Os desafios (dano)
Mão de obra e economia: Uma população menor significa uma força de trabalho mais enxuta, o que
pode desacelerar o crescimento econômico. Países como o Brasil estão perdendo o
"bônus demográfico".
Sistemas de bem-estar
social: Com mais pessoas idosas e menos jovens entrando no
mercado de trabalho, os sistemas de previdência social e de saúde podem ficar
desequilibrados, pois mais recursos serão necessários para sustentar a
população mais velha.
Dificuldade de adaptação: Muitos países não estão preparados para essa transição, necessitando de
políticas de longo prazo para aumentar a produtividade e se adaptar à nova
dinâmica demográfica.
As oportunidades (redenção)
Sustentabilidade
ambiental: Menos pessoas e um menor consumo podem significar
uma redução na degradação ambiental e na emissão de CO2.
Redução de custos
sociais: Menor necessidade de gastos com moradia e cuidados
infantis pode liberar recursos para serem direcionados a áreas como pesquisa e
desenvolvimento, tecnologias avançadas e outras prioridades sociais.
Qualidade de vida: Uma população menor pode significar uma maior qualidade de vida em
termos de acesso a recursos e um menor "estresse" sobre o planeta e a
sociedade como um todo.
Inovação: Os recursos liberados podem ser investidos em aumentar a produtividade através da inovação tecnológica e da educação, garantindo o bem-estar mesmo com uma população menor.
Fosso demográfico global: regiões com alto crescimento e com decrescimento populacional
Como lidar com o futuro
Planejamento de longo
prazo: É fundamental que governos e formuladores de
políticas planejem a transição demográfica de forma proativa, focando em
aumentar a produtividade e a resiliência econômica.
Foco na produtividade: Em vez de tentar reverter a queda da natalidade, que está ligada a
fatores sociais e de emancipação feminina, o foco deve ser em como aumentar a
produtividade da mão de obra existente e futura.
Políticas adequadas: É preciso implementar políticas que promovam o aumento da
produtividade, a melhoria do sistema educacional e a adaptação dos sistemas de
proteção social para construir uma sociedade mais sustentável e equilibrada.
As taxas globais de fecundidade vêm caindo há
décadas e estão atingindo níveis historicamente baixos
“Árvores não crescem até o céu” (Provérbio popular)
O mundo atravessa uma transformação demográfica sem
precedentes. Pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças
e a humanidade vivenciará um declínio populacional contínuo a partir da década
de 2080, mesmo em um contexto de crescente abundância econômica.
Artigo dos pesquisadores Bloom, Kuhn e Prettner para a revista F&D do FMI (Junho/2025) mostra que o decrescimento populacional traz desafios, mas também oportunidades. Segundo os autores, as taxas globais de fecundidade vêm caindo há décadas e estão atingindo níveis historicamente baixos. Embora a população humana já ultrapasse 8 bilhões e possa chegar a 10 bilhões até 2050, o impulso do crescimento está se dissipando devido ao declínio em seu motor mais poderoso: a fecundidade. Nos próximos 25 anos, o Leste Asiático, a Europa e a Rússia sofrerão declínios populacionais significativos.
Por outro lado, menos crianças e
populações menores significarão menor necessidade de gastos com moradia e
cuidados infantis, liberando recursos para outros usos, como pesquisa e
desenvolvimento e adoção de tecnologias avançadas. O declínio nas taxas de
fecundidade pode favorecer o crescimento econômico, estimulando a expansão da
participação na força de trabalho entre os idosos, o aumento da poupança e a
maior acumulação de capital físico e humano. O declínio populacional também
pode reduzir as pressões sobre o meio ambiente, associadas às mudanças
climáticas, ao esgotamento dos recursos naturais e à degradação ambiental.
População mundial chegará a 8,09 bilhões em 2025
Como mostrei no artigo “Decrescimento populacional
com prosperidade social na Coreia do Sul” (Alves, 06/10/2025) a Coreia do Sul
tem uma das taxas de fecundidade mais baixas do mundo e já experimenta o
decrescimento populacional, mesmo assim continua mantendo crescimento da renda
per capita e aumento do poder de compra da população.
O economista Adair Turner, em artigo recente (PS,
03/10/2025), mostrou que a estabilização populacional e o eventual declínio
demográfico global facilitariam o enfrentamento do maior desafio ambiental de
todos: as mudanças climáticas. Com as temperaturas globais aumentando a um
ritmo alarmante, a principal prioridade é reduzir as emissões per capita,
melhorando o acesso à energia e garantindo a prosperidade por meio da
implantação das tecnologias limpas atualmente disponíveis.
Bloom et al (2025) concluem dizendo que o mundo está vivenciando uma mudança demográfica drástica, do rápido crescimento populacional no século passado ao decrescimento no final do século atual. A queda implacável e abrupta da fecundidade é o principal impulsionador dessa transição, que necessariamente envolve um aumento historicamente sem precedentes no número de pessoas em idade avançada.
População brasileira em 2025
Os formuladores de políticas fariam bem em prestar
muita atenção às evidências emergentes e ao discurso global sobre as
consequências econômicas e sociais dessas mudanças demográficas. Eles podem não
aceitar todas as consequências, mas pelo menos serão capazes de apontar
estratégias plausíveis para lidar com elas. (ecodebate)
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