Meio Ambiente
O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
sexta-feira, 29 de março de 2024
quarta-feira, 27 de março de 2024
Ondas de calor devem diminuir em 2025
Ondas de calor devem diminuir
em 2025, aponta Climatempo.
Ainda que a previsão
meteorológica aponte para um outono mais quente do que o comum para essa época
do ano, a Climatempo projeta uma mudança de padrão para a primavera com o La
Niña. “Podemos ter alguns recordes em dias pontuais, mas essas ondas de calor,
tão frequentes como agora, não devem acontecer no próximo verão ou primavera”,
disse a Especialista Técnica de Clima e Mudanças Climáticas da empresa, Marcely
Sondermann.
“A tendência é de melhor
previsão de chuva e devemos estudar um pouco melhor os modelos de vazão para
análises mais assertivas que depois impactariam no preço da energia”,
acrescenta. Atualmente o modelo utilizado é o chamado autorregressivo, mas ela
reforça ser precisa pensar na variável primária, utilizando melhor a previsão
das chuvas para reverter nas vazões.
De acordo com a especialista,
a realidade brasileira quanto à previsão dos eventos extremos é ainda mais
complexa na medida em que o país precisaria contar com mais dados de
observações, o que é feito atualmente pelas estações do Inmet, Cemaden e Ana,
numa cobertura que não é ideal. “Teria que ser uma estação a cada 10 km ou
radares que abrangessem áreas mais extensas para alimentar com mais frequência
os modelos e calibrar as previsões”, ressalta.
Muitas probabilidades, poucas
previsões
Sobre o La Niña, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Carlos Ciocchi, comentou que a única certeza é de muitas probabilidades e poucas previsões, as quais geralmente apontam para temperaturas mais amenas e chuva no Norte e Nordeste. Essa última efetivamente ajudaria o sistema elétrico, apesar de não andarem em consonância com a geração eólica, que pode ser prejudicada.
“Estamos olhando para a estação chuvosa no final deste ano para uma operação em 2025 com segurança. Nosso desafio é segurar o recurso hídrico e utilizar as UTEs para atendimento de ponta”, indicou o dirigente em entrevista à Agência CanalEnergia nos corredores do Agenda Setorial, evento que aconteceu em 13/03/24 no Rio de Janeiro.
Ciocchi falou que tem visto
previsões de temperaturas de 45°C para os próximos dias em algumas regiões do
país, o que deve elevar a demanda e levar ao acionamento de térmicas de forma
pontual. E afirmou que a estação chuvosa que está terminando é nada
satisfatória, apesar dos bons níveis dos reservatórios que asseguram o
abastecimento de 2024.
Outro destaque é que o ONS
tem lidado diariamente no casamento entre a curva de geração e carga por meio
de rampas de 20 GW a 25 GW, volume que pode subir para 50 GW já em 2028. Sobre
os impactos da variabilidade que a Geração Distribuída impõe ao sistema, ele
classificou o crescimento da modalidade como um fenômeno mundial de decisão dos
consumidores, sendo complicado colocar ordem nessa vontade soberana. “O que
pode ser colocado são critérios técnicos, da mesma forma como existem os
padrões de engenharia para diferentes construções”, afirma.
O Operador vem há pelo menos 3 anos em contatos diretos junto ao Inmetro para especificar os padrões técnicos dos equipamentos e minimizar alguns efeitos à rede, principalmente das distribuidoras. Essa ação se soma à ideia de quanto mais dados as distribuidoras conseguirem coletar da rede melhor, já que não adianta para o ONS operar na ponta e varejo. “Temos uma base bastante razoável sobre a variabilidade da GD, o que vai sendo aprimorado ao longo de uma contínua evolução”, indica.
Ilustração de sistema de correntes oceânicas no Planeta
Correntes oceânicas podem
entrar em colapso em 2025, diz estudo.
As descobertas foram
publicadas em 25 de julho de 2023 na revista científica Nature Communications.
