implicações econômicas e sociais de longo prazo.
A dinâmica demográfica de Hong Kong será marcada pelo decrescimento da população e o envelhecimento populacional durante o restante do século XXI

Hong Kong será a região mais envelhecida do mundo já na próxima década e, em especial, na segunda metade do século XXI. A ilha de Hong Kong tornou-se uma colônia do Império Britânico após a Primeira Guerra do Ópio (1839-1842).

As fronteiras da colônia foram ampliadas em etapas para a Península de Kowloon em 1861 e, em seguida, para os Novos Territórios, em 1899. Tornou-se um entreposto comercial estratégico no Leste Asiático, com um sistema jurídico e administrativo de inspiração britânica e considerado um lugar onde o “Oriente encontra o Ocidente”.

Pelo acordo sino-britânico, Hong Kong voltou à soberania chinesa sob o princípio “um país, dois sistemas”, garantindo autonomia administrativa, liberdade econômica e direitos civis por 50 anos. Desde 2014 (Movimento dos Guarda-Chuvas) e especialmente em 2019 (protestos contra a lei de extradição), aumentaram os conflitos sobre liberdades civis e o grau de controle de Pequim. A Lei de Segurança Nacional de 2020 ampliou o poder do governo central, reduzindo a autonomia política.

No final da Segunda Guerra, Hong Kong tinha menos de 1 milhão de habitantes, mas recebeu muitos migrantes, refugiados e empresários chineses após a Revolução Chinesa de 1949. A economia cresceu impulsionando a industrialização nas áreas têxtil, eletrônicos, brinquedos. Mas, gradualmente, Hong Kong se tornou um dos maiores centros financeiros globais, com foco em serviços, comércio, logística e turismo, apoiado por baixa tributação e ambiente pró-mercado.

Hoje em dia é um hub para investimentos internacionais na China continental, mas enfrenta competição de cidades como Xangai e Shenzhen. Hong Kong apresentou uma renda per capita, em preços constantes, em poder de paridade de compra de US$ 66 mil, uma das mais altas do continente asiático.

O gráfico abaixo mostra que a população de Hong Kong era de 2 milhões de habitantes em 1950, cresceu até atingir o pico populacional de 7,5 milhões de habitantes em 2020 e deve diminuir para 2 milhões de habitantes em 2100. Todo o crescimento populacional ocorrido nos 70 anos entre 1950 e 2020 deverá ser perdido nos 80 anos entre 2020 e 2100.

Concomitantemente ao decrescimento, Hong Kong experimentará um profundo e rápido envelhecimento populacional, com a idade mediana passando de 23 anos em 1950 para 46 anos em 2023 (dobrando em 73 anos), devendo alcançar 50 anos em 2030 e 72 anos em 2100. A partir da próxima década, Hong Kong será o país mais envelhecido do mundo e terá mais da metade da população acima de 72 anos em 2100. Os septuagenários e mais (70+) serão maioria dos hong-konguês.
A dinâmica demográfica de Hong Kong será marcada pelo decrescimento da população e o envelhecimento populacional durante o restante do século XXI. O gráfico abaixo mostra que a taxa de fecundidade total (TFT) era de 5 filhos por mulher no primeiro quinquênio da década de 1960, caiu para 2,06 filhos por mulher em 1980 (abaixo do nível de reposição), chegou a 0,9 filho por mulher em 2003, apresentou uma leve recuperação nos anos seguintes e voltou a cair para um nível muito baixo, de somente 0,73 filho por mulher em 2024.

A Divisão de População da ONU projeta um aumento da TFT no restante do atual século, mas com uma taxa de 1,2 filho por mulher em 2100. Portanto, com uma taxa de fecundidade tão baixa o resultado é um decrescimento populacional acelerado (especialmente na ausência de um grande fluxo imigratório).

O gráfico abaixo também mostra que a expectativa de vida ao nascer estava em 58 anos em 1950 e chegou a 85,8 anos em 2025, valor superior à expectativa de vida do Japão e somente um pouco menor do que Mônaco com 86,6 anos. Para o final do século a estimativa é de uma expectativa de vida ao nascer de 94,4 anos em 2100.

A despeito do decrescimento e do envelhecimento populacional, espera-se que a economia continue apresentando um crescimento moderado nos próximos anos, com aumento da renda per capita e avanço do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Hong Kong deverá continuar sendo um centro financeiro e logístico influente, especialmente especializado em serviços financeiros internacionais.

Em resumo, Hong Kong enfrenta um futuro econômico mais moderado e demograficamente desafiador.

Para se manter relevante e sustentável, precisará acelerar reformas, diversificar sua economia, sobretudo nos setores tecnológico e de serviços — e buscar estratégias para aumentar a participação da força de trabalho idosa e contrabalançar os efeitos do envelhecimento.

Mas o sucesso futuro dependerá da capacidade garantir um envelhecimento saudável e ativo e da agilidade em construir uma economia prateada dinâmica, com o aproveitamento de todo o potencial de sua enorme população madura. (ecodebate)

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