segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Oceanos sofrem os efeitos da tripla crise planetária

Impactos em ambientes de mar profundo

Oceanos sofrem os efeitos da tripla crise planetária, que combina aquecimento global, perda de biodiversidade e poluição. Essa crise afeta 100% das regiões oceânicas, com consequências como aquecimento acelerado, acidificação, derretimento de gelo polar, aumento do nível do mar e proliferação de espécies invasoras, que ameaçam ecossistemas, cadeias alimentares e a estabilidade climática do planeta.

Aquecimento global

Absorção de calor: Os oceanos absorvem cerca de 90% do excesso de calor dos gases de efeito estufa, o que causa um aquecimento acelerado. A temperatura da superfície do mar em 2024 atingiu o nível mais alto já registrado.

Derretimento de gelo: O aquecimento leva ao derretimento das massas de gelo nos polos.

Aumento do nível do mar: O degelo contribui para o aumento do nível do mar, que se tornou mais rápido, ameaçando comunidades costeiras.

Impactos em ecossistemas: O aquecimento causa ondas de calor marinhas, prejudica ecossistemas e favorece a proliferação de espécies invasoras, como vermes de fogo e siri, que podem inviabilizar a pesca.

Perda de biodiversidade

Ameaça aos ecossistemas: O aumento da temperatura e a acidificação, que ocorre devido à absorção de CO2, ameaçam a vida marinha, especialmente recifes de coral e espécies como o atum.

Pressão sobre a cadeia alimentar: A perda de biodiversidade afeta toda a cadeia alimentar marinha e a segurança alimentar humana.

Poluição

Poluição plástica: Os oceanos estão globalmente contaminados com plásticos e microplásticos, com origem no descarte inadequado, lavagem de roupas sintéticas, entre outras fontes.

Outros poluentes: Além do plástico, outras formas de poluição também impactam os ecossistemas marinhos.

Consequências interligadas

Causas e efeitos: A tripla crise é um conjunto de problemas interligados. A mudança climática, a perda de biodiversidade e a poluição se intensificam mutuamente, criando uma série de consequências negativas.

Ameaças à estabilidade do planeta: A saúde dos oceanos está diretamente ligada à estabilidade climática global, à produção de alimentos e ao sustento de comunidades costeiras.

Impactos na costa brasileira: O aquecimento do oceano na costa brasileira já está ocorrendo a uma velocidade superior à média global, o que pode levar a eventos climáticos extremos mais frequentes no futuro.

Nenhuma região do oceano escapou dos impactos combinados da mudança climática, da perda de biodiversidade e da poluição.

A constatação é da 9ª edição do Copernicus Ocean State Report (Relatório Copernicus sobre o Estado do Oceano, em português), divulgado pelo Serviço Marinho Copernicus, da União Europeia.

Responsável por absorver 90% do calor excedente gerado pelas emissões de gases de efeito estufa, o oceano está se aquecendo em ritmo acelerado. Os impactos são diretos sobre ecossistemas, pesca, cadeias alimentares, culturas costeiras e a própria estabilidade climática do planeta.

O relatório é considerado uma das principais referências globais para a formulação de políticas oceânicas e climáticas. “Estamos perigosamente próximos de ultrapassar os limites planetários: todas as partes do oceano agora são afetadas pela tripla crise planetária”, afirmou Pierre Bahurel, diretor-geral da Mercator Ocean International, responsável pela implementação do serviço.

O levantamento — elaborado por cientistas ligados ao programa europeu de monitoramento da Terra — alerta para o desequilíbrio do sistema climático global e reforça o papel do oceano como indicador e regulador das mudanças em curso.

No Brasil, a costa atlântica registra aquecimento acima da média global. O país também lidera o lançamento de plástico no oceano entre as nações das Américas. As ondas de calor marinhas, cada vez mais frequentes, impõem risco crescente à pesca e à aquicultura.

A cientista Karina von Schuckmann, presidente da iniciativa, reforça que a compreensão científica é a chave para orientar decisões públicas. “O oceano está mudando rapidamente. Sabemos o porquê e conhecemos os impactos. Esse conhecimento é um plano de ação para restaurar o equilíbrio entre humanidade e natureza”.

Recordes de calor e colapso nos ecossistemas

Desde a década de 1960, o aquecimento oceânico vem ganhando velocidade, indicando que o sistema da Terra está perigosamente desequilibrado devido às mudanças climáticas. Em 2024, a temperatura média da superfície do mar chegou a 21°C — a mais alta já registrada. Embora variações pareçam pequenas, a elevação térmica tem efeitos devastadores em todo o sistema climático.

Em 2023 e 2024, o oceano passou por ondas de calor que superaram os picos históricos de 2015 e 2016 em 0,25°C. No Atlântico, houve locais que permaneceram mais de 300 dias sob condição de onda de calor marinha. Os efeitos são visíveis: colapso de estoques pesqueiros, perda de espécies e prejuízos crescentes para comunidades costeiras.

No Atlântico Tropical Norte, 2023 registrou a onda de calor marinha mais intensa da história. Ilhas do Caribe enfrentaram mais de 250 dias seguidos de calor extremo. Entre Colômbia e Brasil, foram mais de 180 dias — seis meses — de temperaturas anormalmente elevadas.

Os efeitos são visíveis: colapso de estoques pesqueiros, perda de espécies e prejuízos crescentes para comunidades costeiras. No Mediterrâneo, a onda de calor de 2023 elevou a temperatura da água em até 4,3°C acima da média, favorecendo espécies invasoras e dizimando cultivos tradicionais, como as amêijoas no delta do rio Pó, na Itália.

Biodiversidade ameaçada

O relatório mostra que áreas de alta biodiversidade estão acidificando mais rápido que a média global. O fenômeno, somado ao aumento da temperatura e à poluição por plásticos, compromete a sobrevivência de espécies já vulneráveis.

Os recifes de corais são um exemplo da sobreposição de pressões. O estudo destaca que 75% dos países que mais poluem o oceano com plástico — mais de 10 mil toneladas por ano — têm recifes em situação crítica.

A migração de micronekton (pequenos organismos marinhos que sustentam a cadeia alimentar) em direção aos polos evidencia uma transformação silenciosa, mas profunda, dos ecossistemas oceânicos.

Poluição plástica global

Resíduos plásticos oriundos de todos os continentes já atingem todas as bacias oceânicas. No recorte latino-americano, o Brasil aparece como o maior emissor de plástico para o mar. Corais da costa leste da América do Sul e do Caribe estão entre os mais ameaçados.

No Pacífico da América Central e do Sul, zonas altamente produtivas encolheram mais de 25% desde 1998, afetando algumas das pescarias mais ricas do mundo.

Degelo polar e aumento do nível do mar

As regiões polares seguem batendo recordes negativos de cobertura de gelo. No oceano Ártico, entre dezembro de 2024 e março de 2025, foram registrados quatro recordes de perda. Em março, havia 1,94 milhão de km² a menos de gelo marinho em relação à média histórica — uma área equivalente a seis vezes a Polônia.

Na Antártida, fevereiro/2025 marcou o 3º ano consecutivo de retração da calota, totalizando uma área quase 3 vezes maior que a da França.

Nível médio do mar já subiu 228 mm desde 1901. A aceleração preocupa autoridades globais: apenas na Europa, 200 milhões de pessoas vivem em áreas costeiras. Sítios históricos tombados pela Unesco também estão sob risco crescente de inundações nos próximos séculos.

(ecodebate)

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