Intercâmbio com o Cepel
Ademais o ONS irá aperfeiçoar
os modelos computacionais que serão transferidos pelo Cepel, num memorando
assinado nesse ano com a Eletrobras. A ideia é que os estudos fiquem prontos no
primeiro semestre e que possa ser implementado ainda nesse ano, o que dependerá
também da viabilidade econômica. “Temos que dar passos à frente, trabalhando
com sistemas abertos e não apenas nas necessidades do ONS, mas também de outros
agentes”, conclui Ciocchi. (canalenergia)
Cartilha traz propostas para combater a grilagem na Amazônia
“Para combater a grilagem, é
fundamental que haja ações coordenadas entre setor público, privado e sociedade
civil, e não é preciso estar no território para contribuir. Desenvolvemos essa
cartilha para apoiar educadores e ativistas, reunindo informações chave para
que qualquer pessoa interessada possa aprender sobre o tema e somar esforços
pela conservação da Amazônia”, disse Lucas Ramos, coordenador do Amazoniar.
A grilagem ameaça a
sociobiodiversidade da Amazônia, contribuindo significativamente para a crise
climática, a perda da resiliência da floresta e, consequentemente, a
aproximação do chamado ponto de inflexão.
Esse crime contribui também com o aumento da insegurança alimentar, além da frequência e intensidade de incêndios e queimadas na região.
Por uma Amazônia livre de grilagem
Confira as propostas de
soluções do IPAM para o combate à grilagem e, consequentemente, a redução do
desmatamento ilegal na Amazônia brasileira.
1. Cancelar e prevenir a
criação de registros irregulares de imóveis rurais em sobreposição às áreas de
florestas públicas não destinadas
Ferramenta essencial para a
regularização ambiental no Brasil, o CAR (Cadastro Ambiental Rural) vem sendo
indevidamente usado por grileiros. O banimento de cadastros fraudulentos da
base de dados do SICAR (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural) é a
maneira mais imediata de combater a grilagem. Estudo do Amazônia 2030 indica
que mais de 100 mil imóveis rurais registrados no sistema nacional estão
sobrepostos a áreas de florestas públicas não destinadas na Amazônia. Na
prática, uma área quase do tamanho do Uruguai poderia ser protegida da grilagem
na região com o cancelamento desses cadastros.
1. Definir um uso para todas
as florestas públicas ainda não destinadas
A Amazônia brasileira tem
56,5 milhões de hectares de florestas públicas não destinadas, área equivalente
ao tamanho da Espanha. Para uma redução definitiva da grilagem, é fundamental
que os governos estaduais e federal retomem rapidamente os processos de
destinação dessas florestas públicas. Isso significa designar essas áreas, de
acordo com suas características, em categorias que permitam sua conservação ou
uso sustentável, tal como dita a Lei de Gestão de Florestas Públicas. São
exemplos de destinação as unidades de conservação e as terras indígenas, que
juntas estocam cerca de 56% do carbono da Amazônia brasileira.
1. Fortalecer a fiscalização
e a punição aos grileiros
O aumento nos índices de
desmatamento ilegal na Amazônia está, em grande medida, atrelado à fragilização
dos órgãos de comando e controle ambiental entre 2018 e 2022. Reforçar a
fiscalização e punir quem comete e financia crimes ambientais é fundamental
para combater a grilagem e reduzir o desmatamento ilegal imediatamente. O
PPCDAm (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia) comprova a
eficácia de uma forte política de fiscalização ambiental. Entre 2004, quando
foi implementado, e 2012, o Brasil conseguiu reduzir em 84% o desmatamento na
Amazônia. Interrompido em 2018, o PPCDAm voltou a ser implementado apenas em
2023. Desde então, os resultados do Plano vêm se traduzindo numa rápida redução
dos índices de desmatamento na região.
1. Promover cooperação entre
setores para apoiar ações do Poder Judiciário e dos Ministérios Públicos contra
a grilagem
Institutos de pesquisa e
organizações da sociedade civil vêm apoiando ações do Poder Judiciário e dos
Ministérios Públicos no controle de danos socioambientais no país. Entre os
exemplos de cooperação mencionados na cartilha está a parceria entre o IPAM e o
MPF (Ministério Público Federal), que busca o cálculo da quantidade de carbono
emitida devido ao desmatamento ilegal da Amazônia para a reparação de danos
climáticos. Uma ação civil pública que estimou a emissão de 1,5 milhão de
toneladas de carbono em decorrência de desmatamento ilícito projetou uma
compensação 181,3% maior do que seria o valor exigido por danos ambientais
locais.
