Oceanos sofrem os efeitos da
tripla crise planetária, que combina aquecimento global, perda de
biodiversidade e poluição. Essa crise afeta 100% das regiões oceânicas, com
consequências como aquecimento acelerado, acidificação, derretimento de gelo
polar, aumento do nível do mar e proliferação de espécies invasoras, que
ameaçam ecossistemas, cadeias alimentares e a estabilidade climática do
planeta.
Aquecimento global
Absorção de calor: Os oceanos
absorvem cerca de 90% do excesso de calor dos gases de efeito estufa, o que
causa um aquecimento acelerado. A temperatura da superfície do mar em 2024
atingiu o nível mais alto já registrado.
Derretimento de gelo: O
aquecimento leva ao derretimento das massas de gelo nos polos.
Aumento do nível do mar: O
degelo contribui para o aumento do nível do mar, que se tornou mais rápido,
ameaçando comunidades costeiras.
Impactos em ecossistemas: O aquecimento causa ondas de calor marinhas, prejudica ecossistemas e favorece a proliferação de espécies invasoras, como vermes de fogo e siri, que podem inviabilizar a pesca.
Perda de biodiversidade
Ameaça aos ecossistemas: O
aumento da temperatura e a acidificação, que ocorre devido à absorção de CO2,
ameaçam a vida marinha, especialmente recifes de coral e espécies como o atum.
Pressão sobre a cadeia
alimentar: A perda de biodiversidade afeta toda a cadeia alimentar marinha e a
segurança alimentar humana.
Poluição
Poluição plástica: Os oceanos
estão globalmente contaminados com plásticos e microplásticos, com origem no
descarte inadequado, lavagem de roupas sintéticas, entre outras fontes.
Outros poluentes: Além do
plástico, outras formas de poluição também impactam os ecossistemas marinhos.
Consequências interligadas
Causas e efeitos: A tripla
crise é um conjunto de problemas interligados. A mudança climática, a perda de
biodiversidade e a poluição se intensificam mutuamente, criando uma série de
consequências negativas.
Ameaças à estabilidade do
planeta: A saúde dos oceanos está diretamente ligada à estabilidade climática
global, à produção de alimentos e ao sustento de comunidades costeiras.
Impactos na costa brasileira: O aquecimento do oceano na costa brasileira já está ocorrendo a uma velocidade superior à média global, o que pode levar a eventos climáticos extremos mais frequentes no futuro.
Nenhuma região do oceano escapou dos impactos combinados da mudança climática, da perda de biodiversidade e da poluição.
A constatação é da 9ª edição
do Copernicus Ocean State Report (Relatório Copernicus sobre o Estado do
Oceano, em português), divulgado pelo Serviço Marinho Copernicus, da União
Europeia.
Responsável por absorver 90%
do calor excedente gerado pelas emissões de gases de efeito estufa, o oceano
está se aquecendo em ritmo acelerado. Os impactos são diretos sobre
ecossistemas, pesca, cadeias alimentares, culturas costeiras e a própria
estabilidade climática do planeta.
O relatório é considerado uma
das principais referências globais para a formulação de políticas oceânicas e
climáticas. “Estamos perigosamente próximos de ultrapassar os limites
planetários: todas as partes do oceano agora são afetadas pela tripla crise
planetária”, afirmou Pierre Bahurel, diretor-geral da Mercator Ocean
International, responsável pela implementação do serviço.
O levantamento — elaborado
por cientistas ligados ao programa europeu de monitoramento da Terra — alerta
para o desequilíbrio do sistema climático global e reforça o papel do oceano
como indicador e regulador das mudanças em curso.
No Brasil, a costa atlântica
registra aquecimento acima da média global. O país também lidera o lançamento
de plástico no oceano entre as nações das Américas. As ondas de calor marinhas,
cada vez mais frequentes, impõem risco crescente à pesca e à aquicultura.
A cientista Karina von Schuckmann, presidente da iniciativa, reforça que a compreensão científica é a chave para orientar decisões públicas. “O oceano está mudando rapidamente. Sabemos o porquê e conhecemos os impactos. Esse conhecimento é um plano de ação para restaurar o equilíbrio entre humanidade e natureza”.
Recordes de calor e colapso nos ecossistemas
Desde a década de 1960, o
aquecimento oceânico vem ganhando velocidade, indicando que o sistema da Terra
está perigosamente desequilibrado devido às mudanças climáticas. Em 2024, a
temperatura média da superfície do mar chegou a 21°C — a mais alta já
registrada. Embora variações pareçam pequenas, a elevação térmica tem efeitos
devastadores em todo o sistema climático.
Em 2023 e 2024, o oceano
passou por ondas de calor que superaram os picos históricos de 2015 e 2016 em
0,25°C. No Atlântico, houve locais que permaneceram mais de 300 dias sob
condição de onda de calor marinha. Os efeitos são visíveis: colapso de estoques
pesqueiros, perda de espécies e prejuízos crescentes para comunidades
costeiras.
No Atlântico Tropical Norte,
2023 registrou a onda de calor marinha mais intensa da história. Ilhas do
Caribe enfrentaram mais de 250 dias seguidos de calor extremo. Entre Colômbia e
Brasil, foram mais de 180 dias — seis meses — de temperaturas anormalmente
elevadas.
Os efeitos são visíveis:
colapso de estoques pesqueiros, perda de espécies e prejuízos crescentes para
comunidades costeiras. No Mediterrâneo, a onda de calor de 2023 elevou a
temperatura da água em até 4,3°C acima da média, favorecendo espécies invasoras
e dizimando cultivos tradicionais, como as amêijoas no delta do rio Pó, na
Itália.
Biodiversidade ameaçada
O
relatório mostra que áreas de alta biodiversidade estão acidificando mais
rápido que a média global. O fenômeno, somado ao aumento da temperatura e à
poluição por plásticos, compromete a sobrevivência de espécies já vulneráveis.
Os recifes de corais são um
exemplo da sobreposição de pressões. O estudo destaca que 75% dos países que
mais poluem o oceano com plástico — mais de 10 mil toneladas por ano — têm
recifes em situação crítica.
A migração de micronekton (pequenos organismos marinhos que sustentam a cadeia alimentar) em direção aos polos evidencia uma transformação silenciosa, mas profunda, dos ecossistemas oceânicos.
Poluição plástica global
Resíduos plásticos oriundos
de todos os continentes já atingem todas as bacias oceânicas. No recorte
latino-americano, o Brasil aparece como o maior emissor de plástico para o mar.
Corais da costa leste da América do Sul e do Caribe estão entre os mais
ameaçados.
No Pacífico da América
Central e do Sul, zonas altamente produtivas encolheram mais de 25% desde 1998,
afetando algumas das pescarias mais ricas do mundo.
Degelo polar e aumento do
nível do mar
As regiões polares seguem
batendo recordes negativos de cobertura de gelo. No oceano Ártico, entre dezembro
de 2024 e março de 2025, foram registrados quatro recordes de perda. Em março,
havia 1,94 milhão de km² a menos de gelo marinho em relação à média histórica —
uma área equivalente a seis vezes a Polônia.
Na Antártida, fevereiro/2025
marcou o 3º ano consecutivo de retração da calota, totalizando uma área quase 3
vezes maior que a da França.
Nível médio do mar já subiu 228 mm desde 1901. A aceleração preocupa autoridades globais: apenas na Europa, 200 milhões de pessoas vivem em áreas costeiras. Sítios históricos tombados pela Unesco também estão sob risco crescente de inundações nos próximos séculos.
(ecodebate)






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