1. Criar uma força tarefa nos
Estados amazônicos contra a grilagem
O combate à grilagem poderia
ganhar força com maior cooperação entre os governos estaduais amazônicos. Uma
ação eficaz contra esse crime pode ser a criação de um grupo de trabalho
especializado na região, no âmbito do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento
Sustentável da Amazônia Legal. Formado pelos nove Estados amazônicos, o
Consórcio da Amazônia Legal tem como missão “acelerar o desenvolvimento
sustentável da Amazônia brasileira de forma integrada e cooperativa,
considerando as oportunidades e os desafios regionais”.
1. Colocar em prática e
melhorar mecanismos de rastreabilidade
Mecanismos de rastreabilidade
para, literalmente, “rastrear” e identificar a ligação de produtos com o
desmatamento (legal ou ilegal) são uma das grandes demandas do mercado
internacional. Dois elementos fundamentais para combater a grilagem e o
desmatamento na Amazônia são, portanto, a implementação, colocando em prática
medidas já existentes, e o melhoramento contínuo dessas ferramentas. Assim,
seria possível acabar com o incentivo à grilagem por parte de mercados e investidores
e eliminar o crime das etapas de produção de mercadorias como commodities
agrícolas e da pecuária – soja, milho e carne, por exemplo.
1. Apoiar iniciativas
populares para o combate à grilagem
A cartilha destaca várias iniciativas de organizações não governamentais e da sociedade civil que atuam na justiça climática para a conservação da Amazônia. Entre elas está o PLIP (Projeto de Lei de Iniciativa Popular) Amazônia de Pé, que conta com o apoio do IPAM. Qualquer cidadão brasileiro pode contribuir assinando o PLIP em postos de coleta presencialmente. No site da iniciativa, é possível encontrar os endereços de todos os postos, ou propor a instalação de um novo ponto de coleta de assinaturas na sua cidade. Para que possa ser apresentado pelo povo brasileiro ao Congresso Nacional, é preciso que 1% do eleitorado apoie o projeto – isso dá mais ou menos 1,5 milhão de pessoas.
Sobre o Amazoniar
O Amazoniar é uma iniciativa
do IPAM para ampliar o diálogo global sobre a Amazônia. Os ciclos anteriores
abordaram temas como as relações comerciais entre Brasil e Europa; o papel dos
povos indígenas no desenvolvimento sustentável da região e sua contribuição
para a ciência e a cultura; e o engajamento da juventude nas eleições pela
proteção da floresta e os direitos dos povos originários e comunidades
tradicionais da região.
Com a proposta de levar a Amazônia para além de suas fronteiras, o Amazoniar já realizou projetos especiais, como um concurso de fotografia, cujas obras selecionadas foram expostas nas ruas de Glasgow, na Escócia, durante a COP 26; e uma série de curtas que compôs a exposição “Fruturos – Amazônia do Amanhã”, do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. A iniciativa desenvolveu também cartilhas sobre os possíveis cenários da Amazônia nas eleições de 2022 e soluções para o desmatamento na região, e produziu um minidocumentário com perspectivas de representantes de comunidades tradicionais sobre o Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia.
(ecodebate)
segunda-feira, 25 de março de 2024
Mapa revela vulnerabilidade de áreas críticas na Amazônia Legal
Análise revela áreas críticas
para a proteção da biodiversidade na Amazônia Legal que ainda estão
desprotegidas.
Mapa desenvolvido por
pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) com o apoio
da Embaixada do Reino dos Países Baixos aponta que áreas críticas para a
proteção da biodiversidade na Amazônia Legal ainda estão fora de Unidades de Conservação,
deixando-as vulneráveis ao desmatamento ilegal. Os ecossistemas identificados
concentram grande quantidade de espécies de fauna e flora, mas não contam com
legislação ambiental específica para sua proteção.
O objetivo do mapa produzido
é auxiliar na proteção dessas áreas, assim como servir de base para a criação
de políticas públicas de desenvolvimento sustentável e criação de unidades de
conservação que incluam esses hotspots de biodiversidade.
Além disso, espera-se chamar
a atenção para a importância de conectar áreas preservadas, garantindo um
ambiente estável e equilibrado para a fauna e a flora.
“Esse mapa mostra áreas que têm um grande potencial de criação de unidades de conservação e áreas que têm extrema relevância para a conservação porque possuem uma alta biodiversidade. Apresentamos esse mapa para mostrar a importância que essas áreas têm, embora elas ainda não estejam protegidas. Boa parte dessas áreas está ameaçada pelo desmatamento e pela expansão da infraestrutura, então é crucial que a fiscalização nessas áreas seja rigorosa”, alerta João Paulo Ribeiro, pesquisador do IPAM e autor do mapa.
Mesmo fora da proteção tradicional dos parques e estações ecológicas, a preservação desses locais é fundamental para garantir a conectividade entre áreas de mata nativa. Áreas de reserva legal, por exemplo, preservam a biodiversidade dentro de propriedades privadas e têm papel fundamental na criação de mosaicos de preservação, unindo áreas de vegetação nativa em diferentes propriedades.
“De acordo com o Código
Florestal, propriedades rurais na Amazônia devem preservar 80% da sua área.
Isso é um ativo tremendo que devemos olhar de perto. Temos que visualizar essas
áreas privadas como uma forma de criar corredores de preservação, mesmo que
seja necessário recuperar áreas. A implementação do Código Florestal deve ser
vista como aliada à proteção da biodiversidade e precisa fazer parte de
qualquer estratégia de proteção na Amazônia e no Cerrado”, destacou André
Guimarães, diretor executivo do IPAM.
O mapa também destaca a
diversidade biológica em formações não-florestais na Amazônia, como os lavrados
de Rondônia, que muitas vezes são preteridos nos esforços de preservação.
Segundo dados da rede MapBiomas, mais de 4% da Amazônia é composta por vegetações
não-florestais, totalizando 18,5 milhões de hectares.
Os mapas foram apresentados
para representantes das embaixadas dos Países Baixos, França, Noruega e
Espanha, assim como servidores do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do
Clima e Ministério da Ciência e Tecnologia e ambientalistas. O evento foi
realizado na residência oficial do embaixador dos Países Baixos, em Brasília.
Lentidão na demarcação
De acordo com dados coletados pelo newsletter Um Grau e Meio, produzida pelo IPAM, a criação de unidades de conservação na Amazônia aumentou 3,7% nos últimos 5 anos e já cobre 28,4% do bioma. A destinação é fundamental para a proteção do bioma, visto que 50% do desmatamento da Amazônia brasileira ocorre em terras públicas.
No Cerrado a demarcação encontra mais desafios: um aumento de apenas 0,7% nas Unidades de Conservação nos últimos cinco anos. Ao todo, metade do Cerrado já se encontra antropizado – alterado pelo uso humano para a criação de pastagens e lavouras, por exemplo – e 8% desse remanescente se encontra dentro de parques, estações e outras unidades de conservação. Em 2023, essas áreas concentram apenas 2,5% do desmatamento do bioma, cerca de 26,5 mil hectares, segundo dados do SAD Cerrado. (ecodebate)
Conheça os indicadores do aquecimento global
Cientistas utilizam sete indicadores principais para monitorar o estado do sistema climático global; processo envolve observações no fundo do mar até ao topo da atmosfera e conta com ampla rede de estações espalhadas pelo mundo, além de satélites e radares.
Você com certeza já ouviu
mensagens da ONU alertando o mundo sobre o perigo do aquecimento global. Mas
você sabe como é feita a medição que está por trás destes alertas?
Ao todo, sete indicadores são
usados pelos cientistas para monitorar a evolução e o estado do sistema
climático global. Esses indicadores constituem informação chave para descrever
as alterações climáticas.
Os métodos aplicados neste processo vão de observações no fundo do mar até ao topo da atmosfera.
Comunidades em Maalimin, no nordeste do Quênia, enfrentam condições de seca.
1 – Temperatura média do ar
na superfície
O primeiro indicador
importante é a temperatura média do ar na superfície. Para gerar essa
informação é feita uma combinação entre a temperatura do ar cerca de dois
metros acima da superfície da terra e do mar, usando informações de estações de
medição espalhadas pelo mundo e modelos de reanálise de clima.
É com base em seis conjuntos
de dados de temperatura global que a OMM calcula a anomalia e o ranking anual.
2023 será o ano mais quente desde que há registro. As medições começaram em
1850.
Além disso, os últimos nove
anos, de 2015 a 2023, foram os mais quentes.
2- Conteúdo de calor do
oceano
O segundo indicador é o
conteúdo de calor do oceano. Essa medida é feita em várias profundidades,
chegando até 2 mil metros. Todas as bases de dados apontam que a taxa de
aquecimento do oceano tem tido um aumento acentuado nas últimas duas décadas em
todas as profundidades.
O oceano absorveu e retém cerca de 90% do excesso de calor devido ao aumento do efeito estufa causado pelos humanos. A última informação consolidada disponível, referente ao ano 2022, revela que o conteúdo de calor do oceano atingiu um novo recorde neste ano.
Restos de uma casa no Atol de Tarawa, Kiribati, que foi destruída pela elevação do nível do mar e por tempestades, agravadas pelas mudanças climáticas.
3- Aumento do nível do mar
Outro elemento observado é o
aumento do nível do mar, que tem acontecido de forma constante. Entre janeiro
de 1993 e outubro de 2023, o mar subiu mais de 10 cm, atingido um valor recorde
em 2023.
Além disso, verifica-se uma
aceleração, pois a taxa de subida do nível médio do mar nos últimos dez anos é
mais do que o dobro da registrada entre 1993 e 2002.
As projeções apontam para a
continuidade do aumento de forma cada vez mais rápida, especialmente devido ao
aquecimento dos oceanos e o derretimento do gelo dos glaciares e das calotas
polares.
No ritmo atual, o degelo da
Groenlândia e da Antártida podem contribuir para que o nível médio do mar suba
quase um metro ainda neste século, num cenário de altas emissões de gases com
efeito estufa.
4- Massa glacial
O quarto indicador é a massa
glacial. Os chamados glaciares, ou geleiras, são uma grande massa de gelo que
pode levar até 30 mil anos para se formar. Elas estão presentes em várias
partes do planeta, principalmente no topo das mais altas montanhas. As geleiras
armazenam 70% da água doce existente no planeta.
Desde os anos 70, houve uma
diminuição média de mais de 30 metros na espessura dessas geleiras.
Em agosto de 2023, foi registrado na Suíça um novo recorde de altitude para o ponto na atmosfera em que a água congela, que ficou em 5.298 metros. Isso é bem mais acima do que o topo das mais altas montanhas da Europa, como o Mont Blanc, que tem 4.811 metros.
Túnel de iceberg fotografado em Portal Point, na Antártida
5- Extensão do gelo marinho
A quinta medida é a extensão
do gelo marinho. Novos números mostram que em setembro deste ano, o gelo
marinho da Antártica era de 1,5 milhão km2 menor que a média, uma área
aproximadamente igual a área de Portugal, da Espanha, da França e Alemanha
juntas.
É bom lembrar que o gelo
também tem o papel de refletir a luz do sol, então conforme reduz a camada de
gelo do planeta, mais calor fica retido e isso acelera ainda mais o
derretimento do gelo que resta.
6 – Acidificação do oceano
O sexto indicador observado é
a acidificação do oceano. Os mares absorvem cerca de 23% das emissões anuais de
dióxido de carbono, CO2, geradas pelo homem, mas paga um preço
ecológico elevado por isso.
O CO2 reage com a água do mar aumentando sua acidez e isso coloca em perigo os organismos vivos, afetando inclusive a pesca e aquicultura. Isso afeta também a proteção costeira ao enfraquecer os recifes de coral, que servem de barreira para o litoral.
A poluição do ar causada por usinas de energia contribui para o aquecimento global
7 – Concentração de gases do
efeito estufa
E por último é analisada a
composição da atmosfera. E o que é mais alarmante nesse sentido é o aumento da
concentração de gases que causam o “efeito estufa”, ou seja, retem o calor.
A emissão desses gases
disparou por conta de atividades humanas desde o início da era industrial e
esse é o principal motivo identificado pelos cientistas para as mudanças
climáticas que vivemos hoje.
O principal gás do efeito
estufa é CO2. Parte dele é absorvida por florestas e mares, mas
quase metade fica no ar e demora muitos anos para se dissipar.
A última vez que a Terra
registou uma concentração comparável de CO2 foi há 3 a 5 milhões de anos,
quando a temperatura era 2 a 3°C mais quente e o nível do mar era 10 a 20
metros mais alto do que é agora.
Naquela época havia apenas a emissão de CO2 por processos naturais. Hoje, a emissão de CO2 gerada pelos seres humanos, embora seja menor do que aquela resultante dos processos naturais, causa um excesso que não tem como ser absorvido, gerando um desequilíbrio fatal.
Dados de instituições de referência
A Organização Meteorológica
Mundial usa conjuntos de dados provenientes de várias instituições de
referência e centros de investigação internacionais, incluindo os dados de
temperatura global de seis instituições que são referência em monitoramento do
clima.
A primeira delas é
Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos, NASA. Essa
agência tem pelo menos 42 satélites e instrumentos espaciais dedicados a
medições ligadas ao clima na Terra.
A segunda organização de referência
é a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, Noaa, que
possui ou opera 17 satélites 1322 boias marinhas, 15 navios e 9 aeronaves para
monitorar o clima.
Além disso, a agência
organiza uma base de dados com registros de mais de 100 mil estações
meteorológicas de 180 países e territórios.
A terceira fonte de dados é o Met Office, o serviço meteorológico nacional do Reino Unido, fundado em 1854. O centro inglês é uma referência devido a sua capacidade tecnológica baseada no uso de supercomputadores para realizar previsões meteorológicas e projeções de alterações climáticas.
ONU Costa Rica/Danilo Mora
OMM para a América do Norte,
América Central e Caribe
A quarta é o Centro Europeu
de Previsão do Tempo, Ecmwf, que opera um dos modelos previsão do tempo com
melhor performance a nível global e o modelo de reanálise ERA5, que integra
variáveis da atmosfera, do solo e do oceano, com elevada resolução espacial e
temporal.
A quinta fonte da OMM é o
grupo Berkeley Earth, uma organização científica independente, especializada em
ciência de dados, que estuda tendências, faz análises estatísticas e simulações
com informações de estações meteorológicas espalhadas ao redor do mundo.
A sexta fonte é a Agência Meteorológica do Japão, JMA, que desenvolveu o modelo de reanálise de terceira geração, JRA55, que foi o primeiro deste tipo a disponibilizar informação desde final da década de 50 do século XX.
Consenso científico
Além disso, a meteorologia é
uma das disciplinas onde existe uma cooperação internacional longa e
bem-sucedida. Os sistemas de observação, incluindo as estações ao redor do
mundo têm que seguir e operar de acordo com especificações rigorosas para gerar
dados uniformizados, confiáveis e robustos.
O Sistema global de
observação da OMM conta atualmente com mais de 11 mil estações em terra, cerca
de 4 mil a bordo de navios, mais de 1,2 mil boias na superfície do mar,
enviando em tempo real os dados de observação, para além de diversos satélites,
aviões, radares e detectores de descargas elétricas atmosféricas, entre outros.
Todo esse compartilhamento da informação que vem dessas estações e meios de observação alimenta as bases de dados e modelos climáticos que são usados em estudos rigorosos sobre as causas do atual aquecimento do planeta.
É por isso que, segundo a NASA, 97% dos cientistas de clima que estão ativamente desenvolvendo e publicando estudos concordam que os seres humanos estão causando o aquecimento global e as mudanças climáticas. (ecodebate)
sábado, 23 de março de 2024
Decrescimento da população da China com crescimento da renda per capita
A China era, até
recentemente, a nação mais populosa do mundo, mas foi ultrapassada pela Índia
em 2023. A população chinesa iniciou um processo de decrescimento do número de
habitantes a partir de 2022 e deve continuar o processo de decrescimento ao
longo do século XXI.
A China tinha 544 milhões de
habitantes em 1950, chegou a 1 bilhão em 1982, alcançou o pico de 1,426 bilhão
de habitantes em 2021, iniciou a fase de decrescimento em 2022, deve voltar
para 1 bilhão de habitantes em 2077 e terminar o século com 767 milhões de
habitantes em 2100, segundo projeções da Divisão de População da ONU.
É comum a imprensa
internacional interpretar estes dados como se representassem o início de uma
grande crise demográfica que comprometerá o futuro da China. Vejamos alguns
exemplos:
• O jornal New York Times “A
População da China Cai, anunciando uma Crise Demográfica”, o jornal afirma que
haverá escassez de mão de obra e défices no sistema de pensões e que “o país
está sendo empurrado para uma crise demográfica que terá consequências não
apenas para a China e a sua economia, mas para o mundo”.
• The Daily Telegraph ‘Golpe
para a economia da China à medida que a população cai’.
• O Washington Post “O
primeiro declínio populacional da China em 60 anos soa um alarme demográfico”,
com um renomado estudioso dizendo que “a falta de uma rede de seguridade social
ou sistema de pensões robusto poderia “evoluir para uma catástrofe humanitária”.
• The Guardian: A primeira
queda populacional da China desde 1961 cria perspectivas ‘mais sombrias’ para o
país com um pesquisador dizendo que “a verdadeira crise demográfica da China
está além da imaginação” e que “todas as políticas econômicas, sociais, de
defesa e externas do passado da China foram baseadas em dados demográficos
falhos”.
O gráfico abaixo apresenta um
exercício da evolução da população, do PIB e da renda per capita da China entre
2025 e 2100. As curvas representam o crescimento (ou decrescimento) acumulado,
com índice 100 em 2025. Os dados da população são das projeções da Divisão de
População da ONU e mostram uma redução quase pela metade no volume de
habitantes. A projeção do PIB foi feita com os seguintes pressupostos:
crescimento de 4% ao ano de 2026 a 2030, crescimento de 3% entre 2031 e 2040,
crescimento de 2% ao ano entre 2041 e 2050, crescimento de 1% ao ano entre 2051
e 2060, crescimento zero de 2061 a 2070 e decrescimento de 0,3% ao ano de 2071
a 2100.
Resultado: o índice da população passa de 100 em 2025 para 53,8 em 2100. O índice do PIB passa de 100, em 2025, para 201,2 em 2100. E o índice da renda per capita passa de 100 para 373,8 em 2100. Isto quer dizer que, enquanto a população diminui, o PIB dobra de tamanho entre 2025 e 2100 e a renda per capita se multiplica por 3,7 vezes. Desta forma, a renda per capita da China (em poder de paridade de compra) que deve estar em torno de US$ 20 mil em 2025, pode dar um salto para US$ 75 mil em 2100.
Não há dúvidas de que toda dinâmica demográfica traz desafios e oportunidades. O decrescimento populacional traz desafios, especialmente no que diz respeito ao envelhecimento populacional e à redução do tamanho da população em idade ativa. Mas estes dois fatores podem ser superados pelo 2º bônus demográfico (bônus da produtividade) e pelo 3º bônus demográfico (bônus da longevidade).
A China é um bom caso de
estudo, pois é um país que saiu da pobreza, se tornou um país de renda média e
caminha para entrar no clube dos países ricos. O desafio é enriquecer antes de
envelhecer e cuidar do meio ambiente. O exemplo apresentado no gráfico acima, mostra
que a população da China já está decrescendo e o ritmo de crescimento do PIB
está diminuindo e a economia pode decrescer após 2070. Mas se o decrescimento
do PIB for menor do que o decrescimento demográfico, o país pode continuar
tendo aumento da renda per capita, da prosperidade e do bem-estar social.
A China terá menor quantidade
de pessoas, mas poderá ter uma maior e melhor qualidade de vida humana e
ambiental. O “Império do Meio” será demograficamente menor, mas com um padrão
de vida qualitativamente melhor.
O mundo será um lugar melhor para se habitar se a China combinar a dinâmica econômica e demográfica com a redução da pegada ecológica e a restauração ecológica.
Vários países já estão planejando o decrescimento demoeconômico, como Taiwan, Coreia do Sul, Bulgária, Jamaica, etc., mas, evidentemente, o decrescimento demoeconômico do gigante asiático, devido ao tamanho da economia, terá um impacto muito mais positivo sobre o meio ambiente. (ecodebate)
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